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‘Efeito Trump’ deve turbinar desglobalização; como isso pode afetar a economia mundial e o Brasil

Apesar da resiliência demonstrada até agora pelo comércio global, sinais de mudança no cenário econômico vêm se multiplicando nos últimos anos e devem ganhar força após a posse do novo presidente americano, no dia 20, com o anúncio de medidas protecionistas

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Foto do author José Fucs

Quando o jornalista americano Thomas Friedman, colunista do New York Times, lançou o livro O mundo é plano, em 2005, no qual mostrava a nova realidade trazida pela hiperglobalização e analisava seus efeitos em países, empresas, grupos sociais e indivíduos, era difícil imaginar que o quadro que ele traçava fosse sofrer uma alteração significativa nas décadas que se seguiriam.

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A impressão que se tinha na época era de que o mundo caminhava de forma irremediável para uma integração econômica cada vez maior, com menos barreiras comerciais, menos obstáculos à movimentação de capitais e ao investimento estrangeiro e maior liberdade para a circulação de ideias e de pessoas. Predominava também a percepção de que os países que seguissem por um caminho alternativo estavam destinados ao fracasso na arena global, com efeitos perversos no crescimento econômico e na prosperidade de seus cidadãos.

Hoje, porém, passados 20 anos do lançamento do livro de Friedman, o que está ocorrendo é um ajuste considerável na rota que se delineava para a economia mundial entre o fim do século 20 e o início do século 21. As mudanças ainda estão em curso, sem um norte definido, mas já se tornou praticamente um consenso entre os analistas que a hiperglobalização, centrada na busca da eficiência e no aumento de produtividade além das fronteiras nacionais, vem perdendo tração nos últimos anos.

Imagem da Terra fragmentada produzida por IA: desglobalização ameaça conquistas alcançadas entre o fim do século 20 e o início do século 21, como a redução da pobreza  Foto: Marco Mamdouh

Embora o aprofundamento da globalização tenha contribuído de forma decisiva para viabilizar um ciclo de crescimento econômico robusto, durante o qual mais de 1 bilhão de pessoas deixaram a pobreza extrema, seus benefícios, de repente, pareceram insuficientes para atender plenamente aos interesses das nações, colocando em xeque a continuidade do processo, que ganhou força no pós-guerra e se acentuou após a liberalização econômica da China, em meados dos anos 1970, e a queda do Muro de Berlim, em 1989.

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Diante do novo cenário, multiplicaram-se pelo mundo, em maior ou menor grau, conforme o caso, iniciativas que vão na direção oposta da integração, destinadas a adaptar a economia dos países às mudanças. O fenômeno, chamado de “desglobalização”, inclui a adoção de medidas de restrição ao livre comércio e aos investimentos estrangeiros, a realocação de plantas industriais localizadas em outros países e até a reavaliação de parceiros nos negócios internacionais, com base em fatores geográficos e geopolíticos.

Impulsionada por um discurso nacionalista e populista e por uma preocupação crescente com questões de segurança nacional, a desglobalização vem reconfigurando aos poucos a economia mundial e poderá afetar, se ela se acentuar, como parece ser a tendência no momento, as conquistas alcançadas com o aprofundamento da integração.

“A ordem econômica internacional do pós-guerra foi construída em cima da ideia de que a interdependência entre as nações, por meio do aumento de laços comerciais e econômicos, estimularia a paz e o compartilhamento da prosperidade”, diz a diretora-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Ngozi Okonjo-Iweala, ex-ministra de Finanças da Nigéria. “Por mais de 75 anos, esta ideia guiou políticos, autoridades e reguladores e contribuiu para assentar as bases para uma era de crescimento sem precedentes, melhoria do padrão de vida e redução da miséria. Hoje, esta visão está ameaçada, assim como o futuro de uma economia global aberta e previsível.”

Agora, com a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em 20 de janeiro, e o provável anúncio das medidas de aumento de tarifas sobre as importações que ele prometeu na campanha, especialmente contra a China, mas não só contra ela, a expectativa é de que o quadro se agrave, gerando retaliações em cascata que poderão provocar estragos generalizados.

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Um acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China – deflagrada no primeiro mandato de Trump (20/1/2017 a 20/1/2021) e mantida por Joe Biden, apesar das críticas que o democrata fazia a seu opositor neste quesito antes de chegar à Casa Branca – já deverá, isoladamente, “espirrar” nos demais países, inclusive no Brasil.

“Eu acredito que, nos próximos meses, haverá um aumento das tarifas americanas, mas não deve ser numa tacada só”, afirma Tony Volpon, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e professor adjunto da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos. “A gente não pode olhar para essa questão tarifária de forma isolada. A tarifa é um instrumento de pressão, de negociação. Nós temos de entender que isso será parte de uma de uma estratégia maior do governo Trump, de diminuir o que eles acreditam ser as ‘assimetrias’ existentes no relacionamento dos Estados Unidos com certos países, principalmente com a China, mas também com o México, o Canadá e outros. Essas assimetrias já diminuíram muito, mas ainda existem.”

Apesar de Trump ter dado uma contribuição relevante para intensificar as tensões econômicas internacionais em seu primeiro mandato e de a sua volta à presidência representar um risco palpável de a situação se complicar ainda mais, não dá para jogar a metamorfose que está acontecendo na economia global só na sua conta. A transformação ocorrida nos últimos 15 a 20 anos é decorrente de vários fatores que pouco ou nada têm a ver com Trump, e deve ser entendida dentro de um contexto histórico do qual ele próprio faz parte.

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O quadro vem se deteriorando, de forma lenta e gradual, desde a crise global de 2008, que escancarou os efeitos negativos que uma economia superconectada e interdependente pode espalhar pelo mundo. Mais recentemente, com a pandemia, entre o fim do primeiro mandato de Trump e o início do governo Biden, o processo se aprofundou.

Com as restrições à circulação e a falta de produtos de primeira necessidade fabricados no exterior, principalmente na China, ficaram claros os limites do modelo baseado nas cadeias internacionais de valor, pelo qual a produção é fragmentada em várias etapas e cada uma delas é realizada pelos mais capazes de entregar os melhores resultados, pelo menor custo. Um número crescente de empresas que haviam pulverizado a produção pelo mundo afora passou a realocá-la – no todo ou em parte – para países mais próximos (nearshoring, em inglês) ou voltou a concentrá-la em suas bases (reshoring).

Tudo isso está projetando uma globalização muito menos aberta, muito menos ambiciosa do que aquela que a gente viu nas páginas do livro do Thomas Friedman 20 anos atrás

Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco do Brics

Por fim, já na gestão Biden, a deterioração do cenário foi turbinada pela guerra entre a Rússia de Vladimir Putin e a Ucrânia, que afetou o fornecimento de alimentos e de energia, provocando um aumento de preços no mercado internacional, com efeito inflacionário em todo o mundo e também no Brasil.

O conflito ainda levou a um rearranjo das trocas entre os países, em decorrência das sanções econômicas impostas pelo Ocidente à Rússia, que desintegrou as redes comerciais estabelecidas até então. Isso sem falar da guerra entre Israel e o Hamas, no Oriente Médio, que reforçou a importância do fator geopolítico no comércio global.

“Tudo isso está projetando uma globalização muito menos aberta, muito menos ambiciosa do que aquela que a gente viu nas páginas do livro do Thomas Friedman 20 anos atrás”, diz o economista, sociólogo e diplomata Marcos Troyjo, ex-presidente do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), mais conhecido como Banco do Brics. “Hoje, tirando talvez o (Javier) Milei (presidente da Argentina), não há grandes líderes defendendo a implementação de mais economia de mercado no mundo.”

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Antes, a oposição à globalização vinha principalmente da esquerda internacional, que sempre a “satanizou”, por ela reforçar os princípios do liberalismo econômico e do capitalismo, ser dominada por grandes multinacionais e levar, na sua visão, a um aumento da desigualdade. Agora, a oposição vem também da direita nacionalista e populista, da qual Trump é a maior estrela, que está ganhando espaço político em todo o mundo, em meio à retração dos grupos que têm uma visão mais liberal em relação ao comércio exterior e aos investimentos estrangeiros. Isso engrossou o contingente dos “contras”, tornando ainda mais incerto o quadro que se desenha para a economia mundial em 2025 e nos próximos anos. “O mundo hoje está mais perto de uma guerra comercial”, afirmou recentemente o economista Barry Eichengreen, professor da Universidade da Califórnia, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Ironicamente, com base na letra fria dos números, a globalização tem mostrado até o momento uma resiliência surpreendente. Embora o ritmo de crescimento do comércio internacional tenha diminuído sensivelmente, sugerindo até certa estagnação, os dados mostram que o volume de negócios entre os países não encolheu, como sugere o termo “desglobalização”.

A desglobalização ainda é mais uma questão de retórica, mas seu risco é real e significativo

Relatório da Standard & Poor's sobre a questão

De acordo com estimativa da OMC, o valor global de exportações de bens deve ter fechado 2024 em US$ 24,4 trilhões, com um crescimento de 2,7%, pelas projeções mais recentes, em relação a 2023. É um crescimento modesto, mas não é um recuo. Desde a crise financeira de 2008, as exportações mundiais de bens cresceram nada menos que 50% e desde 2019, um ano antes da pandemia, 28,4%, segundo os dados da OMC, o que está longe de mostrar uma retração nas trocas internacionais (veja os gráficos).

No caso dos serviços, também conforme a OMC, o aumento foi de 23% ante 2019 e de 91% desde 2008. No primeiro semestre de 2024, último dado disponível, a alta nas importações e exportações de serviços chegou a 7% em relação a igual período de 2023.

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Além disso, mesmo com a reavaliação das cadeias internacionais de valor no pós-pandemia, a participação de fabricantes estrangeiros na produção de bens apresenta um crescimento notável quando se leva em conta um período de análise mais longo. Entre 1990 e 2022, o valor adicionado por fabricantes estrangeiros nas exportações globais passou de 19% para 28% do total, segundo dados divulgados pelos economistas Adam Jakubik e Elizabeth Van Heuvelen, do FMI (Fundo Monetário Internacional), em artigo publicado na revista Finance & Development, editada pela própria instituição.

Caminho sinuoso

“A desglobalização ainda é mais uma questão de retórica do que uma tendência econômica. Mas o risco da desglobalização é real e significativo”, diz um relatório sobre o tema produzido pela Standard & Poor’s (S&P), uma das principais agências internacionais de classificação de risco.

“Quando a gente fala em desglobalização, não significa que, de repente, você vai apertar um botão, e todo o comércio internacional e todo o fluxo global de investimento estrangeiro direto vão estancar. Não é isso”, afirma Troyjo. “O que eu acho que a gente está vivendo é uma desaceleração da globalização, tal como nós a conhecemos. É como um veículo que tem de reduzir a sua velocidade, porque o caminho é sinuoso ou porque há muita neblina. Isso não quer dizer que ele parou.” Na avaliação de Troyjo, o mundo deve ser visto hoje como um arquipélago, e não como um conjunto de ilhas totalmente isoladas umas das outras. “Entre uma ilha e outra não há transporte terrestre, mas você tem pontes, veículos anfíbios, ferry boat”, diz.

Agora, se a globalização não andou para trás, como mostram os números, os sinais de que ela está passando por uma transformação substancial vêm de todos os lados. Nos últimos dois anos, as exportações globais, que atravessaram um longo período crescendo mais do que a economia mundial, ficaram para trás.

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Enquanto a economia global cresceu 3,3%, em média, em 2023, segundo o FMI, o valor das exportações mundiais teve uma queda de 4,4% no período, depois da forte alta registrada em 2021 e 2022, no pós-pandemia. Em 2024, conforme as projeções, a economia global deve ter crescido 3,2% e as exportações, 2,7%. A mesma defasagem em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global já havia ocorrido no período de 2012 a 2017 e em 2020.

De acordo com o Banco Mundial, o total de exportações e importações de bens e serviços, que chegou ao pico de 61% do PIB global em 2008, vem caindo desde então. A exceção foi 2022, no pós-pandemia, quando o crescimento do comércio alcançou 63% do PIB, um recorde histórico. Só que, em 2023, o índice voltou a cair, para 59%, indicando uma acomodação, com viés de baixa, nos negócios globais.

No caso dos investimentos estrangeiros diretos, não foi diferente. Depois de atingir o pico de US$ 3,2 trilhões em 2007, também conforme o Banco Mundial, o volume global de investimentos teve uma queda de 73%, para US$ 867 bilhões, em 2023, o menor nível desde 2003. Em 2023, o investimento direto, que representava 5,4% do PIB mundial em 2007, ficou em apenas 0,8% do PIB global.

Ao mesmo tempo, o número de medidas protecionistas, como barreiras tarifárias e não tarifárias e de restrições ao investimento estrangeiro, deu um salto. Desde 2018, elas triplicaram, segundo os economistas Adam Jakubik e Elizabeth Van Heuvelen, do FMI. Na mesma linha, outro levantamento, realizado pelo ex-economista-chefe da instituição Raghuram Rajan, mostra que a adoção de medidas protecionistas desde a crise de 2008 foi cinco vezes maior do que a de medidas liberalizantes.

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De acordo com a OMC, as medidas de restrição ao livre comércio em vigor afetam, hoje, US$ 2,9 trilhões em negócios, o equivalente a 11,8% das importações mundiais. Só nos 12 meses entre novembro de 2023 e outubro de 2024, os países adotaram um total de 169 novas medidas restritivas, afetando US$ 887,7 bilhões em importações e exportações, mais do que o dobro que no ano anterior. “O ambiente comercial global parece cada vez mais frágil, incerto e precário, em meio a tensões geopolíticas e a adoção de medidas unilaterais”, afirmou Ngozi, da OMC, durante o lançamento do Relatório do Comércio Mundial 2024, em dezembro.

Países ‘amigos’

Há, ainda, outros sinais que reforçam a percepção de que a desglobalização está avançando, mesmo que em marcha lenta. Embora o valor das exportações tenha aumentado no ano passado, ele está crescendo de forma mais rápida entre blocos de países “amigos” e alinhados ideologicamente, o que, em geral, tem levado a um aumento de custos de produção. Segundo um estudo realizado pela OMC, com base nas votações dos países na Assembleia-Geral da ONU, o fluxo de comércio entre dois blocos geopolíticos hipotéticos está crescendo de 4% a 6% mais devagar do que dentro deles, desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.

Já um levantamento realizado pela revista Chief Executive com presidentes de empresas dos Estados Unidos, também em 2022, apontou que 58% dos CEOs cujas companhias mantinham operações no exterior estavam pensando em trazer de volta a produção para o país, movidos principalmente pela “menor exposição a riscos políticos” e pela “maior resiliência a crises nas cadeias de suprimentos”. Destes, 18% consideravam a repatriação de três quartos ou mais de suas operações. Outra pesquisa, realizada com 150 executivos de empresas americanas e publicada pela revista Forbes em 2023, mostrou que 82% dos entrevistados haviam repatriado fábricas localizadas no exterior para os Estados Unidos nos últimos anos ou estavam no processo de fazê-lo.

“A desaceleração da globalização (slowbalization) parece estar caminhando para a desglobalização”, afirmaram Christian Keller, que comanda a área de pesquisa econômica, e Renate Marold, diretor da área de Ciências de Investimento, do Barclays Bank, uma das principais instituições financeiras britânicas, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. A afirmação foi feita no início de 2023, bem antes da vitória de Trump nas eleições americanas, mas parece mais atual do que nunca.

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Se a desglobalização se acentuar, a economia global como um todo deverá ter um subdesempenho

Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco do Brics

Se eles estiverem certos e a desaceleração realmente se transformar em desglobalização, o risco de que os benefícios da globalização sejam revertidos nos próximos anos, ao menos parcialmente, é apreciável, o que deverá gerar mais incerteza e mais instabilidade no mundo, com o aumento das tensões políticas entre os países.

De acordo com o relatório da S&P sobre o assunto, a redução no fluxo de comércio global terá efeitos negativos no crescimento econômico, na inflação, em razão do aumento de custos de produção, nos juros, no emprego, na pobreza, na produtividade e na taxa de inovação e de investimento. “Se a desglobalização se acentuar, a economia global como um todo deverá ter um subdesempenho”, diz Marcos Troyjo. “A maré vai baixar para todo mundo.”

Em sua visão, este ambiente hostil, em que nuvens negras pairam no horizonte, “não será necessariamente ruim para o Brasil”, porque haverá mais insegurança alimentar e energética no mundo, em meio à transição para a chamada “economia verde” – campos nos quais o País tem vantagens competitivas relevantes. “Hoje, a posição relativa do Brasil se tornou mais visível e potencialmente mais atraente”, afirma. “O mundo hoje é mais complexo do que era há 20 anos, mas, curiosamente, traz mais oportunidades para o Brasil.”

Derrapagem fiscal

Troyjo afirma que o País tem seus problemas, mas os outros países também têm. Para ilustrar o significado disso na economia mundial, ele conta uma história, que viu num documentário sobre o general Charles de Gaulle (1890-1970), ex-presidente da França, no qual um de seus filhos diz que a frase preferida do pai era a seguinte: “Quando me olho no espelho, eu me preocupo. Mas, quando me comparo com os outros, eu me tranquilizo”.

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O problema, segundo Troyjo, é que, hoje, quando muitos países estão tentando organizar os orçamentos públicos, aumentar a participação do setor privado nos investimentos, melhorar a governança de empresas estatais e de economia mista e atrair riqueza, “para não ter qualquer tipo de derrapagem monetária ou fiscal”, o Brasil está fazendo exatamente o contrário.

“Como diz a famosa frase do filósofo espanhol José Ortega y Gasset,’eu sou eu e minhas circunstâncias’”, afirma. “Se você faz tudo que tem de fazer e as circunstâncias não são favoráveis, o efeito positivo é limitado. E, se as circunstâncias são muito favoráveis, mas você não faz o que se espera, os efeitos positivos também são limitados.”

Avant-première

Como lembra o cientista político americano Ian Bremmer, presidente da Eurasia, consultoria especializada em riscos políticos e econômicos, o Brasil já teve uma “avant-première”, com a explosão recente da cotação do dólar ante o real, do que pode acontecer com países relapsos do ponto de vista fiscal no atual cenário global.

“Quando o Brasil teve um desempenho um pouco abaixo do esperado em termos de gestão fiscal sob (o presidente) Lula, os mercados puniram o País pesadamente”, afirmou Bremmer ao Estadão/Broadcast, durante conversa com jornalistas em Nova York, no início de dezembro. “Este é o tipo de coisa que vamos ver muito mais nos países em desenvolvimento, porque tanto os Estados Unidos quanto a China não estão buscando coordenar e estabilizar seu relacionamento ou melhorar a globalização.”

Pelo andar da carruagem, porém, parece pouco provável que o governo Lula dê uma guinada em sua política econômica, para enfrentar as turbulências que se anunciam na economia global e aproveitar da melhor forma possível as oportunidades que se apresentam para o País.

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