Conheça a rede catarinense que fatura R$ 11 bi e quer chegar à capital paulista com atacarejo

Grupo Pereira quer dobrar de tamanho até 2027; empresa inaugura nesta quarta-feira lojas com a bandeira Fort Atacadista em Santos (SP) e Viamão (RS)

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Márcia De Chiara
Atualização:

Fundado em 1962 por um casal de agricultores, em Itajaí, litoral de Santa Catarina, o Grupo Pereira — sétima maior rede de supermercados do País — abre um novo atacarejo no litoral de São Paulo e mira a capital paulista para expandir os negócios. A meta no curto prazo, provavelmente em 2024, é estrear na cidade de São Paulo com uma loja nas imediações da Marginal Tietê.

PUBLICIDADE

“Seria super importante para o Grupo estar na principal cidade do País”, afirma Lucas Pereira, diretor de Negócios e neto dos fundadores Ignácio e Hiltrudes Pereira, que começaram vendendo secos e molhados com uma carroça, evoluíram para um caminhão e, posteriormente, para uma loja física de supermercado.

Hoje, a rede tem 111 pontos de venda, sendo que dois deles estão sendo inaugurados nesta quarta-feira, 27: um atacarejo em Santos, no litoral de São Paulo, onde antes funcionava o Makro Atacadista, e outro no Rio Grande do Sul, em Viamão.

Lucas Pereira, diretor de Negócios do Grupo Pereira e neto do fundado, diz que a empresa soube investir no canal certo no momento certo  Foto: Paulo Guimarães/Grupo Pereira

A rede, que faturou R$ 11,2 bilhões no ano passado, é dona das lojas de supermercado Comper (Comercial Pereira), dos atacarejos Fort Atacadista e dos atacados tradicionais Bate Forte. Os atacarejos respondem por 70% da receita atual da companhia. O restante está pulverizado entre o varejo de supermercado, o atacado tradicional, varejo farmacêutico, postos de gasolina, serviços de logística, agência de viagem e crédito oferecido por meio do cartão próprio.

Publicidade

A empresa está presente em seis Estados – Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio Grande do Sul, São Paulo – e o Distrito Federal. A expansão para o Centro-Oeste ocorreu nos anos 1980, por causa das enchentes que afetaram Santa Catarina.

Segundo Pereira, o fundador do Grupo, já falecido, que 20 anos antes tinha percorrido vários Estados vendendo secos e molhados, se encantou com o Centro-Oeste e o potencial da região como supridora de grãos. Com os estragos provocados pelas enchentes, a decisão foi fincar bandeira em Campo Grande (MS) – local onde está a sede atual da empresa -, depois Cuiabá (MT) e no começo da década de 1990, em Brasília.

Casal Ignácio e Hiltrudes Pereira, fundadores do Grupo Pereira, em 1962 em Itajaí (SC), no início vendiam secos e molhados na carroça e depois de caminhão Foto: Acervo Grupo Pereira

Essa expansão ocorreu inicialmente com atacado tradicional, o DNA da empresa. Depois veio o varejo e, a partir de 1999, o atacarejo, hoje o maior negócio do Grupo. “Uma das nossas grandes fortalezas é a multicanalidade e saber investir no canal certo no momento certo”, afirma Pereira.

Ele afirma que a chegada à capital paulista com uma loja de atacarejo depende de encontrar um ponto comercial adequado, o principal desafio do momento.

Publicidade

O executivo observa que a empresa, que tem um atacarejo em Jundiaí (SP) inaugurado no ano passado, já está acostumada com concorrência dos gigantes nacionais do setor e também com os regionais de São Paulo. Além disso, atua no Estado de São Paulo com atacado tradicional.

Loja de atacarejo Fort Atacadista, em Santos (SP), primeira do litoral paulista, que começa a funcionar na quarta-feira, 27, onde era loja do Makro Foto: Gustavo Custódio/Grupo Pereira

Questionado se o modelo de atacarejo estaria próximo do esgotamento por causa da desaceleração da inflação, o executivo admite que a deflação é um desafio para os varejistas. Mas observa que, por ter uma cesta bem variada de produtos, consegue manter o ritmo de crescimento.

Além disso, as lojas de atacarejo da companhia, por estarem voltadas mais ao consumidor final, equipadas com padaria, açougue e uma boa área de frutas, verduras e legumes, são mais resilientes em tempos de concorrência acirrada e inflação em baixa.

Ocupação de mercado

Nos últimos cinco anos, o Grupo dobrou de tamanho e projeta repetir esse desempenho entre 2023 e 2027, inaugurando mais lojas nos Estados onde já está e sem precisar abrir o capital. Neste ano, os investimentos devem somar R$ 660 milhões, parte do recursos aplicados em mais dez lojas.

Publicidade

“Crescemos entre 20% e 25% ao ano e não tivemos nenhum grande de salto”, diz o executivo, argumentando que a perspectiva é continuar nesse ritmo e que os investimentos de 2024 devem superar a marca deste ano.

Questionado se pretende abrir capital para financiar mais rapidamente a expansão, o executivo admite essa possibilidade, mas diz que não é o foco no curto prazo. “Futuramente, quem sabe.”

No entanto, nos últimos dois anos a empresa se preparou para isso.

Hoje é 100% auditada, tem um conselho consultivo nos moldes de conselho de administração e um estatuto social compatível com empresa de capital aberto. Oito membros da família da segunda e terceira geração do fundador atuam na companhia, mas há uma gestão profissional.

Publicidade

No últimos anos, esses grupos regionais ganharam musculatura em sua áreade origem e expandiram territorialmente para outros Estados, com vários formatos de loja, observa o consultor de varejo Eugênio Foganholo, sócio da Mixxer Desenvolvimento Empresarial. “Esses grupos regionais são antenados com o que está acontecendo no mercado.”

O consultor observa que, 20 anos atrás, quem liderava esse processo de expansão eram as gigantes nacionais, como Carrefour, GPA. No entanto, hoje esse processo está sendo puxado pelas regionais. “Elas se profissionalizaram, cresceram e se tornaram mais relevantes não só no mercado, mas também para os fornecedores”, observa.

Entre os expoentes dessa nova tendência, Foganholo aponta o Grupo Mateus, forte no Norte Nordeste, que abriu capital em 2021, a rede Savegnago, líder no interior do Estado de São Paulo, e o Grupo Pereira.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.