Mês após mês o número de pessoas que começa a investir no Tesouro Direto bate recorde.
Julho não foi diferente: 15 mil novos investidores decidiram colocar dinheiro em títulos públicos, mostra o último balanço divulgado pelo governo. Ao todo, são 537 mil contas ativas.
Mas o que atrai tanta gente?
São dois os motivos que nos ajudam a responder essa questão:
1) Liquidez
O Tesouro Direto iniciou a recompra diária dos títulos em março deste ano. Isso significa que o investimento no Tesouro ganhou mais liquidez: ficou mais fácil para o investidor colocar as mãos no dinheiro aplicado se não quiser esperar o prazo de vencimento.
Antes, quem precisasse resgatar seu investimento podia vender o papel de volta para o governo somente uma vez por semana - às quartas-feiras. Com a liquidez diária, o pedido de recompra é feito em um dia e no dia seguinte o dinheiro está de volta na conta da pessoa.
"A liquidez diária permite que o investimento no Tesouro seja usado também como uma reserva de emergência de dinheiro para o dia a dia", diz o consultor financeiro Conrado Navarro.
Para quem quer investir com o objetivo de curto prazo, o título mais indicado é o Tesouro Selic (antiga LFT). Ele rende, diariamente, o valor da taxa básica de juros e, por isso, não sofre com a volatilidade dos juros do mercado. Dessa maneira, o investidor que resgatar sua aplicação em Tesouro Selic antes do vencimento não corre risco de perder dinheiro. A Selic está no patamar de 14,25% ao ano.
2) Rentabilidade
O cenário econômico deste ano combina juro e inflação altos, o que faz com que a rentabilidade do Tesouro fique muito atrativa.
O Tesouro Direto oferece títulos com rentabilidade atrelada ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ao mesmo tempo, as taxas pré-fixadas são influenciadas pela trajetória da Selic.
O juro básico saiu de 11,75% ao ano em janeiro e hoje está em 14,25% ao ano. A expectativa do mercado financeiro é de que a Selic fique nesse patamar até o fim de 2015 e seja reduzida somente em 2016.
A inflação pelo IPCA estava em 7,13% no acumulado em 12 meses até janeiro. Pulou para 9,55% em julho.
Segundo o último relatório divulgado em julho, os títulos mais populares do Tesouro foram os atrelados ao IPCA (Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais), que responderam por 55% das vendas.
Ao combinar liquidez e alta rentabilidade, o Tesouro Direto fica muito mais atrativo que a tradicional poupança, cujo rendimento está limitado a 6,17% ao ano (mais a Taxa Referencial, chamada TR, que em 2014 ficou em 0,86%).
Até julho, os saques superaram os depósitos da poupança em R$ 41 bilhões - maior valor da história. No mesmo período, o Tesouro Direto vendeu R$ 7,8 bilhões.
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