O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Helder Queiroz, avalia que a medida obrigando a Transpetro a compartilhar sua infraestrutura de oleodutos com concorrentes em tese é boa, mas, na prática, “énula” diante da urgência que o governo tem de reduzir os preços dos combustíveis.
“É uma medida para o médio e longo prazo, por isso não seria suficiente para atender o que o governo almeja, que é a competição com preços mais baixos rapidamente”, afirma Queiroz. “A efetividade de curto prazo de uma medida como essa é baixíssima ou nula.”
Ele ressalta também que a capacidade ociosa dos dutos não é tão elevada, principalmente com a nova organização logística de vender parte do refino. Segundo ele, pode haver capacidade em faixas de tempo, por exemplo 30% em um dia, em uma semana, mas se considerar um período de um, dois meses dificilmente vai atingir esse nível de capacidade ociosa.
No momento, em sua opinião, não há uma medida efetiva a não ser envolver o Tesouro e aumentar sua dívida, mas isso lá na frente vai gerar mais inflação. “Tudo que está sendo feito vem do improviso e do interesse eleitoreiro e lá na frente acaba trazendo mais problemas do que soluções.”
Queiroz lembra ainda que o traço marcante do petróleo é a flutuação de preço, por isso é importante entender o processo e estar pronto para lidar com ele nos momentos de alta. “O mundo todo passa por uma inflação vinda da energia, é um momento excepcional, mas o Brasil não se estruturou e hoje não sabe o que fazer.”
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