EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Notícias do mundo do agronegócio

Venda de máquinas cresce sem linhas subsidiadas 

Na Câmara de Máquinas Agrícolas da Abimaq, as vendas das associadas cresceram 55% no primeiro bimestre, ante igual intervalo de 2020

PUBLICIDADE

Publicidade
Por Coluna do Broadcast Agro

O mercado de máquinas agrícolas está super aquecido neste início de ano, apesar da escassez, desde novembro, de recursos de linhas de crédito do BNDES com taxas controladas. O presidente da AGCO América do Sul, Luís Felli, calcula que até março o setor tenha vendido 20% mais tratores e 70% mais colheitadeiras. Já o diretor de Marketing da John Deere para América Latina, Cristiano Correia, fala em aumento de 35% a 40% nos negócios de toda a indústria, acima da projeção do diretor de Mercado Brasil da New Holland Agriculture, Eduardo Kerbauy, de 10%. 

Máquinas agrícolas Foto: Dirceu Portugal/FotoArena

PUBLICIDADE

Na Câmara de Máquinas Agrícolas da Abimaq, as vendas das associadas cresceram 55% no primeiro bimestre, ante igual intervalo de 2020. A colheita recorde de grãos na safra 2020/21, o otimismo com 2021/22 e a boa remuneração de produtores mantêm o ritmo das negociações “aceleradíssimo”, diz Correia. “O agricultor sabe que aumento de produtividade e redução de custo vêm de novas tecnologias”, afirma. 

Desmame

Sem as linhas com taxas controladas do BNDES, produtores recorreram ao crédito com juros de mercado. O montante liberado no programa BNDES Crédito Rural, que opera com taxas não equalizadas, subiu 125% entre dezembro e abril, saindo de R$ 1,101 bilhão para R$ 2,476 bilhões. Crédito direto ao consumidor de bancos de montadoras e privados, linhas em dólar ou euro e recursos próprios foram outras alternativas.

Mistério

Publicidade

No aguardo do Plano Safra 2021/22, o setor acredita que o Moderfrota, linha para máquinas com taxas controladas, poderá ter mais do que os R$ 8 bilhões de 2020/21. Para Pedro Estevão Bastos, da Abimaq, o ideal seriam R$ 20 bilhões, metade do mercado, de cerca de R$ 45 bilhões. Felli, da AGCO, crê em aumento porque o agro é “o único” setor que hoje investe “massivamente”. Se o governo mantiver o montante, os executivos são taxativos: os recursos acabarão mais cedo do que em 2020.

Dominó

Todos chamam a atenção para o desafio de continuar produzindo em ritmo acelerado, com atraso na entrega de peças e esquema de trabalho nas fábricas adaptado à realidade da pandemia, com distanciamento social. Isso faz com que o prazo médio de entrega de máquinas suba. Houve, ainda, aumento dos custos com aço, plástico, mão de obra e câmbio, parcialmente repassado a produtores e absorvido pelas empresas.

Plano B

O marketplace MF Rural vem se beneficiando desse cenário. Roberto Fabrizzi Lucas, CEO do grupo, observou um aumento de quase 60% no número de vendas de máquinas agrícolas usadas no primeiro trimestre. Não só pequenos e médios produtores têm buscado os produtos, mas também os grandes. “Quem precisa comprar com urgência está vindo atrás do usado”, explica.

Publicidade

Mais perto

A BRF deve lançar até o fim do ano mais de 300 lojas Store in Store dentro de redes varejistas. Os espaços se somarão a 160 inaugurados desde 2020. “Buscamos acesso direto ao consumidor”, conta Manoel Martins, diretor comercial do Mercado Brasil da BRF. O conceito expande para o modelo físico as vendas que já ocorrem no site Mercato em Casa, e reforça a estratégia de focar em produtos com alto valor agregado.

Alimenta

A Agrocria, empresa de nutrição animal e sementes, está finalizando investimento de R$ 4,5 milhões nas fábricas de Anápolis (GO) e Cuiabá (MT). A expectativa é aumentar a produção entre 15% e 20%, com o uso de novos equipamentos e a construção de estruturas de armazenagem de grãos. A empresa, que fechou 2020 com faturamento de R$ 130 milhões, prevê crescer ao menos 15% este ano. 

Alerta

Publicidade

O descompasso entre o aumento da despesa com commodities agrícolas e o reajuste limitado dos preços dos alimentos acende o sinal vermelho para as agroindústrias, diz a consultoria de empresas Alvarez&Marsal. O principal alerta, diz Marcos Haaland, diretor da consultoria especializado em agronegócio, é o descasamento entre a alta do preço de alimentos no varejo e do custo da agroindústria. Enquanto no primeiro caso o avanço foi de 15% em um ano, no segundo avançou mais de 50%. “Vemos com preocupação especialmente frigoríficos focados no mercado interno que não conseguem repassar o aumento dos custos ao produto final no nível ideal.”

Sob risco

O primeiro impacto já observado pelas agroindústrias é a redução dos lucros, diz a consultoria. Em um segundo momento, esse cenário adverso pode levar empresas de alimentos a reestruturar a operação por meio de renegociação de dívidas, recuperação judicial, fusões e aquisições e até fechamento de unidades. “Esse movimento tende a se intensificar no segundo semestre”, diz.

Da horta ao pomar

No Ano Internacional das Frutas e Vegetais, a Produce Marketing Association (PMA) vai apresentar, em evento online, programas inovadores do Chile, dos Estados Unidos e do México que melhoram o acesso a alimentos frescos, reduzem o desperdício e aumentam o consumo, conta à coluna Júnior Lucato, presidente do Conselho da PMA Brasil. A associação, que representa no mundo o setor de flores, frutas, legumes e verduras (FFLVs), promove dia 19 o workshop global “Desafio PMA – Construindo um mundo mais saudável”.

Publicidade

Sem embrulho

No Brasil, a pandemia não comprometeu o consumo de FLVs, diz Lucato. “Neste primeiro trimestre não vimos uma euforia como ocorreu em 2020, mas seguimos num patamar estável”, diz. Mais do que o aumento do consumo em ano de crise econômica, porém, o desafio do setor hoje é o preço das embalagens, que representa 10% do custo de produção de FLV. “Subiu 32% neste ano e é difícil repassar a alta para o varejo”, afirma. / CLARICE COUTO, ISADORA DUARTE, JULLIANA MARTINS e TÂNIA RABELLO

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.