O economista sênior do Dresdner Kleinwort Wasserstein, Nuno Camara, está revisando sua aposta de que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzirá a taxa básica de juros, a Selic (atualmente em 14,75% ao ano) em 0,25 ponto porcentual neste mês. "Neste momento, atribuímos uma maior possibilidade de que o corte será de 5 ponto porcentual, mas vamos aguardar mais um pouco para firmar essa previsão", disse Camara à Agência Estado. Segundo ele, o fortalecimento do real, a inflação baixa e os recentes dados que mostram uma retomada de investimentos justificam essa decisão. "Apesar do impacto dos vários cortes na Selic não ter sido completamente transmitido na economia, uma série de fatores positivos, inclusive o comportamento da inflação, sinalizam que o BC poderá ter mais espaço para cortar a Selic neste mês", disse. Camara acredita que o processo eleitoral não terá um impacto relevante sobre o câmbio. "Já prevíamos que o real fecharia o ano cotado em torno dos R$ 2,10 por dólar, mas que nesses meses antes da eleição a moeda poderia perder algum terreno", disse. "Mas não é isso que está acontecendo, o real está se fortalecendo agora." Varejo O analista disse que a desaceleração das vendas do varejo em junho não preocupa. Segundo o Camara, o resultado divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ficou abaixo do previsto pelos mercados, acompanhou a tendência de outros indicadores de atividade referentes a junho, que parecem ter sido afetados pelo efeito "Copa do Mundo", entre outros fatores "Os indicadores de atividade de julho deverão ter uma performance melhor do que a esperada", disse. "Portanto, e como o BC olha para o futuro, esse número sozinho não deve ser usado para alterar as apostas na reunião do Copom deste mês.
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