Dólar sobe para R$ 5,35 com ruídos na área fiscal, expectativa de juros americanos e eleições na UE

Moeda chegou a bater R$ 5,389; valorização no mercado internacional e questões internas pressionam a cotação

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Por Redação
Atualização:

O dólar começou a semana pressionado pela combinação entre fatores internos e externos. A moeda americana chegou a bater R$ 5,389 na manhã desta segunda-feira, 10, o maior nível desde 5 de janeiro de 2023. A postura mais defensiva do mercado antes da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano), na quarta-feira, e a instabilidade política após o resultado das eleições para o Parlamento Europeu, que indicou enfraquecimento dos governos de Alemanha e França, deu força ao dólar, que no início desta tarde estava cotado em R$ 5,35, com alta de 0,59%.

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Por aqui, questões envolvendo a política fiscal do Governo Lula tem sido um ingrediente a mais para elevar a cotação da moeda. Na sexta-feira, o dólar já havia registrado um pico de alta após o ministro da Fazenda Fernando Haddad participar de um evento fechado no banco Santander. A moeda americana subiu 0,5%, de R$ 5,25 para R$ 5,32.

No encontro, Haddad afirmou que há um conjunto de alternativas a serem levadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso de o crescimento das despesas obrigatórias do governo consumir o espaço para as despesas discricionárias (não obrigatórias, como recursos para custeio e investimentos) dentro da regra fiscal. Ele também não se comprometeu de forma explícita a respeitar o crescimento máximo de despesa, mas não disse que alteraria o arcabouço fiscal, um dos temores do mercado.

Dólar sobe por causa de fatores externos e internos Foto: Public Domain

Em entrevista à impressa, após a reunião, Haddad reclamou do vazamento de “informações falsas”, negou mudanças no arcabouço e garantiu que, no encontro, havia dito que está disposto a contingenciar gastos.

O diretor de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, diz que o mercado vem acompanhando a valorização do dólar no exterior e continua preocupado com ruídos fiscais internos. Há expectativas sobre as negociações de Haddad com o Congresso em torno da Medida Provisória que restringe o uso dos créditos de PIS/Cofins, editada para compensar o custo da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e de municípios menores. A mudança começou a valer na última semana.

A medida do governo restringe o uso de créditos de PIS/Cofins pelas empresas de diversos setores para compensar o pagamento de outros tributos. Uma reação imediata à medida pode ser a elevação do preço da gasolina, do etanol e do diesel a partir desta terça-feira, 11, de acordo com distribuidoras e representantes de postos de combustível. Isso tende a afetar na ponta as expectativas de inflação e juros.

Além da questão fiscal, há uma piora das expectativas em relação à inflação e aos juros. Segundo o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, a projeção de inflação para este ano foi elevada pela quinta semana consecutiva. Para 2024, a estimativa passou de 3,88% para 3,90%. Um mês antes, a mediana era de 3,76%. Para 2025, foco principal da política monetária, a estimativa passou de 3,77% para 3,78%, ante 3,66% de um mês atrás. Apesar da continuidade da desancoragem das expectativas de inflação, o mercado manteve a projeção da Selic para 2024 em 10,25% ao ano. Há um mês, o patamar era de 9,75%.

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O ministro da Fazenda disse mais cedo que não teme um repasse de preço ao consumidor por aumento de custo que as empresas alegam que a Medida Provisória do crédito de PIS/Cofins vai gerar. Na avaliação de Haddad, isso não irá acontecer porque a devolução dos créditos continua garantida. Ele voltou a explicar que a Receita identificou um problema na sistemática de compensação e que quer dar transparência ao tema, assim como avançar com uma nova sistemática de devolução do PIS/Cofins na exportação.

Do lado externo, o euro também está sendo pressionado frente a divisa americana pelo avanço da extrema direita nas eleições parlamentares da União Europeia, o que levou o presidente da França, Emmanuel Macron, a convocar eleições legislativas antecipadas.

Investidores ecoam também os números de geração de empregos nos EUA em maio acima das expectativas, divulgados na sexta-feira, que sugerem pouco espaço para o Fed reduzir os juros neste ano. A expectativa é a de que o banco central americano deverá deixar seus juros inalterados pela sétima vez consecutiva nesta semana.

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