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Swap cambial, a arma do BC contra a valorização do dólar

Na prática, a autoridade monetária oferece ao mercado uma proteção contra a alta da moeda norte-americana

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Foto do author Bianca Lima
Atualização:
 Foto: Estadão

Diante da forte valorização do dólar, o Banco Central (BC) intensificou a sua atuação no mercado de câmbio por meio do chamado swap cambial. Mas, afinal, como funciona essa operação?

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O swap é um tipo de derivativo que envolve a troca de indexadores. Ou seja, troca-se risco e rentabilidade. Nessa operação, é importante destacar que não há a transferência de fluxos de capital. Ela se liquida, ao final do prazo, apenas pela diferença financeira entre as duas "taxas" trocadas.

No caso do swap cambial, o BC se compromete a pagar ao mercado a variação do câmbio no período de vigência dos contratos, mais um cupom cambial (como são chamadas as taxas de juros em dólar no Brasil).

Como contrapartida, os investidores ficam obrigados a entregar ao BC a oscilação dos juros DI (a taxa utilizada nos empréstimos entre instituições financeiras e que fica próxima à taxa Selic). Nesse contrato específico, diferentemente das demais operações de swap, o ajuste das posições ocorre diariamente e não apenas ao final do prazo.

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Na prática, portanto, o BC oferece ao investidor uma proteção contra a alta da moeda norte-americana, tornando desnecessária a compra do dólar à vista naquele momento. Por esse motivo que se costuma dizer que o contrato de swap cambial equivale à venda de dólares no mercado futuro. Ao ofertá-lo, o BC geralmente consegue aliviar ou até mesmo reverter a valorização da divisa.

Inflação. Mais do que evitar a desvalorização do real, o mercado entende que o BC vem usando cada vez mais o derivativo para controlar a inflação. Atualmente, o IPCA ronda o teto da meta do governo (6,5% ao ano), apesar das recentes altas da taxa básica de juros.

Ao segurar o câmbio, o BC impede que as matérias-primas e outros produtos importados fiquem mais caros - o que impacta diretamente a cadeia de produção nacional.

Mas especialistas em câmbio ressaltam que o poder de fogo do swap cambial é limitado. Esse tipo de instrumento age, sobretudo, sobre as expectativas dos agentes do mercado. Quanto mais atua, mais o BC cria previsibilidade. Por outro lado, a autoridade monetária acaba deixando o mercado dependente das frequentes atuações, criticam os especialistas.

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No caso de uma piora no cenário macroeconômico, com forte saída de dólares do País (como poderia ocorrer no caso de o Brasil perder o grau de investimento), seriam necessários outros instrumentos.

Um deles é o leilão de linha, no qual o BC vende dólares com compromisso de recompra. Ou seja, os recursos saem, mas depois voltam para as reservas internacionais. Ou então a venda da moeda no mercado à vista, a qual impacta diretamente as reservas do País.

Leilões. Atualmente, a autoridade monetária realiza leilões diários de até 4 mil contratos de swap cambial, que fazem parte do programa de atuação no câmbio iniciado em agosto do ano passado.

Desde o final do mês de setembro, o BC também começou a rolar praticamente todos os contratos com vencimento em outubro, colocando diariamente à venda até 15 mil contratos adicionais. Segundo fonte da equipe econômica do governo, o mesmo deve ser feito com os vencimentos de novembro.

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