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Com Rafale, França pode se tornar 2ª maior em comércio de armas

Após o fracasso nas negociações com o Brasil, franceses firmam contrato para venda de 24 aviões ao Catar

Por ANDREI NETTO
Atualização:
Preço dos caças Dassalt Rafale é considerado alto Foto: Regis Duvignau/Reuters

PARIS - Preterido pelo governo do Brasil, que escolheu aviões Gripen NG, da sueca Saab, os caças Dassault Rafale se tornaram o principal produto de exportação militar da França e devem levar o país à segunda posição mundial em comércio de armas do mundo neste ano, à frente da Rússia e atrás apenas dos EUA. Após o fracasso das negociações com Brasília, o presidente François Hollande assinou ontem, em Doha, um contrato de venda de 24 aviões ao Catar por um total de € 6,3 bilhões.

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O acordo prevê a entrega das aeronaves a partir de meados de 2018, além da venda de mísseis ar-ar Meteor e mísseis de cruzeiro Scalp, de fabricação francesa. Os pilotos da Força Aérea do Catar também serão treinados em solo francês, e todos os equipamentos serão produzidos na França, sem transferência de tecnologia. Como o Brasil, o Catar também já possuía aparelhos do país, com 12 aviões de caça Mirage 2000 ainda em atividade, uma esquadrilha que agora será integrada pelos Rafale.

O acordo foi assinado com a presença do presidente da França, François Hollande, e do emir do Catar, Tamim Al-Thani, um sinal da proximidade dos dois países. O Catar é hoje um dos maiores investidores externos na França. Fundos do país são donos de hotéis de luxo (como o Carlton, de Cannes) a clubes de futebol, como o Paris Saint-Germain (PSG). "A França é vista como um país confiável", disse Hollande, elogiando a própria política externa.

A comemoração tem a ver com o papel desempenhado pelo Estado francês e com a importância da diplomacia nas negociações. A França é aliada dos países árabes de maioria sunita do Golfo Pérsico, como Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, e também do Norte da África, como o Egito. Nos bastidores, está a desconfiança mútua, de árabes sunitas e da França, de um lado, em relação ao Irã, país de maioria xiita.

A proximidade com os árabes sunitas, porém, não é suficiente para explicar o recente sucesso de vendas dos Rafale, um caça que entrou em serviço em 2004 e desde então é reputado por sua eficiência e preço elevado. Até aqui, além da negociação com o Brasil, outros países, como Suíça e Marrocos, decidiram abortar projetos de compra da aeronave em parte pelo custo elevado cobrado pela Dassault.

Mas nos últimos três meses, três países optaram pelo aparelho fabricado em Mérignac, cidade-sede da companhia. Em fevereiro, o governo do Egito encomendou 24 aeronaves por € 5,2 bilhões - incluindo uma fragata Fremm, do grupo naval DCNS, e seus armamentos. Em abril, foi a vez da Índia firmar acordo de 5 bilhões por 36 aviões.

Agora é a vez do Catar, que ainda tem opção de compra de mais 12 unidades. Se todas as opções de compra já firmadas forem exercidas, o total de aviões já exportados poderá chegar a 96 unidades do Rafale. Há negociações em curso com a Índia por um segundo contrato, com os Emirados Árabes Unidos e com a Malásia, o que deixa a direção da empresa e o governo otimistas sobre novas exportações.

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Além da Dassault, quem sai ganhando é toda a indústria aeronáutica e bélica do país, em especial as parceiras Thales, fabricante de radares e sistemas de navegação, e Snecma, responsável pelos motores. Com os € 16,5 bilhões em contratos do Rafale, a França deve superar este ano os € 20 bilhões em contratos militares, tornando-se o segundo no ranking mundial de exportações bélicas, atrás dos EUA.

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