O diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp, Ricardo Carneiro, filiado ao PT, propôs no XV Fórum Nacional, iniciado hoje no BNDES, no Rio, a inversão da política econômica com a adoção do que ele chamou de "uma banda de câmbio real não-explícita" e com controle de capitais. "Isso não é o câmbio do (ex-presidente do Banco Central) Gustavo Franco, porque não é câmbio nominal. É real e fica flutuando dentro de uma certa banda", afirmou. Segundo ele, a atual política econômica "é anticrescimento". Ele disse que o superávit primário do setor público no primeiro trimestre, de 6% do PIB, significa um arrocho fiscal sem precedentes. O economista afirmou que a taxa real de juros está se valorizando porque a inflação está em queda. "Isso é um estímulo para atrair capital de curto prazo", disse. Na opinião dele, o efeito da atual política é a tendência a valorizar o real e, conseqüentemente, prejudicar mais as exportações. Esse são os três motivos pelos quais Carneiro defendeu a queda da taxa de juros básica (Selic). Segundo o professor, o juro tem que cair também porque a inflação está caindo em todos os conjuntos de preços e porque o ambiente mundial está deflacionário. Carneiro disse que sua proposta "não é um plano B" porque ele não está no governo. O economista da Unicamp ressaltou que não fala em nome do PT, embora seja filiado. Ele disse, brincando, que espera ser chamado, "caso o governo decida alterar radicalmente a política econômica".
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