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Com investimentos no exterior, alta renda mira diversificação

Fundos que aplicam em ações estrangeiras se destacam; COE chega ao varejo em fevereiro e é alternativa - veja outras opções

SÃO PAULO - O investidor de alta renda deve aproveitar 2016 para correr risco fora do Brasil. O confuso cenário político e econômico no País dificulta projeções e prejudica o mercado. Boa parte das ações brasileiras amarga queda. Já dentre os fundos que investem em Bolsa, o de aplicações no exterior foi um dos poucos com resultado positivo neste ano: rentabilidade acumulada de 32,9%.

Investir fora do País, entretanto, ainda é restrito à alta renda – mesmo com as novas regras da indústria de fundos, em vigor desde outubro. Produtos como os fundos de investimento no exterior exigem, em média, aporte mínimo de R$ 25 mil, mas são destinados a investidores com pelo menos R$ 1 milhão em aplicações.

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“O brasileiro já era um consumidor global de bens. Agora, também consegue ser um investidor global”, diz Mauro Morelli, superintendente de investimentos do Citi. Isso porque as novas regras dos fundos permitiram maior exposição a ativos estrangeiros, beneficiando o investidor com diversificação. O Citi, por exemplo, lançou quatro novos fundos focados no exterior apenas no último trimestre. Uma das diretrizes do banco é aplicar em ações da Europa e do Japão, beneficiadas pelos programas de incentivo à economia realizados pelos respectivos bancos centrais. 

O Citi tem uma preferência por fundos que fazem hedge, ou seja, operam no mercado futuro para proteger a aplicação do sobe e desce do câmbio. “O retorno vem especificamente do ativo internacional. Com isso, exercemos de fato a diversificação. Corremos o risco de outro País sem poluir o retorno com a volatilidade do dólar no Brasil”, explica Morelli.

Mas as estratégias para aplicar fora do País variam de acordo com o gestor. Na Rio Bravo, há fundos com foco no exterior que não fazem hedge. “Lançamos um fundo com uma gestora inglesa de renda variável na Europa. Com isso, capturamos o embasamento macroeconômico europeu, fazemos uma gestão ativa para ter um ganho excedente e investimos em euro. Não fazemos o hedge”, conta Eduardo Levy, gestor da Rio Bravo.

Investimentos. O movimento do câmbio, porém, é sempre uma incógnita. Enquanto alguns gestores ainda esperam muita volatilidade para o dólar em 2016, outros acreditam que a oscilação será menor, apesar de o Federal Reserve (o Fed, banco central dos Estados Unidos) ter iniciado em dezembro um ciclo de alta do juro básico, que estava zerado desde a crise financeira. “O dólar pode se fortalecer ainda mais e enfraquecer o real. No curto prazo, os títulos de crédito privado fora do País podem sofrer com a volatilidade”, diz Ernesto Leme, diretor comercial da Claritas Investimentos. 

COEs. Além dos fundos, outra forma de investir parte do capital fora do País é por meio do Certificado de Operações Estruturadas (COE). 

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Hoje distribuídos de maneira privada, somente a clientes de alta renda dos bancos, eles devem ganhar mercado em 2016. A instrução 569, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), regulamentou a oferta pública do COE. Tão aguardada em 2015 (entraria em vigor em 14 de dezembro), foi adiada para 26 de fevereiro, para adaptação do mercado, informou a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Alguns gestores ainda esperam muita volatilidade para o dólar em 2016, enquanto outros acreditam que a oscilação será menor Foto: Soe Zeya Tun/Reuters

Com essa oferta pública, os COEs poderão ser distribuídos por corretoras e finalmente chegarão ao varejo. O produto mistura renda fixa e variável, e persegue a rentabilidade de ativos ou índices, entre eles câmbio e ações (nacionais ou estrangeiras). 

Eduardo Alhadeff, executivo do JPMorgan Asset Management, destaca que é sempre necessário avaliar o prazo. “O investidor de curto prazo deve manter posições mais conservadoras dentro do País, como CDI. Já para médio e longo prazos, há um cenário convidativo lá fora”.

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