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Taxa de desemprego volta a cair e fica em 9,1% em julho, aponta IBGE

População desocupada foi de 9,9 milhões, menor patamar desde janeiro de 2016; renda média subiu 2,9% em relação a junho, primeiro aumento significativo desde julho de 2020

Atualização:

O mercado de trabalho manteve a tendência de redução na taxa de desemprego em julho, com ajuda da recuperação na geração de vagas formais. O número de pessoas trabalhando no Brasil é o maior já registrado, mas o salário segue aquém do recebido há um ano. O contingente de trabalhadores informais também alcançou novo recorde, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quarta-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de desemprego desceu de 10,5% no trimestre terminado em abril para 9,1% no trimestre encerrado em julho de 2022, resultado mais baixo desde o trimestre encerrado em dezembro de 2015.

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A queda reflete a dinâmica mais robusta da atividade econômica, com efeitos da reabertura e dos impulsos fiscais concedidos pelo governo, avaliou o economista João Savignon, da gestora de recursos Kínitro Capital. Ele prevê um novo recuo no desemprego no trimestre encerrado em agosto, com taxa entre 8,8% e 8,9%, mas com expectativa de perda de fôlego, chegando ao fim de 2022 em 8,6%.

“Vamos ter efeitos defasados do ciclo de aperto monetário (elevação dos juros) e desaceleração da atividade econômica global. Tudo isso vai desafiar essa melhora de curto prazo”, justificou Savignon. “A maior dúvida é para o ano que vem. O mercado de trabalho deve ter uma recuperação mais devagar, com arrefecimento (de crescimento) do PIB a 0,5%, mas sem uma reversão importante na taxa de desemprego, que deve ficar relativamente estável.”

Taxa de desemprego voltou a cair no trimestre encerrado em julho, e ficou em 9,1%; população desocupada ficou em 9,9 milhões de pessoas.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Ainda há 9,882 milhões de pessoas em busca de uma vaga, mas esse é o menor número de desempregados desde o trimestre encerrado em janeiro de 2016. Em apenas um trimestre, 1,467 milhão de pessoas deixaram o desemprego, e 2,154 milhões conseguiram um trabalho.

A população ocupada alcançou um recorde de 98,666 milhões de trabalhadores no trimestre encerrado em julho de 2022, com um ápice de 39,294 milhões deles atuando na informalidade.

“Pelo que a gente observa, esse processo da expansão da ocupação está bastante disseminado pelas atividades”, frisou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

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Segundo Beringuy, a geração de vagas ocorre por uma recomposição no pós-pandemia de empregos perdidos durante a crise sanitária, mas também há crescimento de atividades que já estavam aumentando as contratações.

“Nenhuma atividade dispensou, nenhuma atividade registrou perdas no trimestre”, apontou Beringuy.

Os destaques no trimestre foram as admissões no comércio e na administração pública, saúde e educação. Este último segmento foi puxado pela absorção de trabalhadores, principalmente, para a educação fundamental no setor público, contou.

“De modo geral, o número de julho demonstra sinais de arrefecimento da ocupação, indicando que a desaceleração de alguns setores como a indústria já reflete nas contratações”, comentou Eduardo Vilarim, economista do Banco Original, em nota. “Atrelado à expansão da população ocupada e a expectativa de continuidade de queda inflacionária, temos boas perspectivas para a recuperação da massa salarial em termos reais para o fim do ano.”

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Com mais pessoas trabalhando, a massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 13,106 bilhões em um trimestre, para R$ 260,699 bilhões. O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma elevação real de 2,9% na comparação com o trimestre até abril, R$ 75 a mais, para R$ 2.693. A renda real não apresentava um crescimento estatisticamente significativo desde o trimestre terminado em julho de 2020.

O ganho, porém, foi concentrado na expansão do rendimento dos empregadores (6,1% ante o trimestre até abril, ou mais R$ 369), dos militares e funcionário público estatutário (3,8%, ou mais R$ 176) e dos trabalhadores por conta própria (3,0% ou mais R$ 63). Segundo o IBGE, os demais grupamentos não tiveram variação estatisticamente significativa, ou seja, oscilaram dentro da margem de erro.

Beringuy reconhece que a deflação registrada em julho (o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo recuou 0,68%, puxado pelo corte de impostos sobre combustíveis e energia elétrica) também pode ter ajudado o desempenho melhor da renda média no trimestre. Ela lembra, porém, que a renda nominal também subiu.

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A renda nominal, ou seja, antes que seja descontada a inflação no período, cresceu 4,8% no trimestre terminado em julho ante o trimestre encerrado em abril. Já na comparação com o trimestre terminado em julho de 2021, houve elevação de 8% na renda média nominal.

Depois de descontada a inflação do período, a renda média real caiu 2,9% em relação ao trimestre encerrado em julho do ano passado, R$ 79 a menos.

“O peso da inflação acaba influenciando muito sobre a renda”, disse Beringuy. / Colaborou Guilherme Bianchini

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