PUBLICIDADE

Publicidade

Do fogão a lenha ao cooktop: como a Atlas se prepara para enfrentar a concorrência asiática

Companhia brasileira, fundada em 1950 em Pato Branco (PR) e líder em fogões populares, terá este ano recorde de lançamentos de produtos na área de cocção para se se proteger do avanço das multinacionais

Foto do author Márcia De Chiara

Em meio a uma queda de cerca de 10% no mercado fogões registrada no ano passado e no primeiro trimestre deste ano, a Atlas Eletrodomésticos, fabricante nacional e líder com 37% das vendas do produto, não quer ser mais só fogão.

A companhia da família Petrycoski, que em 1950 começou no negócio de cocção fabricando fogão a lenha, em Pato Branco, no Sudoeste do Paraná, e em 1988 foi para o fogão a gás, neste ano inicia uma nova etapa. Começa a produzir coifas, depuradores, fornos de embutir e cooktops a gás e elétrico. “Há um mar de oportunidades”, afirmou ao Estadão o CEO da companhia, Marcio Veiga.

Marcio Veiga, CEO da Atlas Eletrodomésticos, que diversificando e sofisticando os produtos Foto: Ederson Hartmann/Divulgação

PUBLICIDADE

O foco principal da empresa neste momento é explorar o mercado de itens relacionados à cocção. Neste ano, serão 40 lançamentos, um volume recorde na história da empresa. A maior parte dos novos produtos leva a marca Dako, adquirida pela empresa 2017 da sueca Electrolux, que havia arrematado em leilão a marca da mexicana Mabe, que foi à falência.

Metade dos lançamentos já está no mercado. O restante chega ao varejo no segundo semestre. O executivo conta que haverá novidades no segmento de fornos, diz que não tem planos de produzir micro-ondas, mas admite que estuda o mercado de fritadeiras (airfryer).

A decisão de diversificação, segundo ele, não está ligada à uma questão conjuntural, de juros altos e queda na venda. O executivo argumenta que, há 73 anos no mercado, a empresa enfrentou vários ciclos de alta e de baixa da economia e que esta acostumada com essas oscilações.

Investimentos estavam focados em capacidade

A companhia, de capital fechado e que emprega 2 mil trabalhadores, não revela quanto fatura. Nos últimos quatro anos, investiu cerca de R$ 100 milhões na ampliação da capacidade de produção da fábrica. A unidade de Pato Branco hoje está apta a produzir 3 milhões de unidades de produtos por ano, mas utiliza entre 75% a 80% da capacidade.

“O que fizemos agora foi segurar investimentos em ampliação da fábrica e concentrar esforços em produto, porque, na nossa visão isso vai fazer nos destacarmos em relação à concorrência”, afirma. Para os lançamentos deste ano foram gastos R$ 15 milhões.

Publicidade

Aliás, concorrência é o que não falta no segmento de fogões. O mercado de produtos para média/ baixa renda, no qual a empresa originalmente atua com a marca Atlas, é muito disputado, sobretudo pelas marcas regionais. Veiga enumera quase dez marcas, incluindo os fogões fabricados pelas grandes multinacionais como Whirlpool e Electrolux.

No momento, o executivo acompanha com atenção os movimentos das gigantes asiáticas, como a Panasonic, Samsung e Midea, que ocorrem nos segmentos de refrigeração e lavanderia. Por ora, segundo ele, não há investidas dessas empresas no segmento de fogões. “Mas não tenho dúvida de que isso vai acontecer em algum momento, por isso é preciso se diferenciar e ter produtos que atendam aos consumidores para se manter na liderança.”

A companhia já vinha experimentando novos produtos, mas não com a velocidade atual. Veiga diz que a empresa foi pioneira na produção de fogões de piso com mesa de vidro e hoje detém 50% desse mercado.

O cooktop elétrico (por indução), por exemplo, lançado neste ano, tem como pano de fundo as novas tendências, isto é, o avanço do uso de fontes de energia sustentáveis como a solar. Ao preço de R$ 1.500, não se trata de um produto barato. O valor não é comparável ao modelo de fogão de entrada da marca Atlas, vendido por R$ 659 no varejo, que saiu de linha por causa da alta do preço do aço, mas voltou a ser fabricado no ano passado. O executivo admite que a empresa, que tem sua origem ligada ao fogão a lenha, está diversificando e sofisticando seus produtos para enfrentar a concorrência, seguindo o exemplo de outras companhias tradicionais.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.