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Dividendos na carteira podem ser um diferencial

Especialistas avaliam importância da renda variável no longo prazo

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Por Estadão Blue Studio
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O investimento em ações pagadoras de dividendos é uma boa alternativa para jovens investidores que buscam aumentar sua renda passiva e se beneficiar dos retornos provenientes dos juros compostos no longo prazo. A avaliação é de Luís Otávio Leite, responsável pela mesa de operações da SWM|BTG Pactual. “As empresas que historicamente distribuem proventos robustos aos acionistas, em grande parte das vezes, são companhias consolidadas no seu modelo de negócio, apresentam lucros crescentes ao longo do tempo, além de serem resilientes mesmo em cenários econômicos adversos”, comenta o especialista.

Segundo Leite, o retorno médio obtido pelo investidor que alocou em um portfólio contendo as 10 empresas que mais distribuíram lucros aos investidores nos últimos 20 anos foi significativamente superior ao dos investimentos em renda fixa simples (CDI). Levantamento realizado pela Comdinheiro e citado por Leite mostra que, no acumulado de julho de 2008 até julho de 2023, o retorno do CDI foi de 284,33%, enquanto que o portfólio de dividendos chegou a 699,71%.

Apesar dos bons resultados, é importante sempre lembrar que retorno passado não é certeza de ganhos futuros. “É válido destacar a importância em realizar uma análise criteriosa para tomar qualquer decisão de investimento. Conhecer os fundamentos das empresas, buscar quantificar o potencial de crescimento do negócio, assim como diversificar o portfólio em outras estratégias, são fatores importantes para reduzir os riscos de mercado no curto prazo e maximizar o retorno a longo do tempo”, alerta Leite.

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Divulgação Foto: Arte Estadão Blue Studio

Ricardo Schweitzer, CEO da consultoria que leva o seu nome, por sua vez, considera que o potencial de distribuição de dividendos pode ser levado em conta numa alocação para jovens, mas não deveria ser o único fator. “À medida que o prazo de investimento é bastante longo, mais importante do que a distribuição de proventos a curto prazo é a capacidade de reinvestimento dos recursos da empresa para geração de retornos constantes ou crescentes sobre uma base de capital ainda maior”, afirma o especialista. “Por outro lado, algum nível de distribuição de dividendos é boa sinalização de saúde financeira da empresa. Já uma distribuição excessiva em relação ao lucro total pode sugerir inexistência de bons projetos para reinvestimento, o que levanta dúvidas sobre a sustentabilidade do negócio a longo prazo”, pondera.

Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, concorda que ações que pagam bons dividendos tendem a ser bem precificadas pelo mercado. “Isso porque dividendos altos mostram que a empresa está com fluxo de caixa saudável, não está passando por problemas de fluxo de caixa, essa é uma boa sinalização”, diz.

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Para ele, uma análise importante que o investidor deve fazer é com relação ao fluxo de caixa e ao volume de investimento que a empresa vai fazer daqui para a frente. “Às vezes a empresa tem intenção de aumentar os investimentos em algum projeto que pode durar dois ou três anos de Capex mais elevado e, com isso, a empresa que está pagando bons dividendos poderá reduzir o volume pago aos acionistas.” Esse risco de execução de novos investimentos pode deixar o mercado receoso e ser precificado nas ações se surgir dúvida se o projeto é bom ou não.

O sentido oposto, segundo o especialista, também é verdadeiro. “Se a empresa estiver terminando um ciclo de investimento mais robusto, pode ser que o pagamento de dividendos suba”, analisa Piovesan.

Setores

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Antes de escolher o setor para fazer os aportes de recursos, Piovesan avalia que é importante o investidor verificar o estágio de maturidade da companhia. “Em tese, empresas mais maduras vão reduzindo volume de investimentos, porque passam a crescer menos e aumentar o pagamento de dividendos. O contrário é verdadeiro. Empresas que vislumbram crescimento maior, que decidem entregar agenda de crescimento, vão pegar esse lucro e destinar maior parte para Capex, investimento, e reduzir os dividendos. O ciclo de vida da empresa é o mais importante para quem olha para dividendos”, diz.

Historicamente o setor de utilities – energia elétrica, saneamento, telecom – paga bons dividendos por serem negócios mais resilientes e com uma variação de fluxo de caixa e de resultados bem pequena. São setores bem pouco cíclicos. O segmento de commodities também é tradicional por pagar bons dividendos, só que são setores mais cíclicos e o pagamento dos dividendos costuma seguir essas oscilações.

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