A agenda de descarbonização global, que passa pela redução de emissões de gases de efeito estufa e a transição para energias renováveis, pode ajudar a indústria brasileira a ganhar maior protagonismo no cenário mundial. A opinião é de Dan Ioschpe, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que participou nesta terça-feira, 12,l do Fórum Estadão Think — Do Brasil para o mundo: Desafios para a nossa inserção global.
”A descarbonização é uma questão importante para todos os países, e o Brasil está bem posicionado nesse aspecto. Com uma estratégia coerente e inteligente, o País poderá maximizar os benefícios dessa transformação, contribuindo para a necessidade global de descarbonização”, disse Ioschpe, em entrevista ao Estadão.
A necessidade global de alimentos é outro tema relevante para a indústria nacional, segundo o vice-presidente da Fiesp. “A segurança alimentar é uma área em que o mundo tem uma demanda crescente, impulsionada pelo aumento populacional e pela melhoria das condições socioeconômicas em várias regiões. O Brasil está numa posição privilegiada para ser um protagonista nessa questão”, afirmou.
A seguir, a entrevista completa:
Estamos vivendo em um mundo mais protecionista e as eleições nos Estados Unidos trouxeram esse tema novamente para a pauta. Como a indústria brasileira se insere nesse cenário, e quais são os principais desafios?
O mundo passa por uma revisão estratégica de suas políticas de desenvolvimento socioeconômico, e os países reavaliam suas abordagens nacionais. Esse processo envolve a indústria e todos os demais setores de cada economia. O Brasil também precisa se preparar para essa nova realidade com agendas estratégicas nacionais que levem em conta as grandes tendências globais e identifiquem como o País pode aproveitar essas possibilidades da melhor forma. A descarbonização é uma questão importante para todos os países, e o Brasil está bem posicionado nesse aspecto. Com uma estratégia coerente e inteligente, o País poderá maximizar os benefícios dessa transformação, contribuindo para a necessidade global de descarbonização e impulsionando o desenvolvimento socioeconômico. A indústria, assim como outros setores, desempenha um papel fundamental e pode se beneficiar imensamente ao avançarmos nessa direção.
Outro tema que esteve no foco dos painéis foi a importância de melhorar a segurança alimentar global. Como podemos avançar nesta área?
A segurança alimentar é uma área em que o mundo tem uma demanda crescente, impulsionada pelo aumento populacional e pela melhoria das condições socioeconômicas em várias regiões. O Brasil está numa posição privilegiada para ser um protagonista nessa questão, combinando a descarbonização com a produção e a entrega de alimentos de forma eficiente. Essa integração dinamiza setores essenciais da nossa economia — agrícola, industrial e de serviços — beneficiando o desenvolvimento socioeconômico do país, que é o principal objetivo. Claro, enfrentamos muitos desafios internos, como questões fiscais e o crescimento econômico, mas essa visão estratégica pode ajudar a superá-los.
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Como o sr. avalia o atual cenário político e econômico do Brasil em relação aos desafios para a indústria? Quais são as principais barreiras para que o setor cresça e expanda suas exportações?
No fim das contas, todos os países relevantes estão passando por debates semelhantes. O que precisamos é sempre pensar em como nos organizar melhor para tirar o máximo proveito das nossas oportunidades e construir, a partir delas, caminhos estratégicos para o futuro. Questões como a tributária, o custo de capital, o equilíbrio fiscal, o fomento à inovação e a melhoria da educação são temas-chave com os quais todos os países lidam. Devemos abordar esses temas com a maior organização possível, pois isso trará benefícios concretos para nossa sociedade. Não estamos isolados nem fora desse contexto global que envolve esses temas. Naturalmente, cada país tem seu próprio ritmo e progresso em relação a esses assuntos. A boa notícia é que temos grandes oportunidades para aproveitar, embora também existam áreas em que estamos atrasados e precisamos acelerar.
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