As contas do governo central – que reúne Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – ficaram no vermelho em agosto. No mês passado, a diferença entre as receitas e as despesas (descontando o pagamento de juros da dívida) ficou negativa em R$ 49,972 bilhões, registrando então déficit primário. O resultado sucedeu o superávit de R$ 19,309 bilhões em julho.
O saldo foi o segundo pior desempenho para o mês desde o início da série histórica. Em agosto de 2021, o resultado havia sido negativo em R$ 9,861 bilhões. O déficit do mês passado foi maior que as expectativas do mercado financeiro, que esperava um saldo negativo de R$ 48,20 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast/Estadão junto a 20 instituições financeiras.
No acumulado dos primeiros oito meses do ano, o governo central registrou superávit de R$ 22,151 bilhões, o melhor resultado desde 1998. Em igual período do ano passado, esse mesmo resultado era negativo em R$ 82,158 bilhões.
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Em agosto, as receitas tiveram alta real de 9,3% em relação a igual mês do ano passado. No acumulado do ano, houve alta de 14,4%. Já as despesas subiram 36,4% no mês passado, já descontada a inflação. No acumulado de 2022, a variação foi positiva em 2,6%.Em 12 meses até agosto, o governo apresenta um superávit de R$ 74,1 bilhões – equivalente a 0,88% do PIB.
A meta fiscal para este ano admite um déficit de até R$ 170,5 bilhões, mas a equipe econômica espera fechar o ano com as contas no azul em R$ 13,5 bilhões, conforme projeção divulgada no último Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas.
Aumento de despesas
O aumento nas despesas em agosto pode ser explicado pelo pagamento de R$ 25,3 bilhões de precatórios – dívidas judiciais da União. Houve também um acréscimo de R$ 7,5 bilhões no pagamento de benefícios do programa Auxílio Brasil, que teve seu valor aumentado no período eleitoral pelo governo na tentativa de aumentar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.
Outro fator destacado pelo Tesouro Nacional foi o acordo da União com o município de São Paulo pela posse do Campo de Marte, que resultou em uma despesa adicional de R$ 23,9 bilhões.
“Cabe ressaltar que excetuando-se a operação do Campo de Marte, o resultado primário do governo central acumulado no ano seria de R$ 46,1 bilhões, significando uma melhora de resultado de R$ 128,2 bilhões frente ao mesmo período de 2021″, ponderou o Tesouro Nacional.
Superávit em 2022
O secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, afirmou que a expectativa é de que o superávit primário em 2022 esteja mais próximo de R$ 40 bilhões do que dos R$ 13,5 bilhões estimados no último Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas.
“Esperamos o resultado mais estável nos últimos meses do ano. Estamos mais otimistas em relação ao primário anunciado no relatório bimestral. O resultado primário de 2022 deve ser levado para a casa de R$ 40 bilhões”, disse.
Segundo Valle, o resultado das receitas tem surpreendido mensalmente. Ele ainda declarou, o recebimento de dividendos da Petrobras no terceiro trimestre, que ainda não está incluído nas contas do governo, deve aumentar a expectativa de superávit da equipe econômica.
“Também estamos incluindo nas projeções de superávit a expectativa de empoçamento e bloqueio de despesas. E é razoável esperar dividendos do terceiro bimestre da Petrobras que não estavam no relatório bimestral”, disse.