São Paulo - Simulações feitas pela Anfavea, a entidade que representa as montadoras, indicam que o crédito tributário autorizado pelo governo para reduzir os preços dos carros entre 1,6% e 11,6% deve durar em torno de um mês. A estimativa leva em conta um desconto médio entre R$ 4,5 mil e R$ 5 mil por automóvel, dentro dos bônus que vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil.
Considerando os R$ 500 milhões liberados em crédito pelo governo federal, os cálculos da Anfavea preveem que a medida patrocinará a redução de preços de 100 mil a 110 mil carros de passeio.
Esse volume estimado é praticamente o total de veículos enquadrados na medida que já estão nos estoques de montadoras e concessionárias. No mês passado, as fábricas elevaram os estoques em 45,6 mil unidades, para 251,7 mil veículos - maior quantidade em três anos -, para atender o aguardado aquecimento do mercado a partir dos descontos patrocinados pelo governo.
Algumas montadoras chegaram a alugar pátios para guardar carros. Do estoque total, 115 mil veículos - ou seja, 45% - se enquadram nas regras fixadas na medida provisória de incentivo à indústria automotiva, publicada hoje.
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O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, disse que os R$ 500 milhões em recursos colocados pelo governo para os carros provavelmente não serão suficientes para todo o prazo do programa: 120 dias. “Este é um programa de curto prazo. Então, aqueles consumidores que tiverem interesse na aquisição do seu carro não podem pensar muito, demorar muito tempo, porque, de fato, esses recursos podem acabar”, afirmou Leite.
Ele sustentou que, se o governo não liberar mais recursos, a medida vai durar “bem menos” do que os 120 dias. “Talvez um mês ou um pouco mais”, previu. Sobre o impacto nas vendas de caminhões e ônibus, incluídos de última hora no programa federal, a Anfavea ainda está fazendo simulações.
Vendas em queda, produção em alta
Dados divulgados nesta terça-feira, 6, pela Anfavea mostram que, na contramão da paralisia das vendas provocada pela espera dos consumidores dos descontos prometidos pelo governo, a produção de veículos subiu 10,7% no mês passado frente a maio de 2022. No total, 227,9 mil veículos foram montados no País na soma dos carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.
Na comparação com abril, maio mostrou crescimento de 27,4% na produção, com a variação neste caso impulsionada também pelos quatro dias úteis a mais do mês passado. A produção desde o início do ano passou a mostrar crescimento de 6,2%, com 942,8 mil veículos montados de janeiro a maio.
Além dos efeitos do crédito mais caro e restrito, combinados ao maior comprometimento de renda das famílias com dívidas, o comércio de automóveis sentiu em maio o adiamento da compra pelo consumidor, que aguardou até ontem o anúncio das medidas do governo para baratear os preços dos carros.
As vendas diárias, que estavam perto de 9 mil em abril, caíram para a média de 8 mil veículos. Após uma semana de expectativa, em 25 de maio, no Dia da Indústria, o vice-presidente Geraldo Alckmin confirmou que os automóveis teriam descontos, porém só ontem os detalhes foram divulgados e hoje foi publicada a medida provisória. As vendas de maio, de 176,5 mil veículos na soma das categorias, ficaram 5,6% abaixo das registradas no mesmo mês do ano passado.
Nos últimos sete anos, apenas em 2020, com a chegada da pandemia, maio mostrou número mais baixo. Frente a abril, a variação foi positiva - crescimento de 9,8% - em razão do calendário com mais dias de venda do mês passado.
O balanço da Anfavea mostra ainda queda de 3,7% das exportações, no comparativo de maio com igual mês do ano passado. Os embarques, de 44,3 mil veículos no mês passado, tiveram alta de 30,4% contra abril. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, as vendas de veículos brasileiros ao exterior mostram queda de 4,2%, somando 190,6 mil unidades. Segundo o levantamento da entidade, 1,05 mil vagas de trabalho foram fechadas em maio nas montadoras, que agora empregam 100,2 mil pessoas.
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