Há pouco mais de um mês, publiquei um artigo sobre as demissões nos unicórnios e como isso poderia ser uma histeria sem sentido. É natural as empresas, após ciclos de crescimento de equipe, se reestruturarem para poder crescer de maneira racional. Sabendo que isso é comum em qualquer setor, vamos conversar sobre o anúncio da demissão de 11 mil colaboradores da Meta.
Antes de falarmos das demissões em si, precisamos ter clareza em nossa mente que o metaverso é um conceito, uma ideia, e não um lugar. Podemos considerar como toda e qualquer aplicação de replicação em ambiente digital das características do ambiente físico.
Uma vez contextualizado, vamos falar da Meta, projeto de Mark Zuckerberg. Dona das marcas Facebook, Instagram e WhatsApp, a Meta tem um conjunto significativo de dados e informações que transitam pelos seus bancos de dados, e as implicações de proteção de informações são uma preocupação. A Meta é uma empresa aberta em bolsa que precisa gerar resultado aos acionistas. Com isso, projetos que não apresentam capacidade de geração de resultado rápido tendem a ser retirados do pipeline.
Outro fator relevante é que o Facebook, um dos principais ativos da empresa, tem apresentado queda no número de usuários, o que coloca os investidores em alerta. Acrescenta-se a isso um cenário econômico mais desafiante e, por fim, Mark Zuckerberg assumiu que foi um erro ter investido o volume de recursos investido no metaverso da Meta.
Com tudo isso, era de esperar uma reestruturação: redução de 11 mil cargos e congelamento de vagas até o primeiro trimestre de 2023. É claro que as pessoas que foram afetadas vão sofrer com isso. Ninguém está aqui para julgar a dor desse processo. Mas as ações no caminho da redução de gastos da empresa foram bem-vistas pelos investidores, que, no último dia 9, data do anúncio, apontavam uma alta nas ações da empresa.
Antes que alguém grite que esse é o fim do metaverso, recomendo pensar: como o metaverso pode ser aplicado? Quais as potencialidades para estudos do metaverso em diversas áreas? A verdade é que nós ainda não sabemos de todas as potencialidades para definir a morte da tecnologia.
Nesse sentido, concordo com Phil Spencer, CEO da Microsoft Games. Se olharmos o que a maioria de nós chama de metaverso, é realmente um jogo malfeito. Mas, se extrapolarmos, poderemos perceber que não usamos nem vivemos um milésimo das possibilidades comuns e corriqueiras dessa tecnologia.
Então, é hora, sim, de lamentar pelos empregos perdidos, mas também é tempo de celebrar as possibilidades que esse “novo mundo” pode nos permitir vivenciar./ PH.D. EM ADMINISTRAÇÃO, É PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO DO IBMEC
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