Ibovespa emenda 5ª perda seguida, no menor nível desde agosto; dólar encerra em alta, a R$ 5,29

Índice encerrou em baixa de 0,25%, aos 102,6 mil pontos; moeda americana tem alta de 0,7%

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O Ibovespa encerrou esta quarta-feira, 15, com baixa de 0,25%, aos 102.675,45 pontos, mais próximo à máxima, de 103.048,28 (+0,11%), do que do piso da sessão, de 100.692,04 pontos, mínima intradia desde 27 de julho. Ainda assim, foi o menor nível de fechamento para o Ibovespa desde 1º de agosto (102.225,08), que emendou hoje a quinta perda diária. O giro foi a R$ 52,5 bilhões nesta quarta-feira de vencimento de opções sobre o índice, o que reforça o volume. Na semana, o Ibovespa cai 0,91%; no mês cede 2,15% e, no ano, perde 6,43%.

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O índice da bolsa brasileira mostrou resiliência à tarde, moderando perdas apesar da aversão global a risco que atingiu, desde cedo, em especial o setor bancário europeu e no Brasil, com intensidade, as ações de commodities, ante mergulho que chegou a exceder 6% para os preços do petróleo durante a sessão na B3 - e em queda acima de 4% no fechamento do Brent e superior a 5% para o WTI, nesta quarta-feira.

Já o dólar encerrou a sessão desta quarta-feira, 15, em alta de 0,70%, cotado a R$ 5,2943 - o maior valor de fechamento desde 5 de janeiro (R$ 5,3523). Nos momentos de maior estresse, no início dos negócios, a divisa ultrapassou o teto de R$ 5,32 e registrou máxima a R$ 5,3288 (+1,36%).

Na semana, o dólar acumula alta de 1,65% ante o real, que sofre menos, contudo, que seus pares principais entre emergentes. O escorregão do real se deu em meio a uma onda de aversão ao risco mundo afora que levou investidores a buscar refúgio na moeda americana. Após a trégua de ontem, no rescaldo das medidas de autoridades dos EUA para amenizar os efeitos da quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, notícias de problemas de liquidez do Credit Suisse reavivaram os temores de recessão global, na esteira de uma possível espiral de deterioração no sistema financeiro. O Saudi National Bank (SNB), principal acionista do banco suíço, descartou a hipótese de oferecer mais assistência financeira à instituição.

Petrobras ON e Vale ON, que chegaram a cair mais de 4% no pior momento, limitaram as perdas e fecharam em baixa, respectivamente, de 2,44% e 3,01% - Petrobras PN cedeu hoje 1,77%. O movimento de contenção de perdas, em paralelo ao observado em Nova York - onde o Nasdaq conseguiu virar e fechar em alta de 0,05%, com o S&P 500 ainda em baixa de 0,70% e o Dow Jones, de 0,87% no fechamento - foi amplificado pelos grandes bancos na B3, que reagiram no meio da tarde e, na maioria, passaram a operar em alta, com destaque para Bradesco (ON +1,89%, PN +1,42%).

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Na ponta do Ibovespa, destaque hoje para Méliuz (+14,44%), após balanço trimestral na noite de ontem, à frente na sessão de MRV (+7,19%), Natura (+6,63%) e Eletrobras PNB (+6,01%). No lado contrário, CVC (-6,12%), CSN (-6,04%), Gerdau PN (-4,66%) e Gerdau Metalúrgica (-4,10%).

Preocupações com sistema bancário

As preocupações em torno de dificuldades no sistema bancário, que emergiram no fim da semana passada com a quebra do californiano SVB, ganharam nesta quarta-feira nome de mais peso, que já vinha no radar: o europeu Credit Suisse. O principal acionista do banco suíço, o Saudi National Bank, descartou mais assistência financeira à instituição - inclusive por questões regulatórias -, o que deflagrou nova onda global de aversão a risco.

Credit Suisse: principal acionista do banco, o Saudi National Bank, descartou mais assistência financeira à instituição Foto: Fabrice Coffrini/AFP

Assim, ficou totalmente em segundo plano, na sessão, leitura melhor do que o esperado para o índice de preços ao produtor (PPI) nos Estados Unidos, em retração de 0,1% em fevereiro, na margem, comparada à expectativa de alta de 0,3% para o mês.

De acordo com o Financial Times, o Credit Suisse apelou ao Banco Nacional Suíço por demonstração pública de apoio depois que suas ações caíram até 30%, provocando liquidação mais ampla nas ações de bancos europeus e americanos, nesta quarta-feira. O banco pediu uma resposta semelhante da Finma, reguladora suíça, disseram duas fontes, mas nenhuma das instituições, a princípio, decidiu intervir publicamente, relata o FT. Segundo a Bloomberg, o custo dos derivativos de crédito vinculados ao Credit Suisse explodiu a níveis que lembraram o pânico de 2008.

No fim do dia, o BC suíço veio a público dizer que o Credit atende a exigências de capital e liquidez, e que a instituição fornecerá liquidez ao banco, caso seja necessário. “Não há risco de contágio direto de turbulência nos Estados Unidos às instituições suíças”, acrescentou a autoridade monetária, em comunicado conjunto com a autoridade financeira do país sobre a “incerteza no mercado”.

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Neste contexto desafiador, os movimentos no mercado de ações vão ficando “muito curtos e a volatilidade, muito grande”, diz José Simão, sócio da Legend Investimentos. “Não é uma situação exatamente nova (a do Credit Suisse), mas há preocupação quanto a contágio (de problemas no sistema bancário), e de que novos ‘cadáveres’ continuem a surgir”, acrescenta Simão, destacando o temor quanto ao efeito que as dificuldades no sistema de crédito, em ambiente de juros globalmente já elevados, poderão trazer ao crescimento econômico mundial.

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“A perspectiva de arrefecimento da expansão econômica, com possibilidade de recessão nos Estados Unidos, tem ganhado força, conforme visto hoje nessa forte correção dos preços de commodities como o petróleo”, diz Simão.

Na quinta-feira passada, ruídos em torno do banco suíço já haviam contribuído para fazer preço em Nova York, piorando o desempenho dos índices de ações por lá naquela tarde, “após o Credit Suisse anunciar atraso na publicação do relatório anual referente a 2022, por conta de um pedido dos reguladores do mercado de ações dos Estados Unidos por mais informações sobre demonstrações dos anos de 2019 e 2020″, aponta Lucas Martins, especialista em renda variável da Blue3.

“Paira uma desconfiança sobre as instituições financeiras globais”, diz Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. Ele chama atenção para a acentuada correção, nesta quarta-feira, dos rendimentos dos Treasuries de 2 anos - mais sensíveis à perspectiva de curto prazo para a política monetária americana -, agora abaixo de 3,90%, com a aversão a risco e a perspectiva de espaço cada vez menor para que o Federal Reserve continue elevando os juros, em um contexto de dificuldades no setor bancário. “Na próxima reunião do Fed (na semana que vem), deve vir mais 25 pontos-base de alta nos juros de referência, mas o mercado espera que pare por aí”, acrescenta.

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