As ações do Credit Suisse subiram bastante na abertura das negociações na madrugada desta quinta-feira, 16, depois de receber apoio do banco central da Suíça para tranquilizar os mercados após a pior sessão da sua história na quarta-feira, 15.
No início das negociações, as ações do banco subiram 30,82% na bolsa de Zurique a 2,22 francos suíços, depois de ter atingido o mínimo histórico de 1,55 francos na quarta-feira, quando as ações fecharam o dia com uma queda de 24,24%.
O Credit Suisse havia anunciado que iria pedir emprestado até 50 bilhões de francos suíços ou US$ 53,7 bilhões (R$ 285 bilhões) ao banco central. Ao mesmo tempo, o banco anunciou em um comunicado uma série de operações de recompra de dívidas no valor de cerca de 3 bilhões de francos suíços.
“Estas medidas são um passo decisivo para reforçar o Credit Suisse à medida que continuamos a nossa transformação estratégica para proporcionar valor aos nossos clientes e outras partes interessadas”, disse o chefe executivo do banco, Ulrich Koerner, em comunicado.
Após um silêncio impressionante desde o início da semana, o banco central suíço e o supervisor financeiro suíço, na quarta-feira, 15, finalmente saíram em defesa da CS. “Credit Suisse cumpre os requisitos de capital e liquidez impostos aos bancos sistemicamente importantes”, disseram o Banco Nacional Suíço (SNB, central) e a Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro (Finma) numa declaração conjunta.
“Em caso de necessidade, o SNB disponibilizará liquidez ao Credit Suisse”, acrescentaram as instituições.
O colapso do Credit Suisse segue-se ao fracasso do Silicon Valley Bank (SVB) da Califórnia, na sequência de uma onda de levantamentos em massa de clientes que deixou a instituição lutando para se manter sozinha.
“Parece que cada vez mais investidores procuram a CS como o próximo dominó mais provável a cair”, disse Neil Wilson, um analista da Finalto.
Mas se o Credit Suisse enfrenta “problemas existenciais”, é um conjunto diferente de dificuldades para o setor bancário, acredita ele. “Há realmente grande chance de falhar”, disse ele.
Entenda
Ao contrário do SVB, a instituição suíça é um dos 30 bancos internacionais considerados muito grandes para serem autorizados a falir, o que lhe impõe também regulamentações mais rigorosas para resistir a choques graves. A preocupação estende-se para além da Suíça e o Tesouro dos EUA disse que estava “acompanhando a situação e em contato com contrapartes internacionais”.
Os anúncios da Suíça tiveram um efeito nas principais bolsas de valores europeias, que abriram na quinta-feira, 16, com ganhos após um dia de perdas de 3 a 4%.
Nas fases iniciais, Paris subiu 1,49%, Frankfurt 1,52%, Londres 1,40%, Madrid 1,98% e Milão 1,48%.
Acúmulo de contratempos
Na Ásia, as preocupações sobre os efeitos da falência do SVB continuaram a pesar. Tóquio perdeu 0,8% no final, Hong Kong 1,72% e Xangai 1,12%. A queda da quota do banco suíço acelerou na quarta-feira, 15, depois do seu maior acionista, o Saudi National Bank, ter se recusado a aumentar a sua participação.
Perguntado pela Bloomberg TV se o banco saudita poderia investir mais dinheiro, o seu presidente Amar Al Judairy disse: “A resposta é absolutamente não, por uma série de razões cada vez mais simples, que são regulamentares e estatutárias”, disse ele.
Os sauditas detêm atualmente 9,8% do banco suíço. “Se ultrapassarmos os 10%, entram em vigor algumas novas regras”, explicou ele.
Os sauditas tornaram-se os primeiros acionistas da CS durante um aumento de capital em novembro, lançado para financiar uma grande reestruturação do banco. Nos últimos dois anos, o banco tem estado em dificuldades após o colapso da empresa financeira britânica Greensill, o que marcou o início de uma série de escândalos que enfraqueceram o banco.
Alguns acionistas acabaram por desistir, como a empresa de investimento americana Harris Associates, um dos seus mais importantes apoiadores, que revelou na semana passada que tinha vendido a totalidade da sua participação. / AFP
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