Desemprego cai para 7,4% no 4º trimestre de 2023; RJ e RN tiveram as maiores quedas

Santa Catarina tem o menor índice de desemprego do País, de 3,2%, e Amapá, o maior, com 14,2%, segundo IBGE

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Atualização:

RIO - O mercado de trabalho mostrou melhora generalizada no País no ano passado. A taxa de desemprego média recuou em 26 das 27 Unidades da Federação do País na passagem de 2022 para 2023. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira, 16, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O único aumento na taxa de desocupação ocorreu em Roraima, alta de 1,7 ponto porcentual, de 4,9% em 2022 para 6,6% em 2023. Em oito Estados a taxa de desocupação desceu às mínimas históricas: Rio Grande do Norte (10,7%), Alagoas (9,2%), Acre (7,5%), Tocantins (5,8%), Minas Gerais (5,8%), Espírito Santo (5,7%), Mato Grosso (3,3%) e Rondônia (3,2%).

Na média nacional, a taxa anual de desocupação brasileira desceu de 9,6% em 2022 para 7,8% em 2023, uma queda de 1,8 ponto porcentual. As principais reduções no período foram registradas pelo Acre (-4,9 p.p.), Maranhão (-3,5 p.p.), Rio de Janeiro (-3,2 p.p.) e Amazonas (-3,2 p.p.). Na média anual, as maiores taxas de desocupação do País foram as de Pernambuco (13,4%), Bahia (13,2%) e Amapá (11,3%), enquanto as mais baixas ocorreram em Rondônia (3,2%), Mato Grosso (3,3%) e Santa Catarina (3,4%).

Na passagem do terceiro trimestre de 2023 para o quarto trimestre de 2023, diversos estados apresentaram tendência de queda, mas a taxa de desemprego recuou de forma estatisticamente significativa — superando o intervalo da margem de erro — em apenas duas unidades da federação, observou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Em São Paulo, a taxa de desemprego caiu de 7,1% para 6,9% no período. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Na média nacional, a taxa de desemprego caiu de 7,7% no terceiro trimestre de 2023 para 7,4% no quarto trimestre de 2023. No Rio de Janeiro, a taxa desceu de 10,9% para 10,0%, e no Rio Grande do Norte, de 10,1% para 8,3%. Segundo Beringuy, o Rio de Janeiro registrou um crescimento acentuado da população ocupada no período, especialmente nas atividades industriais e de outros serviços. No Rio Grande do Norte, o recuo da taxa foi influenciado pela redução do número de pessoas procurando emprego.

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Em São Paulo, a taxa de desemprego diminuiu de 7,1% para 6,9% no período, oscilação na margem de erro da pesquisa. Na direção oposta, houve aumento significativo em Rondônia, de 2,3% para 3,8%, e em Mato Grosso, de 2,4% para 3,9%. Em Rondônia, houve demissões na agricultura e no comércio, enquanto que, em Mato Grosso, foi registrada uma expansão no número de pessoas procurando trabalho.

No quarto trimestre de 2024, as maiores taxas de desocupação foram as de Amapá (14,2%), Bahia (12,7%) e Pernambuco (11,9%). Os menores resultados foram registrados em Santa Catarina (3,2%), Rondônia (3,8%) e Mato Grosso (3,9%).

Mais desemprego e renda menor para mulheres

O desemprego entre as mulheres permaneceu consideravelmente mais elevado do que entre os homens. A taxa de desemprego foi de 6,0% para os homens no quarto trimestre de 2023, ante um resultado de 9,2% para as mulheres.

Havia desigualdade de gênero também entre quem estava trabalhando. O rendimento médio real, habitualmente recebido no trabalho principal, alcançou um recorde de R$ 2.947 no quarto trimestre de 2023. As mulheres trabalhadoras, porém, recebiam apenas 80% do salário médio dos homens.

Considerando apenas a renda habitual obtida do trabalho principal (e não de todos os trabalhos), o rendimento médio alcançou patamar recorde no quarto trimestre de 2023 tanto para os homens, R$ 3.233, quanto para as mulheres, R$ 2.562. Ou seja, o homem recebe cerca de 25% a mais do que a mulher em seu emprego principal.

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“Embora ambos atinjam valores máximos (da série histórica), a diferença é de 25%”, ressaltou Adriana Beringuy, do IBGE.

Quanto à desigualdade racial, a taxa de desemprego ficou abaixo da média nacional para os brancos, 5,9%, muito aquém do resultado de pretos (8,9%) e pardos (8,5%). Por nível de escolarização, a taxa de desocupação para as pessoas com ensino médio incompleto foi de 13,0%, mais que o triplo do resultado para as pessoas com nível superior completo, de 3,6%.

No quarto trimestre de 2023, o País tinha 1,806 milhão de pessoas em situação de desemprego de longo prazo, que buscavam um trabalho havia pelo menos dois anos. Outras 911 mil pessoas procuravam emprego havia pelo menos um ano, porém menos de dois anos; 3,760 milhões de brasileiros buscavam trabalho havia mais de um mês, mas menos de um ano; e 1,606 milhão tentavam uma vaga havia menos de um mês.

Taxa de participação

A participação dos idosos no mercado de trabalho voltou a alcançar o patamar pré-pandemia, enquanto a dos jovens permanecia aquém do pré-crise sanitária. Na média global, a taxa de participação — que mostra a proporção de pessoas em idade de trabalhar que efetivamente estão participando do mercado de trabalho, seja trabalhando, seja procurando emprego — foi de 62,2% no quarto trimestre de 2023, ainda aquém dos 63,6% vistos no quarto trimestre de 2019, antes da covid-19.

Entre os idosos, com 60 anos ou mais, a taxa de participação no quarto trimestre de 2023 foi de 24,0%, mesmo patamar registrado no quarto trimestre de 2019. Na faixa etária de 40 a 59 anos, a taxa de participação ficou em 74,6% no quarto trimestre de 2023, acima dos 74,5% vistos no quarto trimestre de 2019.

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“As maiores distâncias entre a taxa atual de participação vis-à-vis a taxa de participação lá no quarto trimestre de 2019, essa distância é maior nos grupos etários mais jovens, sobretudo no de 14 a 17 anos e no de 18 anos a 24 anos”, apontou Adriana Beringuy.

No grupo etário de adolescentes de 14 a 17 anos, a taxa de participação foi de 16,7% no quarto trimestre de 2023, ainda aquém dos 18,7% registrados no quarto trimestre de 2019. Na faixa de 18 a 24 anos, a taxa ficou em 68,6% no quarto trimestre de 2023, ante 70,0% no quarto trimestre de 2019. No grupo de 25 a 39 anos, a taxa foi de 81,9% no quarto trimestre de 2023, ante 83,1% no quarto trimestre de 2019.

Segundo Beringuy, a taxa de participação ainda aquém do pré-pandemia entre os jovens pode ser explicada tanto por empecilhos à entrada no mercado de trabalho quanto por um investimento maior na escolarização.

“A gente sabe que a população jovem já enfrenta mais barreiras à entrada no mercado de trabalho, e, uma vez estando no mercado de trabalho, é a população que apresenta mais rotatividade. Então a gente não sabe a que ponto o panorama trazido ao mercado de trabalho durante a pandemia pode ter trazido mais restrições, ou aumentado barreiras, ou mudado a permanência desses jovens no mercado de trabalho”, mencionou Beringuy.

A pesquisadora lembrou também que os últimos dados divulgados sobre o acesso à educação no País mostraram um crescimento da taxa de escolarização nos grupos de adolescentes de 14 a 17 anos e de jovens adultos de 18 a 24 anos.

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“Então é possível que a gente tenha esses dois fatores. A gente não sabe até que ponto é por mais barreiras à entrada, ou, principalmente entre os adolescentes, por uma maior permanência na escola. Isso pode ter contribuído para uma menor taxa de participação”, disse Beringuy.

A coordenadora lembrou ainda que o aumento na população ocupada e na renda domiciliar advinda do trabalho pode permitir que os mais jovens da família se dediquem mais aos estudos.

“Tem mais gente trabalhando e gerando renda, isso, de fato, tende a aumentara a renda obtida do trabalho”, confirmou Beringuy. “É possível que esse incremento da renda faça com que os moradores mais jovens, ou pelo menos os que ainda estão em fase de formação e escolarização, dediquem mais tempo ao estudo.”

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