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Críticas ao Pix, IR de 60%, exploração do espaço sideral: as visões polêmicas de Marcio Pochmann

Economista ligado ao PT foi confirmado pelo Planalto para presidir o IBGE; nomeação sofreu resistências do Planejamento e crítica de liberais

Foto do author Bianca Lima
Foto do author Anna Carolina Papp
Atualização:

BRASÍLIA – A confirmação do economista Marcio Pochmann para presidir o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demanda expressa do Planalto, sofreu resistências do Ministério do Planejamento e duras críticas de economistas mais ortodoxos.

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Marcio Pochmann, próximo ao PT e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dá aulas na Unicamp, escola de linha econômica majoritariamente heterodoxa. Também foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre o fim do segundo mandato de Lula e o começo do primeiro de Dilma Rousseff. Pochmann sofreu amplas críticas em sua gestão no Ipea, classificada por muitos como intervencionista e ideológica.

Veja a seguir alguns dos posicionamentos mais polêmicos e controversos de Pochmann:

Nomeação de Pochmann para o IBGE foi amplamente criticada por economistas liberais. Foto: Nilton Fukuda

Críticas ao Pix

Pochmann se mostrou crítico ao Pix, meio de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central – e que, apenas seis meses após ser lançado, ultrapassou transações de TED, DOC e boleto no País.

No dia 13 de outubro de 2020, o economista publicou no Twitter que, com o Pix, o Banco Central dava “mais um passo na via neocolonial”. “Na sequência vem a abertura financeira escancarada com o real digital e a sua conversibilidade ao dólar. Condição perfeita ao protetorado dos EUA”, escreveu.

Alíquota de até 60% para o IR

Durante o seu mandato à frente do Ipea, Pochmann defendeu uma reforma tributária que acabasse com o Pis e a Cofins, dois tributos federais que incidem sobre o consumo, e que criasse um novo sistema do Imposto de Renda, com 12 faixas de cobrança, em vez das duas existentes à época. O modelo previa a cobrança de uma alíquota de 60% para quem tinha renda superior a R$ 50 mil mensais. Além disso, haveria a cobrança de 1% de imposto sobre grandes fortunas.

Exploração do espaço sideral

Em entrevista à Reuters em setembro de 2021, Pochmann afirmou que o Brasil deveria apostar na geração de riqueza em frentes às quais dedica pouca ou nenhuma atenção, começando pela exploração do “espaço sideral”.

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“Brasil não tem GPS. Como podemos dizer que Brasil é país autônomo quando todo seu sistema de informação e comunicação vinculado ao espaço sideral, portanto à internet, depende de empresas que não são brasileiras?”, afirmou.

Na mesma entrevista, Pochmann criticou a concentração do debate econômico à época em temas como a manutenção ou não do teto de gastos e a alta da inflação. “Não quero menosprezar o problema da inflação, sobretudo num País como o nosso, mas estabilizemos a inflação e daí? O que acontecerá? Espontaneamente virão os investimentos? Da onde? Em que setores?”, disse.

Críticas às reformas trabalhista e previdenciária

No mês passado, Pochmann usou as redes sociais para criticar as reformas trabalhista (realizada no governo do ex-presidente Michel Temer) e previdenciária (aprovada durante a gestão de Jair Bolsonaro). Segundo ele, as mudanças nas leis e o “fiscalismo” colapsaram o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Em 2018, durante a campanha presidencial, Pochmann foi um dos responsáveis pelo programa de governo de Lula, que acabou sendo substituído por Fernando Haddad. Em entrevista ao Estadão, à época, afirmou que a Previdência não precisava de uma reformulação geral, apenas ajustes pontuais. Também se disse favorável à revisão da reforma trabalhista, destacou que a Petrobras precisava ter “compromisso com o País” e defendeu uma lei para regulamentar os meios de comunicação.

Jornada de trabalho de 4 horas

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Pochmann também defendeu que os ganhos de produtividade obtidos pelo mundo do trabalho já permitiam que a jornada dos trabalhadores pudesse ser de quatro horas por dia, em três dias por semana – o que ajudaria a resolver problemas sociais. “Há singularidade do trabalho hoje: os ganhos de produtividade foram muito significativos e há condições técnicas para reduzir a jornada, sem comprometer o desempenho”, afirmou.

“Os empresários podem argumentar que não há espaço para redução, assim como no início do século XX muitos não entendiam que a jornada de 14 horas por dia diminuía a produtividade e provocava uma série de doenças no trabalhador”, exemplificou.

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