A Piracanjuba, principal marca dos Laticínios Bela Vista, de Goiás, quer se consolidar entre os três maiores players de lácteos do Brasil. O plano passa pela reestruturação na gestão da empresa. Luiz Cláudio Lorenzo assumiu a presidência em janeiro com a meta de dobrá-la de tamanho. Para isso, a marca pretende ser protagonista na consolidação do setor, que o executivo considera fragmentado.
“Hoje nenhuma empresa tem muito mais que 10% do leite processado no País. As margens são baixas, o que exige muita eficiência”, diz. Para avançar, a Piracanjuba estuda fusões e aquisições. A fabricante detém 7% do mercado, com capacidade de processar 6 milhões de litros de leite por dia. Em 2023, o Laticínios Bela Vista obteve receita líquida de R$ 8,5 bilhões.
Investimento estratégico para expansão
A meta da Piracanjuba é crescer 10% em receita neste ano, acima dos 8% de 2023. Lorenzo avalia o desempenho como “bom” diante dos preços mais baixos do leite. Uma fábrica de queijos está sendo construída em São Jorge d’Oeste (PR), com aporte de R$ 80 milhões, e deve operar em 2025.
Diversificação ajuda no ganho de mercado
Para crescer, a Piracanjuba vai ampliar o portfólio. A ideia é oferecer produtos mais saudáveis – com alto teor de proteína – e mais itens ligados à alimentação infantil. Também voltará a apostar no marketing. A reestruturação da empresa incluiu a abertura de uma diretoria voltada para a área.
Menos mal
Repetir o ano é a meta da Lar Cooperativa Agroindustrial, de Medianeira (PR), para resultados em 2024. Com os preços mais baixos dos grãos e das carnes, a Lar prevê alcançar o faturamento de R$ 22 bilhões, ante R$ 21,8 bilhões obtidos em 2023, quando cresceu 3,5%. Irineo Rodrigues, diretor presidente, diz que o cenário é desafiador. Neste ano, a cooperativa investirá R$ 514 milhões em suas operações, incluindo uma nova unidade de recebimento de grãos em Mato Grosso do Sul.
Agricultura digital
A Bayer encerrou 2023 com mais de 28 milhões de hectares monitorados pela plataforma Climate FieldView no Brasil, 11% mais que no ano anterior. Alexandre Pimenta, líder da plataforma na América Latina, diz que o sistema cobre quase 40% da área de soja, milho e algodão do País. O Brasil é o segundo maior mercado da plataforma, atrás apenas dos Estados Unidos.
Conexão
O sistema converte dados de campo coletados por máquinas de diferentes marcas e gera um histórico de safra com relatórios e prescrições de recomendações técnicas. A partir de 2024/25, uma versão para usuários do sistema Android estará disponível – hoje é restrita ao IOS, da Apple. Em 2022, a Bayer investiu 2,8 bilhões de euros em pesquisa e desenvolvimento no mundo. Os dados de 2023 serão conhecidos em março.
Abre-alas
A Mills, de locação de máquinas e equipamentos, vê potencial para aumentar em dois anos sua participação no agronegócio, de 10% para 15% do faturamento. Eduardo Lema, diretor de máquinas pesadas, diz que a aposta é em motoniveladoras para preparação de solo e de estradas, e também em equipamentos usados no pós-colheita, como retroescavadeiras e caminhões para transporte de cana-de-açúcar e de grãos. O projeto agro da Mills começou em 2022, quando a empresa adquiriu a Triengel, também do setor de locação de equipamentos.
Capilariza
As soluções da Mills para o agro estão concentradas hoje em São Paulo, mas a empresa estuda operações também em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Tocantins e Bahia, onde já atende a outros segmentos. São 59 filiais em todo Brasil, com a maior parte da receita líquida vinda da indústria de construção. No terceiro trimestre de 2023, a companhia teve faturamento bruto de R$ 396 milhões, 22,1% acima do mesmo período de 2022.
Giro
Setor cafeeiro é o primeiro a atender regras europeias
A cadeia produtiva do café é o segmento agropecuário brasileiro mais adaptado à nova lei ambiental da União Europeia, que exige desmatamento zero para os produtos importados pelo bloco. A constatação foi feita pelo Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS). Já a pecuária apresenta o maior desafio para a adesão, segundo o indicador.
Vem aí
Ampliação do mercado egípcio no radar da indústria
O governo espera que a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Egito nesta semana resulte em novas oportunidades para os exportadores de carnes. A expectativa é de que o país africano aceite um acordo que prevê que o Brasil avalize os frigoríficos a serem habilitados a vender aos egípcios./ LEANDRO SILVEIRA, ISADORA DUARTE, VINICIUS GALERA, AUDRYN KAROLYNE e CÉLIA FROUFE
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