Dólar supera R$ 3,50 pela 1ª vez desde 2016

Moeda americana fechou o mês com alta de 6,08%, influenciada pelo cenário externo e pela expectativa de elevação da taxa de juros nos EUA

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O dólar voltou a fechar em alta em relação ao real. A moeda americana atingiu ontem R$ 3,5042, valorização de 1,2%, em um dia de negócios mais fracos por causa do feriado. Foi a primeira vez desde 3 de junho de 2016 (R$ 3,5252) que a moeda terminou acima dos R$ 3,50. A divisa chegou a superar este patamar neste ano somente nas negociações feitas durante o dia. No mês, a moeda acumulou um ganho de 6,08%.

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O motor dessa valorização veio basicamente do cenário externo. Nos Estados Unidos, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) teve alta de 2% em março, na comparação anual, e ficou estável em relação ao mês anterior, segundo dados do Departamento do Comércio. O PCE é a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que tem meta de inflação de 2% ao ano.

A importância de indicadores de inflação dos Estados Unidos cresce à medida que se aproxima a data da decisão de política monetária do Fed, marcada para amanhã. Investidores esperam encontrar no comunicado da decisão do Fed algum indicativo dos próximos passos da autoridade monetária na condução dos juros locais. Quanto mais os juros dos EUA aumentam mais os investidores migram para o mercado americano, o que tem influência direta em todo o mundo.

Segundo José Carlos Amado, operador da Spinelli Corretora, a semana “pré-Fed” deve ser marcada pela cautela do investidor. Isso porque, além da decisão de política monetária, está prevista também para esta semana a divulgação do relatório de empregos “payroll”, que trará dados do mercado de trabalho capazes de influenciar as decisões futuras do Fed. O dado sai na sexta-feira, dois dias depois da reunião do BC dos EUA. Na quarta-feira será conhecido o dado do setor privado, divulgado pela ADP, considerado uma espécie de prévia do payroll. 

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A chegada do dólar ao patamar dos R$ 3,50 trouxe de volta às mesas de operação as especulações em torno da possibilidade de o Banco Central atuar no mercado de câmbio. O presidente do BC, Ilan Goldfajn, vem relembrando reiteradamente que a autoridade monetária tem mecanismos para conter distorções no mercado. Uma intervenção, dizem operadores, pode sinalizar o intervalo que o BC considere confortável para as cotações. 

Bolsa. O Ibovespa, principal indicador da Bolsa paulista (B3), chegou a ensaiar alta na abertura dos negócios de ontem, mas fechou o último pregão de abril em queda de 0,38%, aos 86.115,49 pontos. Mesmo assim, acumulou ganhos de 0,88% no mês e segue com rentabilidade de dois dígitos no ano, com valorização de 12,71%. Em dia de agenda fraca no mercado doméstico, a bolsa brasileira foi basicamente influenciada pelo cenário externo, principalmente as Bolsas em Nova York. Na parte da tarde, o Ibovespa renovou mínimas, à medida que os índices em Nova York ampliavam as perdas.

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