Exploração na Margem Equatorial é retrocesso energético; leia artigo

Se a Petrobras tem reservas até 2035, além do pré-sal, investir na Margem Equatorial é jogar dinheiro fora

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Por Délcio Rodrigues
Atualização:

A diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, publicou neste jornal um artigo sobre o petróleo na Margem Equatorial com equívocos que confundem um debate que deveria ser técnico. Nele, repete antigos argumentos como se fossem uma visão de futuro.

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Os erros já começam no título do artigo (Exploração da Margem Equatorial pode levar Petrobras à transição energética justa). Produzir mais combustíveis fósseis não é parte da transição energética, pelo contrário. A crise climática é consequência da queima desses combustíveis.

Costa diz que o Ibama “negou licença para a Petrobras pesquisar petróleo na Margem Equatorial”. Mais um erro. O órgão não deu licença para uma perfuração na bacia da foz do Amazonas, uma das que formam a região. E somente isso. A Petrobras já teve licenças do órgão para perfurar na Margem Equatorial. É o caso de Pitu, na costa do Rio Grande do Norte.

O indeferimento teve como base informações da própria petroleira, como a demora de 43 horas para a chegada de socorro em caso de vazamento, enquanto em apenas 10 horas o petróleo vazado chegaria à Guiana Francesa.

A defesa da exploração da região esgrime as descobertas na Guiana. Apesar da similaridade geológica, não há garantia de que haja petróleo tanto aqui como lá. Inventou-se um suposto volume de 30 bilhões de barris sem indícios de sua existência. A esta fantasia deram o nome de “novo pré-sal”. Só que este tem mais de 100 bilhões de barris comprovados. E ainda há muito dele a ser extraído.

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Costa admite que as restrições aos combustíveis fósseis são crescentes e que a tendência é de preços em queda. Então qual é a justificativa? A Agência Internacional de Energia projeta o pico da demanda por petróleo para 2028, quando ela começaria a cair. Se a Petrobras tem reservas até 2035, além do que ainda está explorando no pré-sal, investir na Margem Equatorial é jogar dinheiro fora, já que o início da produção acontece em média seis anos depois da exploração.

Demanda do petróleo deve ter pico em 2028 e a partir daí começar a cair, com quedas no preço Foto: Fabio Motta / Estadão

Na defesa do indefensável, Costa também se aventura na intensidade das emissões da produção de petróleo na Margem Equatorial, que diz ser “30% menor” que a média mundial. Mas se na foz não há produção, não se pode ter esse dado.

É urgente que a Petrobras forneça a energia do século 21. Mas o principal para isso não foi dito: quando e quanto a companhia investirá em energia renovável? Quando substituirá as fósseis por renováveis? Quando assumirá um novo papel estratégico?

Certamente não será abrindo novas frentes de exploração que a Petrobras virará esta página. As necessidades do planeta são a maior prova disso. / DÉLCIO RODRIGUES É DIRETOR EXECUTIVO DO INSTITUTO CLIMAINFO

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