Desemprego recua a 6,6% no trimestre encerrado em agosto, e número de trabalhadores é recorde

Taxa de desocupação no Brasil é a menor para o período na série histórica, iniciada em 2012, segundo o IBGE; País registrou 102,5 milhões de trabalhadores

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Atualização:

RIO - A taxa de desemprego no País desceu a 6,6% no trimestre terminado em agosto, o menor resultado para esse período do ano em toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O número de pessoas trabalhando alcançou um novo recorde: 102,517 milhões. Foram abertas 1,186 milhão de novas vagas em apenas um trimestre. Em um ano, mais 2,862 milhões de postos de trabalho foram gerados.

A população desempregada diminuiu a 7,281 milhões, menor contingente desde janeiro de 2015. Em um trimestre, 502 mil brasileiros deixaram de buscar uma vaga. Em um ano, a fila do desemprego encolheu em 1,130 milhão de pessoas.

“A população ocupada ganhou fôlego em agosto, mantendo-se em níveis historicamente altos”, ressaltou Rodolfo Margato, economista da gestora XP Investimentos, em comentário. “Não há alívio nas condições de emprego e renda, esperamos que o cenário exerça pressão adicional sobre a inflação adiante”, completou.

A taxa de desemprego atual no País remonta aos menores patamares da série histórica iniciada em 2012, fruto de um efeito acumulado de aumento da população ocupada há vários trimestres, explicou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. A taxa de desemprego mais baixa da série da Pnad Contínua foi de 6,3%, registrada no trimestre terminado em dezembro de 2013.

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Número total de trabalhadores chegou a 102,5 milhões no trimestre encerrado em agosto, segundo o IBGE Foto: Márcio Fernandes/Estadão

“Estamos próximos ao menor valor, mas ainda não é o menor valor”, lembrou Beringuy.

A pesquisadora do IBGE afirma que diversos setores da atividade econômica têm registrado expansão na demanda por trabalhadores. Há geração de vagas tanto formais quanto informais.

“A gente está diante de um cenário de um crescimento generalizado da ocupação na Pnad Contínua. Cresce com carteira, cresce sem carteira”, disse Beringuy. “A ocupação cresce acima do crescimento da população. O que isso denota? O mercado de trabalho aquecido. Ou seja, eu tenho geração de trabalho num nível suficiente de modo a dar conta do próprio crescimento da população. A taxa de crescimento da ocupação supera a taxa de crescimento da população em idade de trabalhar”, lembrou.

No trimestre terminado em agosto, houve contingente recorde de trabalhadores ocupados tanto no setor privado quanto no setor público. A abertura de novas vagas ocorreu via formalidade e informalidade.

O setor público ganhou 221 mil trabalhadores a mais no trimestre terminado em agosto, para um auge de 12,755 milhões de ocupados. Foram abertas 317 mil vagas com carteira assinada no setor privado, totalizando um ápice de 38,642 milhões de trabalhadores atuando com esse vínculo empregatício.

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Já o contingente de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado aumentou a 14,239 milhões de pessoas, também um recorde da série histórica, com 565 mil de vagas a mais nessa condição do que no trimestre anterior. Somando as demais modalidades de informalidade, havia um ápice de 39,826 milhões de cidadãos atuando como trabalhadores informais no País no trimestre até agosto de 2024.

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Para Lucas de Assis, analista da Tendências Consultoria Integrada, o mercado de trabalho mostra forte dinamismo tanto pelas quedas sucessivas no desemprego quanto pelos avanços nos rendimentos reais dos trabalhadores ocupados. Assis prevê um aumento de 7% na massa salarial em 2024, seguido por novo avanço de 4,0% em 2025.

“Embora positivo para a demanda, este quadro eleva os desafios à frente, seja em termos de dificuldades na obtenção de mão de obra e do ponto de vista dos riscos inflacionários, sendo que o aperto do mercado de trabalho é um dos fatores que embasam o recém-iniciado ciclo de aperto monetário”, avaliou Assis.

Com mais pessoas trabalhando, a massa de salários em circulação na economia alcançou novo ápice no trimestre encerrado em agosto: R$ 326,205 bilhões. Em um trimestre, a massa de renda real subiu 1,7%, R$ 5,530 bilhões a mais. Em um ano, a alta foi de 8,3%, R$ 24,909 bilhões a mais.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 0,6% na comparação com o trimestre até maio, R$ 19 a mais, para R$ 3.228. Em um ano, a renda média real subiu 5,1%, R$ 155 a mais.

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“Pela nossa projeção, a taxa de desemprego permanecerá em patamar baixo até o final de 2024, o que deve manter a massa salarial em alta e estimular a atividade econômica. Nossa previsão é que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça 3% em 2024″, estimou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário.

Outro reflexo positivo do mercado de trabalho aquecido foi o aumento na adesão às contribuições previdenciárias. O Brasil alcançou um recorde de 66,737 milhões de trabalhadores ocupados contribuindo para instituto de previdência no trimestre encerrado em agosto.

“Hoje a gente tem na pesquisa o maior número de pessoas ocupadas que contribuem para a Previdência”, apontou Adriana Beringuy, do IBGE.

A pesquisadora nota, porém, que a proporção de contribuintes entre os ocupados recuou de 65,3% no trimestre até maio para 65,1% no trimestre até agosto. Os dados mostram que aumentou mais o número de pessoas trabalhando do que o de contribuintes para previdência, o que teria influência do avanço da informalidade no mercado de trabalho no período.