Depois de anunciar a venda de cinco usinas solares para a Engie, em uma operação de cerca de R$ 3,2 bilhões, a Atlas Renewable Energy sinaliza foco em novas oportunidades de crescimento. A empresa, atualmente controlada pela Global Infrastructure Partners (GIP), possui 1,3 gigawatt (GW) em projetos atualmente em construção, previstos para começar a operar em 2024, e avança nas negociações visando viabilizar um novo projeto solar de 800 megawatts (MW). Adicionalmente, possui uma carteira de 15 GW a desenvolver, sobretudo de capacidade solar e eólica.
“Essa operação [com a Engie] foi uma oportunidade que o nosso acionista teve, com alguns ativos que já são operacionais, de obter liquidez, e isso facilita que o acionista continue seu plano de negócios já aprovado para Brasil”, disse o diretor da Atlas Renewable Energy no Brasil, Fábio Bortoluzo, em entrevista ao Broadcast Energia.
Ele descartou a possibilidade de a empresa seguir realizando desinvestimentos neste momento. Após a conclusão da venda para a Engie, a empresa seguirá com mais dois projetos em operação, além dos ativos já em construção, somando 1,8 GW de capacidade instalada. Segundo o executivo, o País continuará a ser um dos principais mercados da Atlas. “Essa operação permitiu testar e confirmar o interesse do capital em projetos de renováveis e mostra para o acionista o caminho promissor para investimento em infraestrutura e energia no Brasil”.
Os 1,3 GW de empreendimentos atualmente em construção pela Atlas atenderão a produtora de alumínio Albras, por meio de contratos de longo prazo acertados em dólares, uma modalidade pela qual a Atlas é atualmente conhecida. Um dos projetos está em fase mais adiantada de obras e deve ser conectado entre o fim de 2023 e o primeiro trimestre de 2024. Um segundo projeto está em fase mais preliminar e deve entrar em operação até o fim do ano que vem. Juntos, somam mais de R$ 5 bilhões em investimentos.
Adicionalmente, Bortoluzo comentou que a empresa está em tratativas comerciais avançadas para viabilizar mais um projeto solar no norte de Minas Gerais. Detalhes das negociações, como o modelo de contratação e a moeda (se dólares ou reais) ainda não foram fechados. A intenção da Atlas é iniciar as obras dos 800 MW do projeto no ano que vem, o que deve exigir investimentos adicionais da ordem de R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões.
A viabilização de novos empreendimentos de geração elétrica tem sido um desafio para os empreendedores num momento em que os preços da energia de curto prazo estão em níveis historicamente abaixo, um cenário que tem contaminado os preços de contratos para os próximos anos. “Os preços de curtíssimo prazo estão mais baixos do que a média tradicional do mercado brasileiro, mas há uma visão de longo prazo oportunista, tanto nossa quanto do cliente, de travar seu custo de energia de longo prazo”, disse Bortoluzo.
Conclusão da transação ainda depende da aprovação pelo Cade
Na manhã da segunda-feira, a Engie anunciou ao mercado a compra de cinco usinas solares da Atlas - Juazeiro, São Pedro, Sol do Futuro, Sertão Solar e Lar do Sol - que somam 545 MW de capacidade instalada combinada, em uma operação avaliada em R$ 3,24 bilhões incluindo dívidas. Os ativos, que estão localizados nos estados da Bahia, Ceará e Minas Gerais, entraram em operação entre novembro de 2018 e março de 2023 e possuem a energia comercializada ou junto ao mercado regulado (por meio de leilões de reserva e de energia nova) ou no mercado livre.
A conclusão da transação ainda depende da aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), além de credores e acionistas minoritários, e é esperada para os próximos meses.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 30/10/23, às 17h20.
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