RIO - A taxa de desemprego no Brasil recuou de 8,3% no trimestre terminado em maio para 8% no trimestre terminado em junho, a mais baixa para esse período do ano desde 2014, quando estava em 6,9%, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A melhora no mercado de trabalho veio com a abertura de 1,085 milhão de vagas no segundo trimestre. Com isso, a população ocupada chegou em junho com um contingente de 98,91 milhões, alta de 1,1% na comparação com março. Com relação a um ano atrás, houve alta de 0,7% ou 641 mil pessoas a mais de empregados.
A população desocupada, por sua vez, desceu a 8,6 milhões em junho, 785 mil a menos do que nos três primeiros meses do ano e 1,4 milhão a menos do que um ano atrás (-14,2%).
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“O segundo trimestre registrou recuo da taxa de desocupação, após crescimento no primeiro trimestre do ano. Esse movimento aponta para recuperação de padrão sazonal do indicador”, disse a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy
Segundo a pesquisadora, essa redução se deve à retomada de contratações após o movimento tradicional de dispensa de pessoas que tinham contratos temporários de fim de ano, desligamentos que aconteceram nos primeiros três meses de 2023.
Massa salarial ‘estagnada’
O aumento no número de brasileiros empregados, no entanto, não se refletiu em aumento significativo da massa salarial do País, mesmo em um cenário de estabilidade da renda média, disse Beringuy. A melhora do mercado de trabalho, portanto, veio sem qualidade no emprego.
O fato reflete o crescimento do perfil de novos empregados com remuneração baixa, além de aumento no número de empregos sem carteira assinada e, também, de informais.
Por isso, a massa salarial mensal ficou em R$ 284,148 bilhões no período, avanço de apenas 1% ou R$ 2,8 bilhões ante o trimestre fechado em março, o que o IBGE considera estabilidade. Já na comparação anual houve alta notável de 7,2% no montante ou mais R$ 19 bilhões. O rendimento médio, por sua vez, ficou em R$ 2.921,00, estável (-R$ 2,00) frente ao trimestre anterior e 6,2% na comparação anual.
Beringuy atribui esse descolamento entre aumento da ocupação e massa salarial ao aumento de empregados com salários baixos, como, por exemplo, trabalhadores domésticos, contingente que avançou 2,4% do primeiro para o segundo trimestre.
Com relação ao contingente sem carteira assinada no setor privado, o IBGE registra alta de 2,4% ou mais 303 mil pessoas no segundo trimestre ante o primeiro. Já no setor público, esse contingente sem carteira assinada subiu 13,6% na mesma comparação, o equivalente a 377 mil pessoas. Esses trabalhadores sem vínculo estatutário ou CLT no setor público, disse Beringuy, foram contratados sobretudo por prefeituras.
Por último, a taxa de informalidade avançou 0,2 ponto porcentual para 39,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro, embora fosse de 40,0% há um ano.
“O tipo de vínculo que se destaca como responsável pelo crescimento da ocupação vem de um dos segmentos da informalidade, que é o emprego sem carteira assinada”, reitera Beringuy.
Atividades
Nove das dez atividades da economia monitoradas pelo IBGE ficaram tecnicamente estáveis, com a maioria oscilando levemente o número de empregados para cima.
O único destaque na geração de empregos no trimestre terminado em junho foi o grupo Administração Pública, Saúde e Educação, cujo número de empregados subiu 4,2% ante os três meses até março, o equivalente a mais 716 mil vagas. Com isso, a atividade fechou o segundo trimestre com 17,88 milhões de pessoas em suas fileiras. Ante um ano atrás, o crescimento foi de 4,6% ou mais 793 mil empregos.
Essa alta de empregos da administração pública, educação e saúde, disse Beringuy, reproduz o padrão sazonal de retomada de vagas após dispensa de temporários no início do ano. Os principais vetores dentro desse grupo, acrescentou ela, foram as atividades de Saúde e Educação que têm as prefeituras como contratantes.
Desalento
O IBGE identificou 3,7 milhões de pessoas em situação de desalento no trimestre encerrado em junho. O resultado significa 199 mil desalentados a menos em relação a março, um recuo de 5,10%. Em um ano, 593 mil pessoas deixaram a situação de desalento, baixa de 13,90%.
A população desalentada é definida como aquela em idade ativa, mas que desistiu ou não procura emprego ou por não conseguir trabalho onde mora, não ter experiência, ou ser muito jovem ou idosa.
Subutilização
Ainda segundo o IBGE, “faltou” trabalho para 20,35 milhões de pessoas no País. Com isso, a chamada taxa composta de subutilização da força de trabalho passou de 18,9% no trimestre até março de 2023 para 17,8% no trimestre até junho.
Esse indicador inclui a taxa de desocupação, a de subocupação por insuficiência de horas e a da força de trabalho potencial, pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar. Há um ano, no trimestre terminado em junho de 2022, a taxa de subutilização da força de trabalho estava em 21,2%.
A população subutilizada caiu 5,7% nos três meses até junho ante março, 1,22 milhão de pessoas a menos. Em relação ao mesmo período de 2022, houve um recuo de 17,7%, menos 4,38 milhões de pessoas subutilizadas.
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