O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou que questões ambientais podem afetar a política monetária e a inflação no País. “Choques climáticos têm uma tendência crescente de instabilidade da inflação e dificultam perspectivas futuras sobre a estabilidade de preços”, disse nesta segunda-feira, 26, durante apresentação do novo hedge cambial (ferramenta de proteção contra variações no câmbio).
Campos Neto ressaltou que, nesse sentido, destravar a agenda ambiental é essencial para os formuladores da política monetária brasileira e será como um “cartão-postal para atrair investimentos estrangeiros nos próximos anos”.
Na visão dele, incentivos governamentais são importantes em projetos de infraestrutura para aliviar os custos de investimentos ecológicos. Estes projetos exigem financiamento em moeda estrangeira, o que encarece o processo, especialmente no Brasil, que lida com taxas de juros elevadas e um amplo diferencial de juros em comparação aos outros países.
No entanto, ele destacou que o BCB não está diretamente envolvido no novo hedge cambial, funcionando como “apenas parte do processo” para facilitar o envio de investimentos por meio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O BCB se concentrará em atuar como contraparte, ao tomar riscos de crédito e cambiais, descreveu o presidente, mitigando riscos financeiros e garantindo a efetividade dos recursos. “O nosso objetivo é reduzir o custo do hedge cambial no longo prazo, não temos intenção de controlar a volatilidade ou o câmbio em si”, enfatizou.
Assim, o swap cambial será expandido entre 12 a 18 meses na modalidade para investimentos ecológicos do novo hedge. “Também não temos operação sendo estudada que inclua o uso de reservas internacionais”, afirmou Campos Neto.
Campos Neto afirmou que a falta de um hedge cambial mais longo inibe a entrada de investidores estrangeiros no país. Ele parabenizou a iniciativa para suprir essa necessidade, mas esclareceu que o projeto continua em fase de desenvolvimento.
Presidente do BID, Ilan Goldfajn acrescentou que não haverá mudança interna na capitalização de investimentos da instituição ou do Banco Central do Brasil. “Estamos preparando uma estrutura para repassar investimentos ecológicos já existentes para empresas locais, só que com custos mais baixos. Precisamos que o programa esteja pronto para, a partir daí, iniciar o repasse dos recursos”, afirmou Goldfajn.
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