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Consumo das famílias e construção impulsionaram o PIB do segundo trimestre; leia análise

Setor de serviços mostrou expansão relevante em meio à normalização das atividades presenciais

Por Ana Paula Vescovi* e Lucas Maynard**

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre confirma forte desempenho da economia brasileira no primeiro semestre do ano, na esteira da consolidação do processo de reabertura após ampla vacinação e normalização da mobilidade. A retomada do mercado de trabalho, as medidas de estímulo fiscal e a resiliência do ciclo de alta na construção civil ajudam a explicar esse bom comportamento. O setor externo teve contribuição negativa na margem, mediante perda de momentum das exportações de commodities e avanço nas importações.

Do lado da oferta, o setor de serviços (o principal empregador e o mais afetado no auge da crise sanitária) mostrou expansão relevante em meio à normalização das atividades presenciais, impulsionando a recuperação do emprego e da renda do trabalho. A indústria também contribuiu positivamente, refletindo o maior consumo de bens industrializados e o avanço na construção civil.

Construção civil foi uma das alavancas do último resultado do PIB Foto: Estadão

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Do lado da demanda, o consumo das famílias seguiu como o grande destaque, uma vez que os efeitos da contração monetária ainda não se fazem presentes. Observamos crescimento no consumo de bens e serviços, refletindo o aumento da renda disponível, da concessão de crédito e do gasto da poupança acumulada durante o auge da pandemia. Os investimentos também se fortaleceram, tanto na construção quanto nos setores relacionados às commodities.

Para os trimestres remanescentes do ano, esperamos que os efeitos defasados de uma política monetária fortemente contracionista comecem a se materializar, ainda que a resiliência do mercado de trabalho e a nova rodada de estímulo fiscal devam mitigar parcialmente o impacto. A normalização das taxas de poupanças concomitante à desaceleração na concessão de crédito deve contribuir para o arrefecimento da demanda no período.

Para 2023, esperamos um esgotamento do crescimento mecânico oriundo da normalização das atividades presenciais, em meio às perspectivas de desaceleração (ou recessão) em países com economias relevantes. Portanto, os efeitos defasados do aperto monetário, local e global, deverão prevalecer, levando a uma perda de ritmo considerável da economia doméstica.

*Diretora de Macroeconomia e economista-chefe do Santander Brasil

**Economista do Santander Brasil

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