Incerteza fiscal após pacote leva dólar acima de R$ 6,10 e eleva pressão sobre BC; juro futuro sobe

Moeda americana opera nos maiores níveis históricos, em termos nominais; juro futuro já chega à casa dos 14,75%

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Por Redação
Atualização:

O mau humor do mercado financeiro com o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo federal, que levou o dólar ontem à casa dos R$ 6, se mantém nesta sexta-feira, 29. O dólar abriu em alta novamente e atingiu a casa dos R$ 6,11 às 10h15. É o maior patamar histórico, em termos nominais. Os juros futuros também sobem: os DIs para janeiro de 2026 e 2027 têm taxas acima de 14%.

Ontem, os juros futuros já tinham disparado, e a curva do mercado passou a apontar para uma Selic de 14,75% em meados de 2025 - fim do ciclo de alta dos juros, após o anúncio dos cortes de gastos e isenção de imposto para quem ganha até R$ 5 mil a partir de 2026. Essa curva também apontava 72% de chance de aumento de 0,75 ponto porcentual na Selic na reunião de dezembro do Copom e de 1 ponto para as reuniões de janeiro e março do Copom. Ou seja, uma piora significativa das expectativas.

Dólar passou da casa dos R$ 6 Foto: Pedro Kirilos/Estadão

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Economistas contestam a economia de R$ 71,9 bilhões anunciada pelo Executivo com o pacote de corte de gastos. Para a Warren Investimentos, a economia do pacote deve ser de 62% do valor anunciado, ou cerca de R$ 45 bilhões. O Itaú Unibanco calcula um potencial de economia de R$ 53 bilhões nos próximos dois anos, 2025 e 2026, enquanto nas contas da Monte Bravo, as medidas resultarão numa contenção de despesas em torno de R$ 40 bilhões a R$ 45 bilhões.

Nesse cenário entra também o discurso de ontem de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central. Ele enfatizou, em evento do Esfera Brasil, que o BC segue comprometido com a meta de inflação de 3%, mesmo em um cenário de desancoragem das expectativas inflacionárias, que ele classificou como uma preocupação significativa para o BC.

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Com uma economia aquecida, crescimento surpreendente e desemprego baixo, Galípolo reforçou a necessidade de uma política monetária mais restritiva - o que significa juros ainda mais altos. Ele comparou o papel do BC ao de “chato da festa”, que diminui o som quando as coisas parecem estar indo bem. “Mas isso acontece para desacelerar e as coisas não saírem do controle”, disse.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, por sua vez, atribuiu ao BC a responsabilidade pela alta do dólar. “Estamos em contagem regressiva para ter não um Banco Central que seja com olhar para o Executivo, mas um Banco Central que tenha um olhar para o Brasil”, acrescentou. / Silvana Rocha e Maria Regina Silva

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