Setor de energia solar pressiona por ampliação do prazo de benefícios para instalação de painéis

Extensão do prazo para obtenção dos subsídios por seis meses foi aprovado na Câmara, mas não foi votado no Senado; com isso, data de término do programa foi mantida para 6 de janeiro

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Atualização:

Apesar da frustração de o Congresso não ter votado o projeto de lei 2703/2022, que estende até 2024 o incentivo para produção de energia própria, empresários do setor de geração distribuída ainda têm esperança de que a mudança possa ocorrer ainda este ano. A pressão é para que ação seja tomada permitindo a postergação da vigência das novas tarifas, seja ainda pelo Congresso ou até mesmo por meio de uma medida do novo governo.

O PL chegou a ser aprovado na Câmara, onde a proposta original que previa a postergação por um ano foi reduzida a seis meses. O texto chegou a entrar na pauta do Senado, mas não foi votado, em meio à pressão contrária por parte de várias entidades do setor elétrico e à força-tarefa dos parlamentares para a aprovação de outros temas mais relevantes para o País, como a PEC da Transição e o Orçamento.

Vista área de painéis de energia solar ao lado de uma área agrícola, em Guaimbê, interior de São Paulo - Divulgação: Getty Images Foto:

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Como o retorno do recesso parlamentar ocorrerá só em fevereiro e a mudança de regra está prevista para 7 de janeiro de 2023, não há mais perspectiva de aprovação do PL antes da data. Mas, segundo a vice-presidente de geração distribuída da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Bárbara Rubim, o setor ainda trabalha com a possibilidade de que o Senado, na volta do recesso, aprove o PL 2703, com efeito retroativo, abarcando todos os consumidores que realizem solicitação de acesso perante as distribuidoras a partir da segunda semana de janeiro, o que configuraria a cobrança da nova tarifa.

De acordo com ela, também “existe a possibilidade de uma medida provisória no começo do novo governo, que seria capaz de postergar o inicio das novas regras em 120 dias”.

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Novo governo

A declaração ocorre mesmo após integrantes do grupo técnico (GT) de Minas e Energia do governo de transição terem atuado para barrar a votação no Senado. O custo pelo uso dos sistemas de transmissão e distribuição que não é pago por quem tem os sistemas de geração distribuída é rateado entre os demais consumidores. Segundo cálculos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o custo para tarifa dos consumidores com o PL chegaria a R$ 125 bilhões até 2045.

Procurados, membros do GT da transição para o setor disseram que o grupo encerrou as atividades e que o assunto será tratado pelo futuro ministro de Minas e Energia.

Quem deve ser indicado para o posto é o senador Alexandre Silveira (PSD-MG). Fontes do setor comentam que Silveira teria simpatia pela fonte solar e consideram que a nomeação seria positiva para o segmento. Procurado, o senador não retornou.

Judicialização

Outra alternativa analisada pelo setor é a judicialização. Segundo Bárbara, possíveis ações judiciais têm sido avaliadas tanto pela Absolar como individualmente por empresas “para resguardar os direitos”.

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Na semana passada, a Absolar afirmou ter enviado ofício à Aneel pedindo providências sobre dificuldades que estariam sendo criadas pelas distribuidoras de energia aos consumidores que tentam pedir acesso para os sistemas de GD. De acordo com a entidade, houve “uma piora considerável do nível de qualidade de serviço e atendimento” pelas empresas de distribuição.

A associação cita como exemplo indisponibilidade ou instabilidades nos sites da Cemig, Coelba, EDP e Energisa. A entidade pediu que a Aneel “tome as devidas providências” para evitar a judicialização”.

Consumidores e empreendedores que solicitarem conexão de projetos de geração distribuída após a primeira semana de janeiro de 2023 deverão se submeter à nova norma tarifária, sem incentivo. Mesmo assim, a perspectiva é que o setor continue crescendo.

Conforme estimativas da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), o setor deve dobrar em 2022, com acréscimo de cerca de 8 gigawatts (GW) em potência instalada, para 17 GW de capacidade. Se confirmada a projeção, o setor – que reúne projetos de diversas fontes, mas está amplamente concentrado em solar – já responderia pela quarta maior participação na matriz elétrica nacional, atrás só das hidrelétricas, termoelétricas e eólicas. “Segundo projeção da Aneel, as fontes renováveis vão adicionar mais 7 GW em 2022, considerando apenas as grandes usinas; então GD deve crescer mais que todas as renováveis juntas”, diz o presidente da ABGD, Guilherme Crispim. Ele acredita que em 2023 o setor repetirá, em volume, o desempenho de 2022, com mais 8 GW.

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