uma potente rede de conexão de dados via 5G é um dos pilares de sistemas eficazes de atendimento médico de urgência já disponíveis em localidades chinesas e europeias. O sistema conecta, em tempo real, feridos graves em ambulâncias com os hospitais para onde eles estão sendo levados. Tudo começa quando os socorristas desembarcam na cena de um acidente. Sensores são colocados na pessoa para monitorar os dados vitais que vão ser enviados ao vivo para o pronto-socorro.
“O diagnóstico do paciente vai sendo feito e todas as informações são enviadas aos hospitais, permitindo direcionar o atendimento de forma muito mais certeira e rápida”, explica Paulo Spaccaquerche, presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (Abinc). “Quando a vítima chega ao hospital, os médicos dispõem de todas as informações e a instituição pode preparar o leito e os medicamentos corretos para que o atendimento seja feito.”
Além de ajudar a salvar a vidas, a conexão inteligente nas cidades também vem ajudando no funcionamento de outras áreas vitais para o bem-estar da população, como a dos resíduos sólidos. Em Estocolmo, na Suécia, existe um sistema embarcado nas lixeiras inteligentes que identifica quando a capacidade de armazenamento chegou ao limite. Quando o sensor dá o aviso, o lixo já depositado no local é enviado automaticamente para um sistema subterrâneo de coleta a vácuo. As centenas de quilômetros de tubos que cortam a cidade, por onde o lixo viaja a 70 km/h, estão ligadas a pontos de reciclagem. Na Península Ibérica, em Barcelona, um sistema semelhante também opera. A eficiência tecnológica, nesses casos, significa uma conta menor para o próprio contribuinte. A Prefeitura, por exemplo, economiza com combustível. E o pulmão de quem vive na cidade também agradece. Com menos caminhões de lixo circulando pelas cidades sem necessidade, os indicadores de poluição atmosférica também melhoram.
As estimativas internacionais indicam que os investimentos globais em tecnologias de “pólos inteligentes” e “corredores inteligentes” nas cidades crescerão de US$ 108 bilhões em 2022 para mais de US$ 132 bilhões em 2030. Os números são da empresa de inteligência tecnológica ABI Research.
Outra tecnologia associada às vias inteligentes está alicerçada em sistemas de internet das coisas acoplados à iluminação pública. Uma das vantagens do dispositivo é que a intensidade da luminosidade desses postes digitais pode ser controlada de forma remota. Além disso, pode-se programar o funcionamento eficiente de todos os pontos de acordo com a necessidade real, o que reduz o uso de energia e os custos de manutenção. Os postes também podem funcionar como verdadeiras pequenas centrais eletrônicas, ao receber células 5G, pontos de acesso Wi-Fi, câmeras de segurança e trânsito, sensores ambientais, entre outros.
Sistemas eficientes, desenhados a partir das redes de iluminação pública, são realidades em cidades como Seul, Nova Dehli, Los Angeles e Shenzhen.
O uso cada vez maior de drones também vem se revelando fundamental nas cidades europeias e norte-americanas. As pequenas aeronaves tornaram-se peças chaves em sistemas digitais voltados para o policiamento urbano, o monitoramento de tráfego, o combate a incêndios e as verificações periódicas da conservação de pontes e viadutos – algo que já vem sendo feito no Japão.
No Paraná, Pato Branco antecipa processos
A rede 5G, pelo cronograma inicial da Anatel, chegaria às torres de telefonia de Pato Branco, no interior do Paraná, apenas em 2028. Mas por meio de uma parceria público-privada, a prefeitura conseguiu antecipar o processo. As ruas da cidade, atualmente, contam com postes onde é possível instalar pequenas antenas para as redes de alta capacidade. Há espaço para até duas operadoras em cada um dos locais. Os sistemas, além de oferecer maior capacidade digital ao município, permitem que toda a iluminação pública seja controlada de maneira inteligente.
“Temos realizado muitos projetos e demonstrações nas áreas de educação, saúde, segurança, mobilidade urbana, eficiência energética e hídrica”, afirma Maria Teresa Lima, diretora-executiva da Embratel para Governo. Também no Paraná, segundo a executiva, a empresa ajudou na montagem de semáforos inteligentes em Ponta Grossa. Os dispositivos já ajudaram a reduzir em 40% o tempo de espera dos carros nos cruzamento da cidade. Além da economia de combustível, a emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera será menor.
Até o setor do turismo pode se beneficiar com o avanço tecnológico, explica Maria Teresa. “Cidades como Rio de Janeiro, Gramado e Mata de São João estão utilizando uma solução de data analytics (Claro Geodata Turismo) com objetivo de conhecer melhor a origem, o perfil sociodemográfico e o comportamento dos visitantes.” Informações que, no futuro, devem ajudar na construção de políticas públicas tanto para os cidadãos, quanto para os quem vem de fora.
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