Empresa de trio da Americanas vende quatro prédios de escritórios por R$ 865 milhões

Transação anunciada pela São Carlos Participações, controlada pelas famílias Lemann, Telles e Sicupira, é uma das maiores do ano no setor imobiliário

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Circe Bonatelli

A São Carlos Participações, controlada pelas famílias Lemann, Telles e Sicupira, comunicou na noite de terça-feira, 19, uma das maiores transações imobiliárias do ano. A empresa de propriedades comerciais acertou a venda de quadro prédios de escritórios pelo valor total de R$ 865 milhões para um fundo de investimentos imobiliários.

Assim, a companhia atingiu a marca de R$ 1,37 bilhão com a venda desse tipo de ativos no ano — estratégia colocada em prática para reciclar o portfólio de empreendimentos e reduzir as dívidas, pressionados pelos juros altos por um período prolongado no País.

PUBLICIDADE

Os prédios vendidos desta vez ficam no Rio e em São Paulo. São eles: Centro Empresarial Botafogo, Morumbi Office Tower, Corporate Plaza e Alameda Santos 2477. Ao todo, o portfólio possui 58.875 m² de área bruta locável (ABL), segundo o comunicado ao mercado.

O valor da transação ficou 14,6% abaixo do valor líquido dos ativos (NAV, na sigla em inglês). O cap rate (taxa de capitalização) da venda foi de 7,4%, considerando a receita de locação dos contratos vigentes. O cap rate é a razão entre o faturamento anual com aluguéis do imóvel sobre o seu valor de venda. Já a Taxa Interna de Retorno (TIR) real após impostos do portfólio é de 27,3% ao ano, segundo o comunicado.

Lojas Americanas estão em recuperação judicial desde janeiro Foto: WERTHER SANTANA / ESTADÃO

O analista do Bradesco BBI, Bruno Mendonça, observou que a venda representa cerca de 60% do valor de mercado da São Carlos. Na sua avaliação, a estratégia é positiva. “Continuamos a ver como positivo o movimento da companhia para vender ativos, dado que o movimento faz parte do seu processo de desalavancagem”.

Publicidade

Após esta venda, a companhia permanecerá com um total de 95 imóveis no seu portfólio, com ABL própria de 398,2 mil m² e valor de mercado avaliado em R$ 4,0 bilhões.

A São Carlos já vinha realizando a venda de ativos como parte de uma estratégica de reciclagem do portfólio, redução da dívida e ganho de liquidez, conforme contou o presidente da companhia, Felipe Goes, em entrevista à Coluna do Broadcast em abril. No primeiro semestre, as vendas de prédios de escritórios somaram R$ 507 milhões.

Para este semestre, o plano da empresa envolvia continuidade das vendas para redução da alavancagem, além de combate à vacância dos prédios de escritórios — que estava em elevados 28,5% no fechamento do primeiro semestre.

A São Carlos tem uma dívida líquida de R$ 1,3 bilhão, sendo que o custo médio da dívida estava em 11,9%. A alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e o valor do portfólio) chegou a 26,1%.

A empresa é controlada por familiares dos investidores Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, da 3G. Eles são os acionistas de referência da Americanas. O trio enfrenta um dos maiores escândalos da história empresarial brasileira devido a fraudes que provocaram o rombo bilionário da varejista. Os três investidores já foram acionistas diretos da São Carlos, mas transferiram suas ações para os parentes em 2016.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.