Economia em queda na China: o que os números mais recentes estão indicando

Houve uma ligeira melhora nos indicadores em agosto, mas mercado imobiliário continua causando preocupações

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Por Keith Bradsher

THE NEW YORK TIMES – Os trens, os aviões, as lojas e as praias da China estavam um pouco mais cheios no mês passado do que há um ano, e o ritmo das atividades cresceu nas fábricas, principalmente naquelas que fabricam celulares e semicondutores.

Um conjunto de números divulgados semana passada pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China mostrou uma melhoria geral discreta nas vendas do varejo e na produção industrial do país durante agosto. Uma série de providências simples tomadas pelo governo durante o verão, incluindo duas rodadas de cortes nas taxas de juros, parece estar rendendo uma melhoria ligeiramente acima do esperado na economia do país.

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“A economia nacional acelerou sua recuperação, a produção e a oferta aumentaram de forma contínua e a demanda do mercado melhorou gradualmente”, disse Fu Linghui, diretor de estatísticas econômicas da China, durante uma entrevista coletiva.

No entanto, muitos economistas estrangeiros mostraram-se mais comedidos.

“Alguns podem achar que a economia da China já chegou ao fundo do poço, mas continuamos cautelosos”, disse uma nota de pesquisa do Nomura, um banco japonês.

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O setor imobiliário continua em risco.

Os grandes problemas do setor imobiliário da China continuam a tirar boa parte do brilho das perspectivas econômicas do país. O investimento imobiliário despencou aproximadamente 20% em agosto em relação ao mesmo mês do ano anterior, uma redução ainda maior que a de julho.

Os canteiros de obras pela China parecem estar menos atarefados, embora as atividades não tenham parado completamente e as gruas de torre continuem sendo vistas no horizonte.

O investimento imobiliário despencou aproximadamente 20% em agosto em relação ao mesmo mês do ano anterior Foto: Tingshu Wang/Reuters

A construção de novas torres de apartamentos tem enfraquecido devido à queda dos preços dos apartamentos.

Com base nos dados divulgados sexta-feira em relação aos preços dos novos apartamentos em 70 grandes e médias cidades em todo o país, o Goldman Sachs calculou que os preços estavam caindo em agosto a uma taxa anual ajustada sazonalmente de 2,9%, em comparação com 2,6% em julho.

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Entretanto, as estatísticas a respeito dos novos apartamentos subestimam consideravelmente a velocidade e a magnitude das quedas de preços, já que os governos locais pressionaram bastante as incorporadoras para não reduzirem os preços.

Os preços dos imóveis existentes em cem cidades da China caíram em média 14% no início de agosto, em relação ao pico registrado dois anos antes, de acordo com o Instituto de Pesquisa Beike, empresa de pesquisa da cidade de Tianjin. O valor dos aluguéis caiu 5%.

O setor de construção e outras atividades relacionadas a ele, como projetos de obras públicas, são responsáveis por pelo menos 25% da economia chinesa. O governo tentou compensar a queda na construção de apartamentos exigindo que os municípios e as províncias, já profundamente endividados, realizassem uma onda de grandes projetos alimentados pela dívida, incluindo novos metrôs, sistemas de abastecimento de água, rodovias, parques públicos, linhas ferroviárias de alta velocidade e outras infraestruturas.

Os bancos estão sendo pressionados

Os bancos da China, que concederam empréstimos às incorporadoras imobiliárias, dezenas das quais deram calote no pagamento da dívida, estão em perigo. Assim como aqueles que realizaram empréstimos para os governos locais e as empresas financeiras coligadas a eles e envolvidas no setor imobiliário. Os bancos estão autorizados a exigir o pagamento imediato se as obras de um imóvel estiverem paradas, mas estão relutantes em fazer isso. A demanda por novos empréstimos para o setor imobiliário continua fraca.

O banco central chinês anunciou na quinta-feira que estava liberando os bancos para acumular reservas menores e começar a conceder mais crédito. A medida foi vista por muitos como destinada a acomodar uma grande remessa de emissão de títulos pelos governos locais e provinciais para pagar seus projetos de infraestrutura.

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O investimento em ativos fixos foi controlado devido aos problemas no setor imobiliário.

O investimento geral naquilo que é conhecido como ativos fixos aumentou 3,2% nos primeiros oito meses deste ano, em comparação com o mesmo período no ano passado – as despesas com infraestruturas e alguns investimentos em fábricas compensaram a queda brusca com os imóveis. O ritmo das atividades durante agosto registrou uma desaceleração de 3,4% em relação ao mês anterior.

A produção de semicondutores subiu 21,1% em agosto, em comparação com 2022. O governo subsidiou mais fortemente a fabricação de chips, já que os Estados Unidos restringiram a exportação para a China de alguns dos chips de computador de maior velocidade e dos equipamentos para fabricá-los.

O valor da produção industrial da China, um indicador das atividades nas fábricas, aumentou 4,5% em agosto, em relação ao ano anterior, após um ajuste a uma deflação considerável nos preços de atacado dos produtos industrializados no ano passado. O aumento tinha sido de 3,7% em julho.

Os consumidores estão mudando a forma como gastam

As vendas no varejo subiram 4,6% em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado, já que o aumento dos preços da energia provavelmente impulsionou as vendas no varejo, segundo o Nomura.

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A principal razão para as vendas no varejo terem se recuperado é porque, há um ano, as pessoas na China ainda viviam sob as medidas rigorosas conhecidas como “covid zero”, que restringiam suas atividades.

A produção de cerveja e vinho diminuiu em relação ao ano anterior, enquanto a de água engarrafada, carregada por muitos chineses durante as atividades ao ar livre, aumentou e a produção de sucos de frutas e vegetais subiu consideravelmente.

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