Novas tecnologias e uma maior conectividade têm levado empresas de transporte a desenvolver soluções mais seguras e sustentáveis ambientalmente. Do futurístico “carro voador”, que a Embraer promete entregar em 2026, a ferramentas que ajustem a oferta de trens e ônibus em tempo real, permitindo uma economia de energia, os novos produtos e serviços devem oferecer, além de praticidade ao consumidor, oportunidades de negócios para companhias que atuam com transporte aéreo, rodoviário e ferroviário.
No segmento automotivo, a Stellantis (que reúne Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën) tem trabalhado em tecnologias que permitem uma melhor rastreabilidade do carro, garantindo mais segurança, e em aplicativos que interagem com os automóveis. “Depois de um ano de uso do veículo, o cliente tem a possibilidade de ter um veículo novo, porque ele atualiza o veículo (com o aplicativo) igual atualiza um celular. Aí passa a ter novas funcionalidades”, disse, na manhã desta quinta-feira, 28, o vice-presidente de Software e Serviços Conectados da Stellantis para a América do Sul, André Souza Ferreira.
No summit “O Futuro da Indústria Automotiva”, evento realizado pelo Estadão, o executivo destacou que as empresas do grupo têm buscado oferecer serviços sem que seja necessário o deslocamento do cliente até a concessionária. Isso é possível através da troca de dados entre o veículo e a central da montadora.
O grupo BMW tem desenvolvido serviços na mesma linha. Hoje, por exemplo, o próprio carro “avisa”, por mensagem, a concessionária quando a pastilha do freio precisa ser trocada. A empresa, porém, acredita que não só novos produtos precisam ser oferecidos, mas também que eles devem ser fáceis de usar pelos clientes, disse ogerente sênior de Treinamento no BMW Group Brasil, Emilio Paganoni.
“Enquanto a tecnologia avança, temos outros desafio, que é simplificar a maneira de usar o carro. Não adianta ter uma tecnologia rebuscada se o usuário comum precisa ser um especialista (para usá-la). O foco é no consumidor”, destacou. Com base nisso, a companhia desenvolveu uma tecnologia que, através de um cartão instalado no veículo ou do aplicativo no celular, atualiza o software do carro sem que o cliente tenha de ir a um ponto de serviço da BMW.
Ainda no segmento rodoviário, o aplicativo de navegação Waze tem investido para oferecer informações mais precisas que aumentem a segurança dos motoristas e dos pedestres. Ferramentas que avisam o limite de velocidade de uma via, alertam quando há buraco na rua ou enchentes e também notificam o motorista quando ele está passando por uma escola no horário de entrada das crianças são apostas da companhia. “A gente acredita que temos uma responsabilidade grande na segurança viária e vamos investir bastante nisso nos próximos anos”, afirmou o diretor do Waze Carpool para a América Latina, Douglas Tokuno.
No segmento ferroviário, o presidente da CCR Mobilidade, Marcio Hannas, destacou que a automação já vem sendo usada há algum tempo para aumentar a segurança nos trilhos. Uma das tecnologias é o metrô que opera sem condutor, reduzindo o risco de acidentes causados por falha humana.
Segundo o executivo, porém, ainda é preciso ampliar a integração dos modais, para que os passageiros economizem tempo e dinheiro. Isso pode ser feito com a integração de dados, explicou. “Um sistema otimizado permite fazer o ajuste de oferta (de transporte) em tempo real, diminuindo o consumo de energia. Mas é preciso olhar o sistema como um todo. Hoje tem concorrência entre os modais, o que não favorece a sustentabilidade.”
Para o setor aéreo, a grande revolução tecnológica é o eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical, como é chamado oficialmente o “carro voador”). A vice-presidente de Experiência do Usuário da Eve Air Mobility (empresa criada pela Embraer), Flavia Ciaccia, destacou que a companhia já está desenvolvendo uma série de protótipos e o primeiro veículo deve ser entregue em 2026.
Elétrica, a aeronave deve ser menos barulhenta que um helicóptero e não emitirá gases de efeito estufa. De acordo com a executiva, a intenção é que um voo entre a Avenida Paulista, em São Paulo, e o aeroporto de Guarulhos custe, inicialmente, menos de R$ 300. “A gente espera ainda que, conforme a demanda evolua e surjam voos autônomos, o valor seja similar ao das corridas de Uber”, afirmou.
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