EMS faz proposta de fusão com a Hypera, que criaria maior empresa de medicamentos da AL

Se aprovado o acordo, que avalia ações da Hypera com prêmio de 17% sobre o valor do fechamento de sexta-feira, criará líder em todas as áreas da indústria: de medicamentos genéricos a hospitalares

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Foto do author Cristiane Barbieri
Atualização:

A farmacêutica EMS apresentou uma proposta de combinação de negócios com a rival Hypera, que poderá criar da maior empresa do setor farmacêutico da América Latina, segundo pessoas a par das negociações. Caso o negócio seja aprovado, a nova companhia nascerá com receita líquida anual de quase R$ 16 bilhões e geração de caixa (medida por EBTIDA — lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização) de quase R$ 5 bilhões. A oferta precisa ser aprovada pelo conselho de administração da Hypera, bem como pelas autoridades reguladoras.

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A nova empresa criaria uma líder em todas as áreas da indústria: medicamentos de prescrição, genéricos, vendidos fora do balcão e hospitalares. A EMS é a maior fabricante de genéricos do País, e a Hypera tem marcas líderes de categoria como Doril, Buscopan, Benegrip, Merthiolate, Engov, entre outros. A participação de mercado da nova empresa no Brasil vai ser de 17%.

A Hypera confirmou na tarde desta segunda-feira, 21, ter recebido uma oferta pública de aquisição (OPA) e de combinação de negócios da NC Farma Participações (EMS), conforme antecipado pelo Estadão/Broadcast.

A ação da Hypera (HYPE3), depois de cair mais de 17% pela manhã e liderar as perdas do Ibovespa, fechou em alta de 1,91%, cotada a R$ 26,16.

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Por meio de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Hypera informou que o conselho de administração tomará providências para avaliação diligente da proposta, incluindo a contratação de assessores externos.

De acordo com pessoas a par das negociações, a oferta é de até 20% do capital da Hypera; e o preço oferecido, de R$ 30 por ação, valor 17% superior ao de sexta-feira. A adesão não é obrigatória aos acionistas. Caso a oferta seja aceita na totalidade, a EMS desembolsará R$ 3,8 bilhões e os recursos virão da própria empresa.

Fábrica da EMS em Hortolândia Foto: Ricardo Stuckert/PR

Apesar de ambas companhias terem faturamento semelhante, Carlos Sanchez, da EMS, deve passar a ser o maior acionista da empresa combinada, com cerca de 60% do capital. Isso porque a EMS tem caixa líquido em torno de R$ 500 milhões, enquanto a Hypera tem dívidas que somam R$ 8,2 bilhões e alavancagem de 3,5 vezes a geração de caixa. Caso o negócio seja concretizado, essa relação cai para 1,54 vez na companhia combinada.

Ganhos com a sinergia

As negociações para a concretização do negócio começaram há tempos, entre Sanchez e João Alves de Queiroz Filho, o Junior, da Hypera. Segundo fontes, ambos veem grandes ganhos de sinergia no negócio. Essa otimização aconteceria com a concentração de produção em fábricas, negociação com fornecedores de insumos médicos e de embalagens, logística, bem como na distribuição.

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O efeito também poderia ser visto em pesquisa e desenvolvimento já que, nos últimos anos, as duas têm avançado nessa área. As sinergias viriam ainda da força de vendas. Hoje, as duas têm grandes equipes de propagandistas para visitar consultórios médicos e farmácias para emplacar seus produtos e poderiam também otimizar suas promoções.

A análise do Citi

Uma possível combinação de negócios entre a Hypera e a EMS pode trazer uma “série de vantagens”, resultando em um “portfólio atraente” e “redução de gastos”, com a criação de uma nova companhia que se consolidaria como líder do mercado farmacêutico com “ampla margem”, avaliam o Citi, em relatório.

Do ponto de vista de portfólio, o banco destaca que a união combinaria a força da Hypera em OTCs (medicamento isentos de prescrição médica) com um posicionamento também forte da EMS em genéricos. Além disso, traria uma série de oportunidades de criação de valor para as marcas, avaliam os analistas Leandro Bastos e Renan Prata.

Pelos seus cálculos, com a união, haveria uma redução de até 20% das despesas de vendas, gerais e administrativas da Hypera em três anos e custos únicos de integração de R$ 160 milhões. A estimativa é de que a nova companhia, se confirmada, teria Valor Presente Líquido (VPL) potencial de R$ 5 bilhões em VPL potencial, representando 11% do valor de mercado implícito.

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Apesar de prever diversas vantagens, o Citi pondera que as discussões sobre avaliação e/ou estrutura de um negócio deste porte geralmente não são simples e devem contar com desafios naturais para integração de diferentes culturas, canais e sistemas corporativos, por exemplo.

O Citi tem recomendação neutra para Hypera, com preço-alvo de R$ 31 para a ação, 18,50% acima da cotação de fechamento do pregão desta segunda-feira, 21. /Com Beatriz Capirazi e Danielle Fonseca

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