Eduardo Paes: ‘Não podemos permitir que o Galeão seja destruído’

Prefeito do Rio faz pressão pela redução de voos no Santos Dumont, para permitir o aumento das frequências no aeroporto internacional da cidade

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Atualização:

Rio - O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), voltou a cobrar neste sábado, 8, a redução no número de voos para o aeroporto Santos Dumont, na região central da capital fluminense. Na véspera, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, prometeu reverter a expansão feita pela Infraero, que tinha ampliado em mais de 50% o número potencial de passageiros no aeroporto, de 9,9 milhões para 15,3 milhões por ano.

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Na visão dos governos municipal e estadual, a ampliação de voos no Santos Dumont estaria prejudicando o restabelecimento do fluxo de passageiros no aeroporto internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, situado na zona norte da cidade. O debate sobre a necessidade de uma solução conciliada para os dois aeroportos antecede a última expansão demandada pela Infraero, ou seja, os governos locais defendiam um corte do Santos Dumont que reduzisse o limite já em vigor em 2022.

Em meio ao esvaziamento do Galeão, a Changi, empresa que opera desde 2014 a concessão do Galeão através da RIOgaleão, pediu para devolver a administração do ativo no início de 2022. Um grupo de trabalho foi montado pelo governo federal para buscar uma solução para o impasse. O aeroporto internacional teria capacidade para receber 37 milhões de passageiros por ano, mas registrou uma movimentação de apenas 5,9 milhões de passageiros em 2022.

Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, na Ilha do Governador, no Rio da Janeiro, que enfrenta disputa para receber mais voos. Foto: Fábio Motta/Estadão

“Se a gente deixa de ter um aeroporto internacional, com conexões internacionais, essa vocação que é tão natural nossa de cidade global, de capital do turismo do Brasil, de porta de entrada do Brasil, a situação vai ficar muito ruim. Não tem nada a ver com o Santos Dumont, que é um charme de aeroporto, e superconfortável. Mas tem ali um limite de segurança, e quanto mais voo a gente coloca ali, mais voo internacional a gente perde no Galeão. Está sobrecarregado de voo doméstico. Fica a ponte-aérea, fica o voo pra Brasília, pra outro lugar. Mas os voos domésticos têm de ser para conexão no Galeão, para que o Galeão atraia voos internacionais. E o Rio, para ser o Rio, precisa de um aeroporto internacional”, disse Paes, em um vídeo postado em uma rede social. “Não podemos permitir que o Galeão seja destruído.”

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Defesa intransigente

A postagem de Paes, em que ele explica sua defesa “intransigente” do Galeão, sucede manifestação, também por meio de redes sociais, do ministro de Portos e Aeroportos. Ontem, França anunciou ter determinado que a operação do Aeroporto Santos Dumont neste ano seja reduzida em relação ao número registrado em 2022, ficando abaixo de 10 milhões de passageiros.

“Nós vamos retomar o protagonismo do Galeão! Esse é um compromisso nosso demonstrado desde o início do governo Lula. Cabe esclarecer que a Secretaria de Aviação Civil está elaborando estudos com possíveis soluções para ampliar o número de passageiros no aeroporto”, escreveu França, no Twitter.

O ministro divulgou que possíveis soluções para o Galeão serão apresentadas ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e ao prefeito Eduardo Paes em reunião marcada para o próximo dia 24.

“Por fim, reafirmo que qualquer decisão sobre o aeroporto será comunicada diretamente ao governador e ao prefeito. Não travaremos um debate complexo e importantíssimo como esse por meio de ‘interlocutores’ ou via redes sociais. O Brasil voltou e o Galeão vai voltar também!”, postou Márcio França.

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No entanto, ainda na noite de sexta-feira, Paes queixou-se da solução de limitar o fluxo de passageiros no Santos Dumont ao nível já existente, o que seria apenas “tirar o bode da sala”.

“Com todo respeito: a discussão era para diminuir a quantidade de voos a partir dos números de 2022, ou seja, menos de 9,9 milhões de passageiros. Aí essa semana aumentam para mais de 15 milhões e agora dizem que vão abaixar para 10 milhões. Aqui no Rio tem uma expressão que chamamos de ‘bode na sala’. Não sei se vale para todo o Brasil. É mais ou menos assim: colocaram o bode na sala - aumentando o número essa semana - e agora tiram o bode - voltando ao absurdo número anterior - como se fosse uma solução…. Francamente! O Rio exige respeito ao principal aeroporto internacional do País. Não vamos ficar quietos assistindo a essa covardia”, escreveu Paes.

Em outra postagem sobre o assunto, neste sábado, o prefeito afirma que o Rio é o maior receptor do Brasil de turistas internacionais em viagens de lazer, mas que, “em 2022, cerca de 550 mil passageiros internacionais com destino ao Rio tiveram de fazer conexão em SP”.

Segundo o prefeito, o Rio tem voo direto para somente 27 destinos domésticos. Cita que São Paulo tem 57, Brasília 40, Belo Horizonte 39 e Recife, 30. Acrescenta que, em função “deste baixo número de destinos domésticos”, hoje cerca de 5 mil passageiros por dia têm de fazer pelo menos uma conexão para chegar ao destino final. Conforme afirma, este é o maior número entre as 10 principais cidades brasileiras. Belo Horizonte, por exemplo, diz, são 2,3 mil passageiros por dia; em São Paulo, são 2,7 mil. “Isso é resultado da concentração de voos em um aeroporto estrangulado como o Santos Dumont”, postou.

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Paes acrescenta ainda que o aeroporto do Galeão não tem mais conexão com Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba, que, segundo ele, seriam “mercados importantíssimos para alimentar os voos intercontinentais do Rio de Janeiro”.

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Ajuda

Paes comentou ainda a publicidade que vem dando ao caso, declarando respeito pelo ministro Márcio França e marcando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em publicações, pedindo ajuda para resolver a questão.

“Obviamente, espero que ninguém fique ‘chateado’ por ver um prefeito cumprir sua obrigação e defender sua cidade com reuniões fechadas e com o devido debate público e pressão política! Eu não fiquei chateado porque no meio de uma discussão para diminuir os voos no Santos Dumont, a estatal federal Infraero foi lá e pediu para aumentar. Tudo ao contrário do que vínhamos conversando. Achei estranho mas não fiquei incomodado. Protestei, mas não magoei! E vou protestar sempre! Se alguém ficar ‘chateado’, vou lamentar e chamar para um fim de semana no Rio, que cura todas as mágoas! Seguimos! E viva o Aeroporto INTERNACIONAL Tom Jobim! Viva o Galeão que é de todos os brasileiros!”, escreveu.