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‘É hora de o BC agir para evitar crise financeira mais grave’, afirma CEO do BR Partners

Ricardo Lacerda, fundador do banco de investimentos, diz que últimos números de inflação permitem corte de 0,5 ponto porcentual na Selic, na reunião do Copom desta semana

Foto do author Beatriz Bulla
Atualização:
Foto: JF DIORIO / ESTADÃO
Entrevista comRicardo LacerdaFundador e CEO do BR Partner

Para Ricardo Lacerda, fundador e CEO do banco de investimento BR Partners, há espaço para o Banco Central cortar em 0,5 ponto porcentual a taxa básica de juros, Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária que acontece nesta semana. “Os últimos números de inflação permitem essa conclusão. Nós ainda estamos num ambiente de alta inadimplência, tanto em pessoas jurídicas quanto físicas. É hora de o Banco Central agir para evitar uma crise financeira mais grave.”, afirma o banqueiro, em entrevista ao Estadão.

Lacerda não é o único banqueiro a afirmar que as condições da economia permitem um corte superior a 0,25 ponto porcentual nesta semana. Há cerca de um mês, durante um evento, o presidente do conselho de administração e sócio sênior do BTG Pactual, André Esteves, disse que preferiria um corte de 0,5 a um de 0,25 ponto porcentual.

Em entrevista ao Estadão, Lacerda, que no ano passado declarou voto no ex-presidente Jair Bolsonaro, afirma estar otimista com o momento atual da economia brasileira, que permite o afrouxamento da política monetária. “O arcabouço fiscal e a reforma tributária tiraram o risco de descontrole fiscal e abriram espaço pra queda nos juros. Estamos entrando num ciclo muito virtuoso”, afirmou, sobre os primeiros meses do governo Lula.

Ricardo Lacerda, sócio fundador do banco de investimentos BR Partners Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

Confira a íntegra da entrevista:

Há um bom humor entre parte do setor privado e economistas com o momento atual da economia brasileira. O sr. compartilha desse bom humor?

Eu estou bastante otimista. O Brasil hoje é uma das melhores combinações de crescimento e inflação que temos no mundo. A saída da pandemia não foi fácil para ninguém, mas o Brasil fez os ajustes na hora certa e agora estamos colhendo os frutos. Estamos prontos para iniciar uma fase de afrouxamento da política monetária que pode nos levar a um período mais prolongado de crescimento.

O que o sr. espera da próxima reunião do Copom? Há condições macroeconômicas presentes para reduzir os juros?

Eu creio em uma redução de 0,50 ponto porcentual em agosto. Os últimos números de inflação permitem essa conclusão. Nós ainda estamos num ambiente de alta inadimplência, tanto em pessoas jurídicas quanto físicas. É hora de o Banco Central agir para evitar uma crise financeira mais grave.

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Como avalia a condução da economia no governo Lula até agora?

O balanço é bem positivo. A despeito de alguns ruídos e um discurso muitas vezes nonsense por parte de petistas históricos, o governo tem feito um bom trabalho. O arcabouço fiscal e a reforma tributária tiraram o risco de descontrole fiscal e abriram espaço pra queda nos juros. Estamos entrando num ciclo muito virtuoso.

O que espera do atual governo, na economia?

O ministro (Fernando) Haddad fez um golaço ao estabelecer a meta de recuperar o grau de investimento. Se conseguirmos isso até o final desse terceiro mandato do Lula estaremos numa posição única para atrair investimentos vultuosos que vão gerar empregos, renda e crescimento.

Ricardo Lacerda, do BR Partners Foto: JF Diorio/Estadão

O ciclo virtuoso que o sr. menciona é capaz de levar a economia a um crescimento sustentável no longo prazo? Ou ainda é circunstancial?

Vai depender das reformas adicionais que o governo conseguir viabilizar. O Brasil precisa de uma reforma administrativa com urgência, pra dar mais eficiência ao Estado e atualizar as carreiras públicas, que estão defasadas para o mundo atual. O governo atual acredita em um Estado grande, então precisa torná-lo mais eficiente. Como sonhar não custa, seria desejável uma reforma política também, com o fim da reeleição e uma regulação mais rígida de partidos políticos.

O que o Sr. espera da segunda etapa da reforma tributária, sobre a renda, que deve ser discutida neste semestre no Congresso?

Eu acho que o caminho é tributar mais a renda e menos a produção e o consumo mesmo. Não há como discordar desse princípio. Mas há muita incerteza e a impressão que tudo está sendo feito com uma certa dose de casuísmo simplesmente para aumentar impostos. Isso é muito ruim. O governo precisa mostrar que vai incentivar a produção, o emprego e o consumo, reduzindo o imposto de renda da pessoa jurídica. Sem isso podemos causar o efeito contrário do esperado, reduzindo o investimento.

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