Há alguns anos, falar em inteligência artificial (IA) parecia coisa de filme de ficção científica. Nos últimos tempos, porém, essa tecnologia está cada vez mais presente na vida das pessoas. Há dois motivos para isso ocorrer: de um lado, a IA fica mais poderosa com o passar do tempo – afinal de contas, trata-se de uma inovação capaz de aprender com os seus próprios resultados. Do outro, esses sistemas também estão cada vez mais acessíveis, não demandando conhecimento técnico. É o caso, por exemplo, do ChatGPT, capaz de criar ou traduzir textos a partir de instruções simples, que podem ser dadas em poucas frases: lançado em 2022 pela startup OpenAI, ele gerou um verdadeiro boom no uso de IA pelo mundo.
“Com o ChatGPT, a inteligência artificial deixou de ser restrita a entendidos e passou a ser para o planeta inteiro. Hoje, ninguém mais precisa saber programar ou estar imerso nesse universo para usar IA: é só acessar um site e sair conversando com a ferramenta”, analisa Edney Souza, professor da ESPM e membro do Board de AI da Samsung Brasil. E, para quem acha que esse avanço é muito, vale o aviso: a próxima fronteira para a tecnologia está na palma da mão ou no bolso de cada pessoa, com a chegada de serviços e ferramentas cada vez mais inteligentes e simples aos smartphones.
São sistemas capazes de, por exemplo, prever o que o usuário precisa ou facilitar tarefas como edição de imagens, tradução de textos ou até transcrição de conversas longas, como reuniões corporativas. “Nos próximos tempos, todo mundo vai ter um celular com inteligência artificial embutida”, projeta Souza. Um primeiro passo já foi dado pela Samsung com o Galaxy AI, sistema que a companhia tem estudado há mais de uma década e já presente em aparelhos premium da marca, como o Galaxy S24.
Décadas de transformação
É bom deixar claro que inteligência artificial não é exatamente algo novo. Segundo Souza, os primeiros sistemas que usaram tal conceito datam dos anos 1940, em meio à Segunda Guerra Mundial: foi graças a uma noção rudimentar da tecnologia que o inglês Alan Turing conseguiu quebrar o código da Enigma, máquina usada pelos alemães para se comunicar secretamente. “Era uma máquina capaz de transformar um tipo de texto em outro de maneira automática, usando um raciocínio similar ao que o ChatGPT faz hoje em dia”, comenta o especialista.
Ao longo das últimas décadas, a tecnologia foi ao mesmo tempo se tornando sofisticada e mais popular, mesmo que muita gente não saiba disso – hoje, apenas um quarto da população brasileira afirma usar alguma ferramenta de IA, como visto em levantamento recente do Grupo Globo. Não é verdade. “A inteligência artificial está presente em tarefas corriqueiras, como o sistema que um aplicativo de transporte usa para calcular rotas, no teclado do celular que prevê a próxima palavra numa frase ou no algoritmo de recomendação de filmes e séries dos streamings. Todos reconhecem padrões e oferecem respostas a partir desses serviços”, explica Edney.
Entre os fatores que fazem diferença na forma como um sistema de inteligência artificial funciona, está o tamanho da base de dados em que ele se baseia. É por isso, por exemplo, que o ChatGPT é muito melhor escrevendo textos do que o teclado preditivo do celular. Enquanto o último tem um universo de milhares de palavras digitadas por um usuário específico para gerar seus resultados, o sistema da OpenAI trabalha com 175 bilhões de parâmetros diferentes para responder a qualquer pergunta ou pedido feito em seu site. “É a diferença entre uma locomotiva a vapor ou um trem-bala”, compara Edney Souza.
Na visão do professor da ESPM, o Galaxy AI, da Samsung, dá um passo adiante nessa capacidade. Aqui, não conta só o fato de o sistema ter sido criado por uma gigante da indústria de celulares, mas também porque ele faz parte do sistema operacional dos smartphones mais recentes da empresa, não precisando o usuário acessar nenhum aplicativo. Mais que isso: para fazer uma tarefa como remover uma pessoa no fundo de uma foto ou receber anotações de uma reunião importante, bastam alguns cliques. “Além de ser mais fácil, é algo que libera as pessoas para terem mais tempo e serem mais produtivas e atenciosas”, diz o especialista. “É um avanço da tecnologia que vai mudar radicalmente os hábitos do nosso dia a dia.”
Para quem quiser ter um gostinho dessa novidade, basta apenas conhecer os novos modelos de smartphones da Samsung – como o recente Samsung Galaxy S24, que já é vendido nas lojas com o Galaxy AI embarcado. Durante o mês de abril, outros aparelhos da marca – como os da série Galaxy S23, lançados ao longo de 2023, e os smartphones dobráveis Z Flip 5 e Z Fold 5 – receberam a atualização do sistema, pioneiro no mercado brasileiro em funcionalidades de inteligência artificial. É o futuro da tecnologia na palma das mãos.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
Notícias em alta | Economia
Veja mais em economia