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Empresas se engajam para controlar suas emissões e atingir meta ambiental

Science Based Targets Initiative, grupo criado há 10 anos, conta com mais de 5 mil empresas, que já reduziram emissões em 12%

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Por Eduardo Geraque

Considerada a perspectiva apresentada por Luiz Fernando do Amaral, CEO da Science Based Targets Initiative (SBTi), durante o Summit Estadão ESG 2023, que foi realizado na quarta-feira, 14, a humanidade está diante de notícias ruins e boas sobre a crise climática. Agora, cabe aos diversos segmentos da sociedade escolher encher ou esvaziar o copo de vez.

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Pelos dados mais recentes apresentados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, a conta no papel é simples. É preciso reduzir em até 50% as emissões anuais de carbono para atmosfera até 2030 e, 20 anos depois, zerá-la, considerando como linha de partida o ano de 2019. Sem isso, a temperatura média do planeta vai subir mais do que 1,5 °C.

Deixando a matemática de lado, o desafio é enorme e ainda existe muito para ser feito, afirma Amaral. O que não significa que os obstáculos não estão sendo enfrentados, entre outras frentes, também pelo setor corporativo. O movimento que o executivo lidera, por exemplo, conta atualmente com 5.285 empresas espalhadas pelo mundo que não apenas apresentaram os seus planos de redução climática da porta para dentro, como também tiveram todas as metas desenhadas aprovadas pela iniciativa SBTi.

“O que fazemos é traduzir o que a ciência está dizendo”, afirma Amaral. Para ele, os resultados obtidos em menos de 10 anos – a SBTi surgiu mais ou menos junto com o Acordo de Paris em 2015 – são extraordinários. “Mas ainda temos muito o que caminhar, inclusive em regiões como a América Latina, onde está o Brasil.”

Luiz Fernando do Amaral, CEO da Science Based Targets Initiative, no Summit ESG 2023: ‘Temos muito o que caminhar, inclusive em regiões como a América Latina’.  Foto: Marcelo Chello/Estadão

Entre as milhares de empresas que se comprometeram em reduzir as emissões em suas operações com base na ciência – as contas não consideram toda a cadeia de produção – 58 estão no Brasil. Mesmo que dê tudo certo para as companhias atreladas à metodologia criada pela SBTi, elas representam um terço da economia global ou o equivalente a 6% das emissões anuais de todo o planeta.

“Todo CEO sabe que, para se chegar ao sucesso, as metas precisam ser definidas desde o começo, de forma transparente”, diz Amaral, sobre como a iniciativa que ele comanda trabalha. Um dos desafios, agora, é avançar principalmente em setores mais sensíveis para as emissões de carbono, como o de petróleo e gás. “O nosso objetivo é atingir 20% das emissões globais até 2025″, ratifica o CEO da SBTi.

Resultado

Apesar de um universo ainda pequeno, as empresas que se comprometeram em reduzir suas emissões, segundo os dados divulgados pela SBTi, obtiveram um resultado importante.

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“A redução foi de 12% ao ano, o que é mais do que precisamos para manter a temperatura em 1,5 °C. Para que isso ocorra, os cálculos falam em uma redução de 7,6% ao ano. Ou seja, essas empresas estão fazendo a parte delas”, diz Amaral.

Emergência

A questão da falta de tempo para a humanidade conseguir desviar do caminho que levará aos impactos mais severos das mudanças climáticas globais também incomoda Jonathan Foley, diretor executivo do Projeto Drawdown. Para o cientista climático, estamos em um momento crucial de ação. “Parar o desmatamento das florestas, o desperdício de energia e de comida são coisas que precisam ser feitas agora”, diz o cientista americano, que também participou do Summit Estadão ESG 2023.

O efeito cumulativo que as ações imediatas vão ter nas próximas décadas, pelo raciocínio de Foley, não apenas terão efeitos diretos na redução das emissões como também diminuirão a conta a ser paga para frear a crise climática. É o que ele chama de intervalo de emergência para então se partir para ações mais de longo prazo como o investimento em novas tecnologias e em soluções baseadas na natureza.

As estimativas apresentadas pelo pesquisador indicam que 96% da solução para o enfrentamento global está na redução das emissões. Segundo ele, hoje, apenas 4% encontra-se em projetos voltados para a remoção de carbono na atmosfera. “Temos que alinhar o tempo, com o dinheiro e com os caminhos do carbono. Os recursos precisam ser colocados exatamente onde a nossa atmosfera precisa para pararmos as mudanças climáticas.”

Descompasso

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Nos caso dos Estados Unidos, segundo o pesquisador da área ambiental, existem alguns descompassos importantes que precisam ser ajustados se o objetivo for mesmo combater as mudanças climáticas de forma urgente. Um deles, por exemplo, é em relação ao setor de transporte que, na prática, vem recebendo mais dinheiro do que precisa para baixar suas emissões, principalmente em relação aos fundos de capital de risco.

Em 2021, dos aproximadamente US$ 87 bilhões movimentados por essas iniciativas, 66% foi para o segmento da mobilidade em geral. Pelas estimativas da ciência, afirma Foley, essa área em específico precisa reduzir em 13% suas emissões. Enquanto isso, setores como o de uso da terra e o industrial, que precisam cortar 20% e 22% de suas emissões, ficaram com uma parte menor do bolo, 14% e 9%, respectivamente. “A ciência fala uma coisa, mas o caminho do dinheiro mostra outra”, avalia Foley.