Desemprego tem nona queda seguida e fica em 8,1%

Em igual período de 2021, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 11,6%, segundo dados do IBGE

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RIO E SÃO PAULO - A taxa de desemprego no País ficou em 8,1% no trimestre encerrado em novembro de 2022, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quinta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após nove meses seguidos de redução, o resultado desceu ao patamar mais baixo desde abril de 2015, quando também estava em 8,1%.

O total de pessoas trabalhando alcançou um recorde de 99,693 milhões no trimestre encerrado em novembro de 2022, 680 mil vagas a mais que no trimestre terminado em agosto. Já a população desocupada diminuiu em 953 mil pessoas em apenas um trimestre, totalizando 8,741 milhões de desempregados, menor contingente nessa situação desde o trimestre encerrado em junho de 2015.

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Apesar de o mercado de trabalho ter mantido um resultado considerado robusto em novembro, há indícios de que esteja começando a refletir a desaceleração da atividade econômica, na avaliação do economista João Savignon, da gestora de recursos Kínitro Capital. Se descontados os efeitos sazonais, ou seja, característicos dessa época do ano, a taxa de desemprego ficou estável em 8,5%, calculou a Kínitro.

“Ela vinha apresentando recuos e agora veio estável. Vemos o primeiro sinal da primeira perda de ímpeto de fôlego do mercado de trabalho, refletindo a dissipação dos efeitos defasados do período pré-eleitoral com estímulo da economia”, analisou Savignon. “Essa recuperação robusta do mercado de trabalho ainda reflete a atividade do terceiro trimestre. Nos próximos meses vamos ver perda de fôlego com a atividade desacelerando”, previu.

A resposta da economia brasileira no pós-pandemia foi fundamental para a recuperação do mercado de trabalho no País ao longo de 2022, principalmente através das contratações do comércio e serviços, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

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“A maior reação de serviços foi agora em 2022. Em 2021 ainda tinha algumas restrições importantes”, disse Beringuy.

A geração de vagas com carteira assinada no setor privado e a abertura de postos de trabalho no setor público contribuíram para um aumento da formalidade. O setor privado abriu 817 mil vagas com carteira assinada em apenas um trimestre. O setor público, que também proporciona vínculos formais aos trabalhadores, absorveu mais 171 mil pessoas.

A taxa de informalidade diminuiu a 38,9%. Ainda havia 38,808 milhões de trabalhadores atuando nessas condições, mas 499 mil a menos que no trimestre anterior.

“Ou seja, ela (ocupação) não foi impulsionada pela informalidade. Muito pelo contrário, a informalidade até mesmo caiu”, afirmou Adriana Beringuy, do IBGE. “O que levou à queda dos informais foi a retração do (trabalho por) conta própria sem CNPJ.”

Em um trimestre, embora tenha aumentado o número de empregados sem carteira assinada no setor privado e o de empregadores sem CNPJ, houve uma redução de 563 mil pessoas no trabalho por conta própria sem CNPJ.

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“A queda de trabalhadores por contra própria sem CNPJ, que caiu 3,5% ante junho de 2022, com ajuste sazonal, pode estar relacionada, ainda que parcialmente, a maiores transferências de renda do governo no período recente”, justificou o economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos, em comentário.

Margato também vê perda de tração na geração de emprego, que deve continuar em 2023, mas acredita que a recuperação da renda siga com fôlego até a metade do ano.

Massa de renda recorde

A massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 31,353 bilhões no período de um ano, para um ápice de R$ 272,998 bilhões, uma alta de 13,0% no trimestre encerrado em novembro de 2022 ante o trimestre terminado em novembro de 2021. Na comparação com o trimestre terminado em agosto, a massa de renda real subiu 3,8% no trimestre terminado em novembro, com R$ 10,084 bilhões a mais.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma elevação real de 3,0% na comparação com o trimestre até agosto, R$ 81 a mais, para R$ 2.787. Em relação ao trimestre encerrado em novembro do ano passado, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 7,1%, R$ 186 a mais.

Homem mostra carteira profissional; renda média real do trabalhador foi de R$ 272,998, segundo o IBGE Foto: Rafael Neddrmeyer/Fotos Públicas

O crescimento do rendimento médio real está relacionado à trégua da inflação registrada nos últimos meses, que proporciona ganhos reais, mas também à melhora na composição da ocupação. O número de trabalhadores atuando na informalidade diminuiu, ao mesmo tempo em que houve geração de vagas com carteira assinada no setor privado e o aumento nas contratações no setor público, o que tende a elevar o rendimento médio, lembrou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A renda nominal, ou seja, antes que seja descontada a inflação no período, cresceu 2,7% no trimestre terminado em novembro ante o trimestre encerrado em agosto, R$ 74 a mais. Já na comparação com o trimestre terminado em novembro de 2021, houve elevação de 14% na renda média nominal, R$ 343 a mais.

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“O rendimento passou o ano de 2021 registrando quedas importantes. A partir de 2022, passou a ter uma reação um pouco maior”, lembrou Beringuy.