Após um período de considerável estabilidade em que a taxa de câmbio flutuou dentro do intervalo entre R$ 4,90 e 5,00, o dólar disparou e chegou a encostar em R$ 5,30 em 16 de abril.
Três grandes fatores explicam esse movimento. Em primeiro lugar, dados recentes reforçam a dificuldade de conclusão do processo de desinflação nos EUA. Com isso, apostas para o início do ciclo de cortes de juros foram de junho para o fim do ano ou 2025, com cortes menores. Juros altos nos EUA acabam direcionando recursos para lá (particularmente em ativos de baixo risco).
Em segundo lugar, o acirramento dos conflitos no Oriente Médio, após o ataque direto do Irã a Israel, aumentou a incerteza. Seja por possibilidade de dificuldades na oferta de petróleo, entraves em rotas de comércio internacional ou o potencial de o conflito escalar, o cenário também estimula a procura por ativos de menor risco.
Finalmente, mudanças na política fiscal brasileira desempenharam papel central. Ao anunciar que a meta de superávit de 0,5% do PIB dará lugar ao déficit zero em 2025, o governo contribuiu para aumentar as desconfianças do mercado, que reagiu com saída de recursos.
Dada a complexidade do contexto, a clássica pergunta “até onde vai o dólar” não é a mais correta a ser feita. Em um cenário moderadamente otimista, incluindo queda de juros nos EUA este ano, estabilidade geopolítica relativa e alguma recuperação de credibilidade na política econômica doméstica, seria compatível com o retorno gradual da taxa de câmbio para próximo dos R$ 5,00 por dólar. Já no cenário mais estressado, a conversão poderia se aproximar dos R$ 6,00.
Por isso, a pergunta mais pertinente é: minha carteira está adequada à volatilidade do mercado cambial? Mesmo após os movimentos recentes, ter posicionamento estratégico em dólar e ativos dolarizados na carteira continua sendo a melhor forma de buscar proteção contra a volatilidade cambial. Se você ainda não tem investimentos globais, a melhor hora para começar é sempre agora.
*Caio Fasanella é diretor executivo e head da área de investimentos na Nomad
** Danilo Igliori é economista-chefe da Nomad
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