Desemprego fica em 6,2% em dezembro, com primeira alta em oito trimestres de queda

Resultado, no entanto, foi o segundo melhor da série histórica iniciada em 2012; em 2023, taxa era de 7,4%

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RIO - A taxa de desemprego no País ficou em 6,2% no quarto trimestre de 2024, o segundo menor resultado em toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No trimestre móvel imediatamente anterior, encerrado em novembro de 2024, a taxa tinha sido ligeiramente mais baixa, de 6,1%, piso da série histórica. Ou seja, o ano encerrou com a primeira elevação após oito trimestres móveis consecutivos de quedas.

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No quarto trimestre de 2024, havia 103,818 milhões de trabalhadores ocupados, 789 mil vagas a mais que no terceiro trimestre. Já a população desocupada diminuiu em 178 mil pessoas em um trimestre, para um total de 6,823 milhões de desempregados. O avanço no emprego foi puxado pela formalidade. O total de pessoas com carteira assinada no setor privado subiu a um recorde de 39,237 milhões de trabalhadores, 274 mil vagas a mais em apenas um trimestre.

“O ano de 2024 encerrou com um desempenho surpreendente do mercado de trabalho brasileiro”, avaliou Luis Otávio Leal, economista-chefe da gestora de recursos G5 Partners, em comentário, mencionando a expressiva expansão da renda e da população ocupada. “Esse resultado positivo está relacionado ao bom desempenho da atividade econômica brasileira como um todo: demanda aquecida, renda e contratações formam um processo retroalimentativo. Para 2025, esperamos que o mercado de trabalho perca um pouco de tração, em linha com a nossa visão de desaceleração da atividade econômica”.

A G5 Partners prevê uma taxa de desemprego média próxima de 7,2% em 2025. No ano de 2024, a taxa anual média de desocupação foi de 6,6%, patamar mais baixo da série histórica anual iniciada em 2012. A população desocupada totalizou 7,4 milhões de pessoas em 2024, 1,1 milhão a menos que em 2023, recuo de 13,2%. Já a população ocupada subiu a um recorde de 103,3 milhões de pessoas em 2024, 2,6% maior que a de 2023. O nível médio da ocupação, que mostra a proporção de ocupados na população em idade de trabalhar, foi estimado em um recorde de 58,6% em 2024, ante 57,6% em 2023.

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Resultado em dezembro foi o segundo melhor desde 2012, mas há desaceleração Foto: Divulgação

“Na nossa visão, o mercado de trabalho continuará aquecido, e o Brasil deve manter a taxa de desemprego próxima a 6% no fim deste ano e do próximo – um patamar bastante baixo para os nossos padrões históricos. Este cenário de emprego forte ajuda a estimular a atividade econômica e o PIB (Produto Interno Bruto), mas dificulta o controle da inflação, que tem se mantido acima da meta. Isso reforça nossa expectativa de manutenção do ritmo de alta dos juros, que devem chegar a 15% em junho deste ano, de acordo com a nossa projeção”, estimou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

Para Adriana Beringuy, coordenadora da Pnad Contínua no IBGE, o resultado da taxa de desemprego em dezembro ligeiramente acima do registrado em novembro não significa uma perda de fôlego, uma vez que a taxa de desocupação permanece nos menores patamares da série. O IBGE pondera ainda que os dados dos trimestres terminados em novembro e em dezembro não são comparáveis entre si, uma vez que dois terços da amostra se repetem.

“A gente não tem como dizer nesse momento que está havendo perda de força do mercado de trabalho por conta dessa estabilidade da taxa de desocupação”, frisou Beringuy.

A pesquisadora do IBGE relata que atividades ligadas ao comércio eletrônico mostraram forte desempenho em contratações no trimestre móvel anterior, ou seja, pode ter havido uma antecipação na abertura de vagas para atender à demanda da Black Friday, que vem antecipando também o consumo de fim de ano, fazendo com que o emprego tenha atingido já em novembro “o pico da sazonalidade”.

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“Isso não representa uma retração do mercado (em dezembro), mas muito provavelmente uma antecipação essa sazonalidade de fim de ano. Ela pode ser um pouco antecipada, não necessariamente vai ser descarregada toda no mês de dezembro”, disse Beringuy.

Questionada sobre os reflexos da renda em patamar recorde, Beringuy confirmou que a elevação do rendimento pode contribuir para manter um ciclo virtuoso de consumo fomentando novos empregos no mercado de trabalho.

“Gera sim mais demanda por bens e serviços, e essa maior demanda acaba sendo atendida por quem produz esses bens e serviços, empresas e trabalhadores”, afirmou.

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A massa de salários em circulação na economia aumentou a um novo pico de R$ 339,451 bilhões no quarto trimestre de 2024, graças ao crescimento do número de ocupados e também pela alta dos rendimentos. A renda média dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 1,4% em um trimestre, R$ 47 a mais, para R$ 3.315 no quarto trimestre, próximo aos maiores níveis já vistos. Segundo o IBGE, a renda vem subindo devido a uma soma de fatores, entre eles o avanço na ocupação com carteira assinada e no setor público, mas também via valorização do rendimento dos informais, em meio a uma maior demanda por mão-de-obra.

“A previsão é de manutenção da desocupação em níveis baixos em 2025, o que pode intensificar a escassez de mão de obra, ampliando o poder de barganha dos trabalhadores, elevando custos produtivos e pressionando os preços”, estimou Lucas Assis, analista da Tendências Consultoria Integrada, em relatório.

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