A presidente argentina, Cristina Kirchner, respondeu duramente à ameaça da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, de que o organismo vai dar "cartão vermelho" à Argentina se o país não normalizar suas estatísticas. "Em primeiro lugar, quero dizer que isso não é um jogo de futebol. É a crise econômica e política mais grave que se tenha notícia desde a década de 30", disse Cristina ontem na assembleia da ONU, em Nova York. Em segundo lugar, continuou, "meu país não é um time de futebol, é uma nação soberana, que toma suas decisões soberanamente e que não será submetida a uma pressão e muito menos a uma ameaça". Em um discurso de 37 minutos, Cristina comparou a administração da Fifa com a do FMI. "Se vamos comparar futebol com política, quero dizer que o papel do presidente da Fifa é muito mais satisfatório do que o do FMI e podemos ver isso no mundial no Brasil." Cristina questionou o papel do FMI na crise europeia e ressaltou que seu país paga "rigorosamente" sua dívida internacional desde 2006. A presidente ocupou grande parte de seu discurso em responder Lagarde, que, ontem, ameaçou dar cartão vermelho à Argentina se até o dia 17 de dezembro não solucionar o problema da falta de credibilidade das estatísticas oficiais.Projeto. Apesar do tom de Cristina, deve sair da gaveta projeto que cria novo Índice de Preços ao Consumidor (IPC). O projeto foi assinado pelo atual vice-presidente da República, Amado Boudou, em junho do ano passado, e prevê um indicador nacional elaborado em conjunto com o FMI.A principal exigência do Fundo é que o IPC nacional obedeça aos padrões internacionais de estatísticas e dê transparência aos preços e aos demais números da economia argentina medidos pelo Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec).
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