Pequenas e médias empresas de software vão unir forças para enfrentar a crise financeira. Responsáveis por 90% do total de companhias do setor, elas são o alvo de um programa lançado há um mês pela Sociedade Brasileira para a Promoção da Exportação de Software (Softex), em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O objetivo das entidades é estimular os empreendedores a atuar em parceria ou se fundir, estendendo a onda de consolidação que mexeu com o setor em 2008 - e obtendo fôlego para encarar tempos difíceis. Segundo o diretor de qualidade e competitividade da Softex, José Antônio Antonioni, o associativismo empresarial pode ser uma saída para a crise. Ele prevê um ano mais modesto para o setor, com crescimento de 10%, metade do registrado no ano passado - ou, no cenário pessimista, ficar no mesmo patamar de 2008. Além disso, alguns projetos no exterior podem ser adiados ou cancelados. "A otimização dos processos e a redução de custos que surgem nas associações são uma forma de atravessar esse período." A primeira fase do programa será um "road show", série de palestras em nove cidades brasileiras, que começa por São Paulo, na próxima semana. No evento, os empresários conhecerão os diferentes modelos de colaboração, como consórcios e joint ventures e histórias bem-sucedidas de quem seguiu por esse caminho. A Softex também vai formar uma rede de 22 consultores em todo o País, que irão auxiliar as empresas a implantar os formatos. No Rio Grande do Sul, onde ocorreu o lançamento do programa, já despontam duas iniciativas de associativismo. Na capital gaúcha, um grupo de seis empresas decidiu se unir em uma joint venture. O negócio, que deve ser concluído até junho, dará origem a uma nova companhia, a Unacorp. Ela nasce com faturamento de R$ 50 milhões e 500 funcionários. "A Unacorp nos dará força e solidez para conquistar novos fornecedores, o que se torna ainda mais importante num momento como esse", diz Márcio Miorelli, presidente da Advanced IT, uma das companhias que serão unidas na joint venture. Segundo Miorelli, a união também significa profissionalização. A companhia está formando seu conselho de administração e nomeou um diretor executivo. "Teremos condições de atender clientes maiores e em nível global." O movimento que chega às pequenas empresas tem sido uma constante no mercado nacional de software. Só no ano passado, a paulista Totvs comprou a catarinense Datasul, formando a maior empresa do setor. Outra grande competidora desse mercado, a Bematech, comprou quatro companhias. Em outro negócio, sete empresas se uniram para criar a Virtus. Essa realidade colocou o setor de serviços de TI e desenvolvimento de softwares em segundo lugar no ranking de fusões e aquisições feito pela consultoria KPMG. Foram 417 operações em 2008, o que o colocou atrás apenas do segmento de alimentos e bebidas.
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