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Economista e advogada

Opinião | Só a privatização protege nosso patrimônio dos interesses políticos; o ideal é continuar

Uma rigorosa avaliação das estatais deveria estar na agenda do novo governo

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Lula retirou oito empresas do programa de desestatização (PPI). Deu como justificativa a necessidade de aprofundar estudos sobre os impactos das vendas nos setores em que atuam. Só que isso já é feito no âmbito do PPI. Por outro lado, sair do programa pode significar o oposto: a volta da ideia de estatais serem usadas como instrumentos de políticas públicas alheias ao objetivo da lei que as criou, como indução de crescimento ou controle de preços.

Lula retirou oito empresas do programa de desestatização e deu como justificativa a necessidade de aprofundar estudos sobre os impactos das vendas Foto: Adriano Machado/Reuters

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Veja o caso da Petrobras. Em 2019, foi assinado um termo de compromisso com a ANP e o Cade que obrigava a estatal a vender ativos – de transportes, distribuição e refino, de forma a ampliar a competição no setor, desmontando a atuação vertical da empresa e diluindo seu poder de mercado. Sem que esse processo tivesse sido completado, a venda apenas significaria a transferência de um monopólio – e uma atuação verticalizada – estatal para o setor privado.

Mas o novo governo, junto com a suspensão de sua privatização, determinou a interrupção da venda de ativos, em especial, das refinarias. É aqui que mora o perigo. Estudos não faltam para mostrar o equívoco da política de autossuficiência no refino. Bilhões foram desperdiçados nos governos do PT, obras foram abandonadas, e não houve impacto importante sobre a capacidade de produção doméstica. Os desinvestimentos da Petrobras são fundamentais para garantir maior competição e eficiência no setor em que ela atua. Tanto faz se o controle é estatal ou privado. É ideologia, e não estudos, que está por trás da decisão de Lula.

Também disse que iria provar que algumas empresas públicas podem ser rentáveis. Isso já sabemos. Desde a mudança da gestão em 2016, com a advento da Lei das Estatais, que elas dão lucro, após os anos de prejuízo da gestão petista. Mas vão mudar a lei com objetivo de liberar centenas de cargos para distribuir a políticos e partidários.

Há também empresas que, por sua natureza, não geram resultados positivos, e são dependentes do Tesouro para sobreviver. Elas competem com outros gastos prioritários no Orçamento. Algumas se justificam, outras não. Uma rigorosa avaliação das empresas e bancos públicos deveria estar na agenda do novo governo. O controle estatal não é licença para ineficiência e desperdício.

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O ideal é continuar com a privatização: só a venda definitiva protege nosso patrimônio dos interesses políticos. A Eletrobras, mesmo com uma venda longe da ideal, está aí para provar.

P.S.: Gasto é gasto, investimento é investimento, e o Banco Central é independente.

Opinião por Elena Landau

Economista e advogada

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