Pressões externas e falas de Lula elevam dólar ao maior patamar desde 2022

Moeda americana havia começado a semana num movimento de trégua, mas mudou de rumo nos últimos dois dias

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Por Redação
Atualização:

Após a trégua de segunda-feira, 24, em que recuou para R$ 5,39, o dólar voltou a ser pressionado nesta quarta-feira, 26, e fechou em R$ 5,5194, uma alta de 1,19%. É o maior patamar desde 18 de janeiro de 2022. O Ibovespa, principal indicador da B3, inverteu o movimento e, após cair durante a manhã, fechou em alta de 0,25%, para 122.641,30 pontos.

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Além da tendência externa de valorização, a moeda americana reflete também os efeitos das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre gasto público e autonomia do Banco Central.

Em entrevista ao portal UOL, o presidente afirmou que o governo está fazendo uma análise sobre os gastos públicos para verificar se há exageros e desperdício em alguma área. Segundo ele, no entanto, essa avaliação ocorre sem considerar os humores do mercado. O presidente emendou ainda que há muitos outros países que gastam muito mais que o Brasil.

Lula afirmou ainda que não é possível desvincular o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a pessoas idosas e de baixa renda com deficiência, e as pensões da política de valorização do salário mínimo. “Não é (possível), porque não considero isso gasto, gente. A palavra salário mínimo é o mínimo que a pessoa precisa para sobreviver.”

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Para analistas, as falas do presidente colocam por terra uma das medidas que vendo sendo discutidas para equilibrar as contas públicas.

Segundo especialistas, essas declarações acabam criando desconfiança em relação à condução das políticas econômicas do País, tanto a política fiscal quanto a política monetária. Até as 10h15, a moeda brasileira exibia o segundo pior desempenho entre as moedas emergentes, atrás do peso colombiano.

Dólar também tem forte alta em relação a demais moedas Foto: Public Domain

Ao Estadão/Broadcast, o analista de mercado da Stonex, Leonel Mattos, afirmou que o mercado está reagindo à aversão ao risco em relação aos ativos brasileiros. A aversão ao risco geralmente ocorre quando investidores estão preocupados com a estabilidade econômica e política do País, bem como com possíveis mudanças nas políticas econômicas que podem afetar os investimentos. “Há pessimismo e desconfiança em relação à condução das políticas fiscal e monetária, mas com maior peso para o fiscal”, analisa.

Mercado internacional

No mercado externo, no entanto, o dólar avança em especial frente ao euro, em meio a temores de que a extrema direita tenha ganhos significativos nas eleições legislativas da França, cujo primeiro turno está marcado para o fim de semana.

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Além disso, o dólar atingiu o maior nível ante o iene desde 1986, cotado a 160,39 ienes. Em nota, o Brown Brothers Harriman (BBH) observa que divergências entre juros continuam a apoiar o dólar, enquanto os mercados permanecem atentos à possibilidade de intervenção do Banco do Japão (BoJ) no câmbio.

Na terça-feira, 25, o secretário-chefe do gabinete do Japão, Yoshimasa Hayashi, afirmou que o governo está monitorando de perto a volatilidade excessiva do iene e tomará medidas apropriadas para lidar com ela.

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