O grupo Whirlpool, de eletrodomésticos, está pensando em usar o yuan chinês para importar peças para a Argentina. O caso não é isolado, já que o dólar está escasso no país e está levando empresas a usarem a moeda chinesa. O movimento indica as dificuldades financeiras da Argentina e as ambições da China para o yuan. No país sul-americano, o yuan é uma solução rápida para manter a indústria em um momento com alta inflação e instabilidade política, segundo reportagem da Bloomberg.
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No começo de junho, a Argentina e a China renovaram o acordo de swap cambial, que permite usarem yuan, em vez de dólar, nas relações comerciais entre os dois países. O comunicado oficial divulgado pelo BC argentino menciona “a renovação antecipada do swap de 130 bilhões de yuans pelo prazo de 3 anos” e, além disso, “um procedimento de ampliação” dos montantes de disponibilidade imediata “de 35 mil a 70 mil bilhões de yuans”, equivalente a cerca de 10 bilhões de dólares.
Mais de 500 empresas argentinas pediram para pagar as importações em yuan, segundo a reportagem da Bloomberg. As empresas são de eletrônicos, autopeças, fabricantes de têxteis, petróleo e mineração, de acordo com a alfândega do país. As autoridades também autorizaram pagamentos de importações na moeda chinesa equivalentes a US$ 2,9 bilhões, segundo o banco central.
Autorização
Na sexta-feira, 23, a Comissão de Valores da Argentina autorizou a negociação de instrumentos de renda fixa liquidáveis em yuans, o que visa promover a compra para fins de proteção da moeda chinesa, em substituição ao dólar.
O regulador do mercado argentino introduziu alterações às regras que regulam a compra e venda de títulos negociáveis de renda fixa, permitindo que estes, no momento em que são vendidos, possam ser liquidados em yuans.
Na prática, essa medida permite a realização de operações semelhantes às que muitos investidores argentinos, com acesso limitado a bancos e casas de câmbio para comprar dólares, fazem nos mercados financeiros para conseguir a moeda americana para fins de proteção.
A Comissão de Valores disse em comunicado que a medida atende a um pedido do Banco Central da Argentina, “que desde outubro de 2020 realiza operações para desenvolver os mercados de câmbio à vista e futuros de yuans RMB, a fim de proporcionar estabilidade financeira e fortalecimento das reservas”.
As mudanças regulatórias introduzidas pelo regulador “contribuem para a possibilidade de que os participantes do mercado de capitais argentino possam operar diferentes instrumentos financeiros denominados em yuans RBM de forma conjunta, obtendo produtos financeiros sintéticos, isolando e delimitando os riscos aos quais desejam se expor”, destacou a Comissão de Valores. /Com informações de Bloomberg e EFE
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