O analista Kenneth Fisher diz que “time in the market beats timing the market” (“tempo no mercado vence as tentativas de prever os movimentos de mercado”, em tradução livre). Ou seja: uma alocação bem estruturada tende a ser mais eficiente do que tentar acertar o melhor investimento ou o momento certo. Um estudo dos economistas Roger Ibbotson e Paul Kaplan concluiu que mais de 90% dos resultados de um portfólio de longo prazo foram gerados pela alocação, e não por grandes acertos pontuais.
Nesse contexto, um portfólio de sucesso é composto por ativos com retorno real positivo ao longo do tempo e baixa correlação entre si. O maior desafio é o segundo ponto, já que correlação é mutável e imprevisível. Além disso, uma correlação negativa será de pouca utilidade se os ativos não apresentarem retornos reais.
Mas existem pontos de partida relativamente simples. Por exemplo: em mercados emergentes, encontrar ativos com baixa correlação e retorno real positivo é mais difícil. Ativos em economias como a brasileira compartilham riscos macro, políticos e institucionais. Eliminá-los torna-se praticamente impossível via adição de mais ativos domésticos.
Esse problema é minimizado complementando o portfólio com ativos denominados em moedas fortes, como o dólar. Isso costuma produzir um efeito de diversificação imediato, pois, na maioria dos casos, se move na direção oposta das classes locais, sendo, portanto, sistematicamente descorrelacionado. Talvez ainda mais importante, ativos denominados em dólar conseguem exposição a fatores de risco não encontrados na economia brasileira, como empresas na fronteira tecnológica, competitividade global e crescimento exponencial. Incluir tais características em seu portfólio pode ser uma boa escolha para alcançar um retorno que não seria possível apenas com ativos domésticos, e, de quebra, ainda minimizar a volatilidade.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
Notícias em alta | Economia
Veja mais em economia